UNIVERSIDADE SALVADOR

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E ECONÔMICAS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM CONSULTORIA E PLANEJAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO
 
 
 
 

SINDICALISMO VIRTUAL: UMA POSSIBILIDADE REAL?
 

Por: Eduardo Bueno de Barros
Leandro Oliveira Carneiro



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Monografia apresentada como requisito
parcial para obtenção do bacharelado em
Ciências Sociais pela Universidade Salvador - UNIFACS
Orientador: Prof. ª Cleide Magali

 
 

SALVADOR / BAHIA
1999


SUMÁRIO

Introdução

Capítulo I
Globalização, Sindicatos e Internet: três elementos
para uma nova realidade

1.1 O Nascimentos dos Sindicatos
1.2 Os Sindicatos Brasileiros
1.3 A Internet
 

Capítulo II
Aportes Metodológicos
 

Capítulo III
Contextualizando os Sindicatos: os meios para
uma comunicação sindical

3.1 Comunicação Sindical – conceitos e meios de comunicação
3.2 A Televisão e o Rádio
3.3 Os Jornais
3.4 Os boletins
3.5 Outros Meios para a Comunicação
3.6 A Internet
 

Capítulo IV
O Real e o Virtual: a análise

4.1 As Home Pages
 

Considerações Finais
 

Referências Bibliográficas
 

Anexos

Anexo I
Anexo II
Anexo III
Anexo IV
Anexo V



 
DEDICATÓRIA
 
 

Aos amigos.




 
"Como todo jovem, sonhava eu ser, um dia, caçador, marinheiro, cocheiro, acrobata ou explorador do Pólo Norte. Mas o que mais queria mesmo era ser um mágico. Essa era a mais profunda, a mais acentuada inclinação de meus instintos. Eu sentia certa insatisfação com o que os outros chamavam de ‘realidade’ e a mim por vezes parecia apenas tola invenção dos adultos. Senti cedo certa recusa, ora angustiosa, ora divertida, em relação a essa realidade. Consumiam-me o desejo ardente de encantá-la, de a transmudar, de ir além dela." Hermann Hesse




 
AGRADECIMENTOS
 

Depois de uma longa jornada de trabalho e dedicação, vemos essa monografia como fruto especial dos esforços combinados de algumas pessoas que em muito nos incentivaram e tranqüilizaram em momentos de dúvidas e dificuldades. Entendemos que o desenvolvimento de qualquer  monografia, seja para graduação ou pós-graduação, envolve muito mais do que a mera construção de laços sociais no âmbito do tema tratado. Assim, aproveitamos para ressaltar o apoio e a cumplicidade de nossa professora orientadora Cleide Magali que em todos os momentos esteve atenta aos passos que dávamos. Agradecemos igualmente à professora e pesquisadora Ângela Borges que além de compartilhar de suas experiências com estudos do mundo do trabalho, em muito nos concedeu dicas e material à respeito do mundo virtual e a professora Raquel Mattedi, por ter nos presenteado com uma obra que nos possibilitou um conhecimento maior sobre o sindicalismo, bem como conselhos preciosos nas questões metodológicas. Ao pessoal dos sindicatos do SINDAE e Sindicato dos Bancários da Bahia, principalmente nas pessoas de Maurício Dantas, Elísio Nascimento Vieira, Sinval e Miguel Cerqueira que nos receberam sempre com muita disposição e simpatia. Aos internautas que colaboraram conosco na busca de informações e discussão sobre o tema, bem como a Ceci Marli, em ter sido tão paciente quando abusávamos da sua boa vontade. Por fim, agradecemos aos nossos pais e amigos pela força do dia-a-dia garantindo nosso desempenho e carinho necessários à vida do homem.




 
RESUMO
 

A presente monografia trata de uma nova relação envolvendo o campo das ciências sociais e da comunicação. Durante sete meses foram investigados dois sindicatos específicos ( Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia e o Sindicato dos Bancários da Bahia ) que estão localizados na cidade de Salvador, bem como presentes na Internet, a rede mundial de computadores, através de home pages. Buscou-se compreender de que forma os sindicatos investigados, ocupam e utilizam desta nova ferramenta da comunicação nas suas estratégias políticas de conquistas econômicas e sociais. Envolvendo estudos comparativos sobre as demais media e estes sindicatos baianos, procurou-se demarcar o contexto atual de políticas neo-liberais, que de certa maneira vem enfraquecendo progressivamente os movimentos sindicais.
 

ABSTRACT
 

The following monograph deals with a new relationship which involves both,  the social sciences and the communication fields. During the last seven months, two specific labor unions have been studied, namely: the Union of the Workers of the Water and Sewerage Systems of Bahia and the Union of the Bank Clerks of Bahia. Both these unions are located in the city of Salvador and present themselves in the Internet, the world-wide network of computers, through their homepages. The research aimed at understanding how these unions occupy and make use of this new tool of communication focusing on their political strategies to obtain economic and social gains. By performing comparative studies between other media and these Bahian unions, the researchers aimed at defining the current neoliberal local political context, which, in a certain way,  has been gradually weakening the syndical movements.




 
INTRODUÇÃO
 

O mundo vive em constantes mudanças, dentre as que mais têm causado impacto estão aquelas relacionadas às novas tecnologias de comunicação. O desenvolvimento destas tecnologias se evidencia através de seus efeitos/impactos que podem ser observados na própria organização da vida social, em seus mais diferentes campos culturais, como a política, a economia, o trabalho ou o entretenimento.

A presente monografia apresenta os resultados de um estudo naquilo que consideramos um campo das comunicações no mundo das ciências políticas.

Desta forma, o trabalho investigou o caráter potencial de uma nova tecnologia e  sua real contribuição para a disseminação de idéias que possam fortalecer o papel e a função das organizações sindicais. Para tanto, o trabalho teve como objetivo entender a relação entre política e Internet contendo-se aos aspectos da política de comunicação em relação aos movimentos sociais de ordem sindical. Em outras palavras, buscou-se concepções e estratégias de ocupação de um espaço virtual constituído na sociedade da informação, por um agente social específico: os sindicatos baianos.

Ao mesmo tempo,  esperamos que a investigação contribua especificamente para uma reflexão sobre as estratégias e políticas de comunicação sindicais através de tecnologias de informação, bem como para as  novas discussões em relação ao futuro dos sindicatos na conjuntura política e econômica atual, principalmente devido ao quadro de crise no qual se encontram os movimentos sociais de base. Verificam-se a intensificação das políticas de terceirização, de reengenharia, de maior fragmentação das bases operárias e medidas econômicas que forçam e culminam em altos índices de desemprego. A todos estes fatores, somam-se os problemas fundamentais da própria organização e da estrutura sindical, já que desde o seu início, no Brasil, manteve-se atrelada ao Estado.

Este interesse com relação ao uso da Internet pelos sindicatos advém não só pelo fato de que a rede virtual apresenta amplas possibilidades de contatos com demais correntes de pensamentos sobre a atual conjuntura global, mas adiciona-se o argumento de que é interessante observar de que forma e a quem os sindicatos pretendem atingir ao disponibilizarem suas idéias, já que a rede Internet possibilita o acesso tanto a partidários destes sindicatos, quanto a outras comunidades como advogados, médicos, sociólogos, estudantes, dentre outras, e organizações das mais diversas como ONG´s, governos, indústrias, hospitais, livrarias e supermercados.

Os sindicatos estudados foram o Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia (SINDAE) e o Sindicato dos Bancários da Bahia (SBBA). Os dois já encontravam-se presentes na rede virtual, disponibilizando suas informações através de endereços eletrônicos específicos, mediante suas home pages(1) . Quanto a escolha desses sindicatos como objeto de estudo, será melhor explicado nos procedimentos metodológicos que além de delinearem a pesquisa monográfica, auxiliaram na análise dos resultados obtidos.
 
 

CAPÍTULO I
GLOBALIZAÇÃO, SINDICATOS E INTERNET: TRÊS ELEMENTOS PARA UMA NOVA REALIDADE
 

Pouco se sabe sobre os impactos da Internet frente aos movimentos sindicais e de uma forma geral, sobre os movimentos sociais como um todo. Embora o enfoque dessa pesquisa englobe um estudo de caso da Região Metropolitana de Salvador, nota-se que antes de quaisquer respostas imediatas para o uso da Internet pelos sindicatos baianos que estão presentes na Rede, a realidade política e econômica que cerca essas entidades é completamente diferente daquela que víamos há quinze, vinte anos atrás com relação aos dos meios de comunicação até então disponíveis.

Um contexto envolvendo diversos países do mundo, principalmente no que tange aos atributos econômicos, vem agora delineando novas análises sobre a sociedade bem como gerando constantemente novos desafios para a vida social da mesma. O processo conhecido por globalização que inicialmente se firmou como uma nova dinâmica das trocas de mercadorias entre os países mais desenvolvidos, criou inúmeras transformações sociais, políticas e culturais. É importante tratar da globalização, não apenas como uma nova face do capitalismo, mas como uma conseqüência de fatos variados, entre eles, tecnológicos, que traz como importante representante, o surgimento de um novo meio de comunicação, a Internet. A globalização em si, é uma conseqüência do desenvolvimento do capitalismo, como nos mostra BALANCO (1999), pois “se o capitalismo abarca toda a sociedade, consequentemente se forma o mercado mundial. Ele tem um fundamento sistêmico, ele é totalizante. (...) A transformação do capitalismo é a dialética da globalização.(2)

Segundo ALCOFORADO (1997), embora características da globalização possam ser vistas ao longo do desenvolvimento do capitalismo ainda que de maneiras diminutas, o processo que originou esse fenômeno tão discutido, de uma integração mundial que se registra na atualidade, é resultado direto de cinco grandes acontecimentos.

O primeiro acontecimento considerado é o fim da Guerra Fria. De fundamental importância, para que o capitalismo pudesse englobar e criar novos mercados até então demarcados por uma barreira ideológica forte - o socialismo:

“Esse acontecimento propiciou a ampliação do sistema capitalista mundial, com a incorporação dos países do ex-bloco socialista do Leste Europeu. Alguns países socialistas remanescentes como, por exemplo, China e Cuba, abriram também suas economias ao capital estrangeiro visando sua expansão.” ( ALCOFORADO, 1997, p. 75 )
Até aqui um outro fator muito importante não pode ser deixado de lado que é a entrada dos países em desenvolvimento nesse processo mundial de integração. A necessidade de integrar esses países aos mais desenvolvidos decorre da própria sobrevivência do capitalismo em termos mundiais e não apenas de maneira global através da extinção das barreiras de proteção alfandegária, mas sim, de um capitalismo mundializado. E para tal integração do capital, sobretudo o financeiro, surgiram os chamados blocos econômicos como a União Européia, o NAFTA(3) , a APEC(4)  e o Mercosul, através da constituição da OMC (Organização Mundial do Comércio) e das novas regras aprovadas pelo GATT(5)  visando a liberalização da economia em torno do mundo.

O segundo acontecimento que fortaleceu o surgimento da globalização, segundo o autor “foi a exaustão do modelo de crescimento industrial que prevaleceu no pós guerra, baseado na produção de bens de consumo duráveis, com tecnologias altamente intensivas em capital, demandadoras de grande consumo de energia e poluidoras de meio ambiente.” ( id. Ibidem. p.76 )

Tal modelo de crescimento que pode ser melhor visto durante as décadas de 50, 60 e 70, e que ficou conhecido como a Era de Ouro (HOBSBAWN, 1994), exauriu-se e pode ser demonstrado pelo declínio das taxas de crescimento, bem como a produtividade dessa forma de capital e suas margens de lucros. Isso levou as empresas multinacionais a modificarem suas formas de gestão mediante a aplicação direta de novas tecnologias que visavam a elevação do nível de produtividade e dos lucros.

“A mudança do paradigma tecnológico tem consistido em basicamente na utilização, nos processos produtivos, das novas tecnologias baseadas na microeletrônica, na informática, nos novos materiais e na biotecnologia, produtos da Terceira Revolução Industrial em curso na atualidade. Esta mudança tem atingido grande impacto, principalmente nas áreas da eletrônica e das telecomunicações, as quais estão sendo aplicadas em grande escala a uma vasta gama de setores econômicos.” (Id. Ibidem. p.76 )
Aqui se destacam as mudanças das novas formas de paradigmas de gestão empresarial, com a substituição do então predominante modelo fordista de produção, para o modelo japonês, através de novos métodos como a qualidade total, a reengenharia e o just-in-time(6).  E é neste contexto que a figura das entidades sindicais aparecem com mais força, pois as mudanças de gestão trouxeram amargas conseqüências ao processo de produção brasileiro. Tais conseqüências serão discutidas com mais profundidade ainda neste capítulo.

O terceiro evento que fundamentou a globalização e que hoje encontra-se em rápido desenvolvimento, está relacionado à expansão dos mercados financeiros. Seu crescimento e desenvolvimento se dá de forma bastante significativa a partir do fim dos anos 70, principalmente devido as novas tecnologias de informação. Tecnologias estas que viriam a evoluir até os dias atuais na forma de pagers, aparelhos de fax, telefones celulares, e principalmente na figura da Internet que veio a ser a ferramenta estudada neste trabalho científico aqui explanado, bem como seu uso pelas entidades pesquisadas.

O quarto fator que contribuiu decisivamente para o fenômeno da globalização diz respeito a mundialização das atividades através das empresas multinacionais, seja no setor de manufaturas ou no de serviços:

" A expansão dos mercados financeiros e da economia 'real' foi estimulada pela desregulamentação e pelas novas tecnologias da informação. A globalização das atividades das empresas multinacionais reforçou, em alguns casos, a concorrência global entre elas e, em outros, a cooperação com o estabelecimento de alianças para enfrentar a concorrência. Além disso, contribui para a globalização da demanda em vários setores acentuando, desta forma, a globalização da concorrência.” (Id. Ibidem. p.77 )
Essa concorrência globalizada culminou na descentralização da produção, em que um produto agora tem na sua constituição, diversas origens até a sua forma final. Para SANTOS (1996),  isso decorre porque o processo global pode trazer à tona, das empresas multinacionais principalmente, “vantagens” até então inexploradas:
“Cada combinação tem sua própria lógica e autoriza formas de ação específica a agentes econômicos e sociais específicos. (...) Os lugares se distinguiram pela diferente capacidade de oferecer rentabilidade aos investimentos. Essa rentabilidade é maior ou menor, em virtude das condições locais de ordem técnica (equipamentos, infra-estrutura, acessibilidade) e organizacional ( leis locais, impostos, relações trabalhistas ).” (SANTOS , 1996, p. 198 )
Ou seja, existe em torno das políticas neo-liberais da globalização, uma busca cada vez mais acentuada por localidades que eventualmente ofereçam além de melhores condições de infra-estrutura, mão-de-obra barata e abundante. Dessa maneira, procura-se atrair uma maior quantidade de investimentos através de concessões fiscais e vantagens de custos como podem ser vistas no caso do Brasil na disputa entre os Estados para a instalação de complexos industriais. Cria-se dessa maneira, não uma disputa local, mas global, pois a tendência de tal comportamento na busca de investimentos e lucratividade é a queda gradual dos salários da mão de obra envolvida e o afrouxamento das regulações formais de trabalho conquistadas pela classe operária historicamente.

E, como último fato que está diretamente ligado ao surgimento da globalização e de suas conseqüências mais diretas estão as ameaças ecológicas em torno do globo, como o crescimento populacional, o aquecimento do planeta e a procura por uma política de desenvolvimento sustentável(7), que possa garantir através de uma gestão racional dos recursos naturais a continuação da vida terrestre.

Na realidade brasileira, a ascensão do então presidente Fernando Collor significou a iniciativa de implementação de políticas liberais na economia do país através da “privatização de empresas estatais, a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro, a política de livre negociação salarial, a desregulamentação no plano econômico, entre outras medidas, foram proclamadas pelos seus defensores como o caminho que levaria o Brasil à modernidade.” (ALCOFORADO, op. Cit. p. 109)

Tais políticas adotadas pelo governo da época e aprofundadas no governo de Fernando Henrique Cardoso, resultaram em danos para o país porque provocaram a desorganização da economia brasileira e o aprofundamento da desagregação social.  Uma economia regulada pelo livre-mercado não pareceu, mesmo que ainda hoje seja esta a tendência, amenizar a crescente disparidade sócio-econômica do país:

“Os fatos estão demonstrando que o liberalismo econômico posto em prática pelo governo Collor se constitui, ao contrário do que apregoava, em retrocesso para o Brasil, da mesma forma que representa uma posição retrógrada defender o seu oposto – o dirigismo absoluto da economia pelo Estado.”
(Id. Ibidem. p. 109)
No Brasil, com a abertura econômica aos produtos importados, os efeitos foram ainda piores, já que o mercado interno fora invadido por mercadorias de melhores qualidades e com preços competitivos em relação aos que eram praticados por grande parte da indústria brasileira. Aliado a isso, a abertura condicionou as empresas nacionais, a competirem com empresas multinacionais em um quadro amplamente desfavorável tecnologicamente.

Em detrimento da produção nacional, muitas indústrias (principalmente as de pequeno e médio porte), que não possuíam reserva tecnológica suficiente para competir dentro desse novo mercado que passou a se formar, se viram entre as seguintes opções: a falência ou demissão de funcionários. Muitas dessas empresas foram forçadas a sair do mercado, outras terminaram por seguir a segunda opção numa “lógica” desesperada, procurando diminuir ao máximo seus custos e investir progressivamente em máquinas que pudessem aumentar consideravelmente sua produção, podendo desta forma retornar ao mercado de maneira mais competitiva.

Como se nota, o quadro atual de um mundo globalizado controlado por políticas de cunho neo-liberal revela uma nova forma de realidade em que os movimentos sociais, de forma geral, encontram desafios a serem superados em nome de transformações nas questões econômicas e sociais. Segundo BALANCO (1999), as políticas neo-liberais consistem em, “livre movimentação financeira e remoção das barreiras alfandegárias, privatização das estatais, emprego do capital especulativo, sobrevalorização da moeda nacional e ataque ao regulamento do trabalho.

A política neo-liberal em sua essência, “enfatiza a subordinação das economias nacionais ao processo de acumulação de capital a nível global comandado pelas empresas transnacionais, o fim da soberania nacional e a prevalência das leis de mercado sobre o direito dos povos...” (ALCOFORADO, op. Cit. p. 85)

No que se refere aos movimentos sociais, o sindicalismo que vive esta transformação diretamente dessa nova “realidade global” é um dos elementos da sociedade que mais tem vivido de forma intensa as problemáticas originadas pela globalização, pois estão integrados diretamente ao processo produtivo do capitalismo. Assim demonstra abaixo um dos sindicalistas entrevistados:

“O movimento sindical no mundo e também no Brasil, consequentemente na Bahia, reduzindo pra Salvador, é afetado pelo processo de reestruturação, modernização e globalização, (...) é o neoliberalismo, que é o dono desse projeto todo que tá aí. Chega na informática, chega na reestruturação na fábrica, chega na passagem das empresas estatais para o capital estrangeiro...” (Diretor de Formação, SINDAE)
Vê-se que o modo de produção capitalista, transformado por políticas econômicas neo-liberais, está pouco atrelado às regras de controle nacionais. O Brasil, caracterizado como um país em vias de desenvolvimento, vive uma situação complexa onde tem que atenuar um elevado índice de injustiça social ao mesmo tempo em que vive uma recessão interna e tenta atrair o capital estrangeiro a fim de que reanimem os investimentos econômicos. O setor mais afetado é o do trabalho e a história dos sindicatos mostra bem isso.
 

1.1 O Nascimento dos Sindicatos

Da mesma maneira que os impactos da globalização trouxeram profundas mudanças na vida das sociedades atuais, um outro fenômeno condicionou o surgimento dos sindicatos. Com o impacto causado pela Revolução Industrial na Inglaterra no século XVIII, as relações de capital e trabalho passaram a ser cada vez mais conflituosas. Este fato é originado do intenso processo de mecanização que surge nas fábricas, contrapondo-se à origem de muitos trabalhadores cuja natureza produtiva era baseada na manufatura, segundo SELIGMAN (1944, p. 483), quando a autora cita Marx, ao dizer que, “na manufatura, os trabalhadores são membros de um mecanismo vivo. Na fábrica, eles se tornam complementos vivos de um mecanismo morto que existe independente deles”.

Ao certo, com a Revolução Industrial houve uma fragmentação do trabalho, uma intensificação do ritmo e um maior controle sobre os desempenhos dos trabalhadores, ocorrendo assim uma desqualificação generalizada do trabalhador que, através do desemprego causado pela mecanização dos postos de trabalho e do esvaziamento de suas experiências profissionais, enxergou a necessidade de se organizarem contra esta nova concepção de trabalho. Com as máquinas, intensificou-se a divisão social do trabalho, perderam-se ao longo do tempo muitas tradições, muitos dos aspectos solidários e coletivos típicos de comunidades manufatureiras pré-capitalistas, que uniam e constituíam inúmeras pessoas com base, para citar um termo durkheiminiano, em uma solidariedade mecânica.

Sendo assim, essas transformações iniciais, atreladas ao crescente processo de industrialização que se segue em anos posteriores, não só consolida o modo de produção capitalista, mas criou, sobretudo, um excedente de mão-de-obra substituído gradativamente pela máquina.

“O maquinismo desenvolveu-se prodigiosamente, tornando-se mesmo uma lei imperativa para os fabricantes capitalistas na concorrência que faziam entre si (...) porém, o emprego da força mecânica e das máquinas nos novos ramos industriais, assim como a utilização de máquinas mais avançadas em ramos já mecanizados, deixaram sem trabalho um grande número de operários.” (ANTUNES, 1985, p.10)
Dessa forma, cria-se uma pressão contra o valor da oferta de mão de obra, refletindo diretamente no decréscimo dos níveis salariais devido, em grande parte, ao exército industrial de reserva, ou seja, à mão de obra excedente. Com a queda dos salários, os trabalhadores procuram, em meio às suas próprias organizações, uma base de resistência eficaz contra essa constante onda de desvalorização da mão de obra e precarização dos postos de trabalho.

É a partir desse momento que surgem os primeiros sindicatos nos países mais industrializados da Europa. Eles nascem dos esforços da classe operária na sua luta contra o despotismo e a dominação excessiva do capital. Os sindicatos são associações criadas pelos trabalhadores para sua própria segurança, em prol de conquistas como jornadas de trabalho menos extenuantes e um mínimo salarial para a sobrevivência de seu sustento e da sua família. Com a maquinização do processo produtivo, soergueu-se uma extrema individualização como efeito direto da maior fragmentação do trabalho. A sindicalização, portanto, foi um importante meio associativo daqueles trabalhadores que compartilhavam da mesma situação, já que “o sindicato, ao tornar-se representante dos interesses de toda a classe operária, conseguiu agrupar em seu seio todos os assalariados que não estavam organizados, evitando que o operário continuasse sua luta isolada e individual frente ao capitalista.” (Id. Ibidem. p.13)
 

1.2 Os Sindicatos Brasileiros
 

Embora com objetivos comuns, os sindicatos brasileiros tiveram uma origem diferente dos sindicatos que viviam mais intensamente o processo industrial em outros países. No Brasil, a origem dos sindicatos está intimamente ligada ao Estado (ANTUNES, 1985). Antes, contudo, de tal regulamentação, o sindicalismo brasileiro sofreu grandes influências do anarquismo, principalmente sob a figura do imigrante italiano que trazia consigo já uma base de organização operária. Esta posição de dependência a um órgão do Estado que dá início na década de trinta a um novo tipo de sindicalismo, no entanto, contribuiu de forma bastante desfavorável para o fortalecimento e real efetivação reivindicatória destas Instituições. Este é um ponto bastante discutido nas relações trabalhistas brasileiras e aqui é enfatizado por GIANOTTI (1987, p. 36), já que,“ a fraqueza do sindicalismo, sua dependência com relação ao Estado são traços de origem e que hoje marcam ainda o movimento sindical brasileiro. Consequentemente, o poder dos sindicatos enquanto influenciadores externos tem sido pequeno entre os vetores do poder.

Tendo por base um artigo de DRUCK (1997), pode-se notar que as experiências vividas pelos sindicatos brasileiros e principalmente os do Estado da Bahia os tornaram excelentes laboratórios de análise para as mudanças históricas que tais entidades testemunharam ao longo dos anos, mais especificamente, a partir da década de 70:

"A crise do fordismo periférico no Brasil está associada ao esgotamento de um modelo de industrialização – “substituição de importações” – e foi aberta no final dos anos 70. O padrão fordista aqui implementado assumiu um caráter fortemente excludente, à medida em que incorporou segmentos relativamente reduzidos ao mercado de trabalho e de consumo. (...) O estado assumiu um papel fundamental – baseado na força e coerção – para impor o padrão fordista de produção." (DRUCK, 1997, p. 117)
Com a crise do fordismo que se nota a partir da década de 70, não só um processo de produção esgota-se mas concomitantemente, a figura do Estado entra em decadência neste processo econômico:
"No plano político, a estrutura sindical brasileira que se ergue no pós-30, impede a existência de um movimento sindical independente. Nesta medida, o atrelamento dos sindicatos ao Estado e a intervenção estatal policialesca nos movimentos sociais substituíram o pacto social e a busca pela “adesão” dos trabalhadores a esse novo padrão de desenvolvimento capitalista no Brasil. (...) Assim, a crise do fordismo se confunde com a crise do Estado brasileiro. Esgota-se um padrão de desenvolvimento em que o financiamento público sustentou a industrialização e a implementação de setores de ponta da economia, a exemplo da indústria automobilística." (Id. Ibidem. p. 117)
Como conseqüência desse período, o Brasil termina por entrar na década de 80, com uma crise política e econômica extremamente graves. As heranças decorridas da crise do fordismo até então, culminam numa década de recessão econômica a qual ficou conhecida como a ‘década perdida’, visto que “(...) na década de 80, a instabilidade econômica provocada essencialmente pelo endividamento externo e interno do Estado, expressou-se em ondas recessivas e num processo inflacionário crônico e galopante."  (Id. Ibidem. p. 117)

No que concerne aos problemas políticos, estes acentuaram-se no Estado brasileiro mediante o fortalecimento dos movimentos sociais, principalmente através das entidades sindicais:

"Nessa época, a crise política se acentua, pois foi o período das grandes mobilizações sociais, da reorganização da sociedade civil, e principalmente, de um movimento sindical forte, em que se constróem centrais sindicais fortes e novos partidos operários."  (Id. Ibidem. p. 118)
Como se vê, as décadas de 70 e 80 tiveram um contexto sócio-econômico que difere em alguns pontos da atual década. Nos anos 90, a luta dos sindicatos se dá principalmente com relação aos novos processos de gestão de produção, como é o caso do modelo japonês, em que traz dentro de si um dos principais efeitos de desagregação da base sindical, a terceirização. Esta é uma dimensão central do modelo japonês no Brasil dos anos 90, em que procura na sua adoção “garantir os níveis de produtividade e de redução de custos alcançados pela indústria japonesa. No caso brasileiro, ela tem sido amplamente danosa para os trabalhadores e a sociedade em geral." (Id. Ibidem. p. 120)

O depoimento de um dos entrevistados sobre o quadro da situação da terceirização em uma das empresas filiadas ao Sindicato de Águas e Esgotos da Bahia (SINDAE)  atingidos por essa investigação, reafirma o pensamento de DRUCK (1997):

“Terceirização é um problema na EMBASA. Porque desemprega. Por exemplo, o sindicato conseguiu  nesses anos um acordo único, o último acordo coletivo, acho que foi em 1992, onde a gente tinha abordado com a empresa as vantagens que a nível de empresa estadual, a gente tinha salário bom, tinha assistência médica...tudo isso a EMBASA cortou desde 1992, não paga isso ao seu trabalhador, então você deve imaginar o número de ações que estão na justiça hoje dessas pessoas reivindicando esses direitos que foram cortados. Então o nível de salário, por exemplo, de um trabalhador hoje na EMBASA, é um nível bom, era do bom com relação ao mercado.  O que é que a EMBASA faz então, começa a demitir as pessoas, aposenta, e aí vai terceirizando. Por exemplo, a maioria dos serviços de leitura de hidrômetro, o cara vai lá e conta, que era feito por funcionário, é terceirizado. O cara que vai lá e troca o seu hidrômetro, que era feito por funcionário, é feito por terceirizado hoje. Então uma série de problemas em decorrência disso, os caras lêem errado, os caras instalam errado. Às vezes quando eles botam aquilo, a maioria das pessoas não sabem, eles colocam, aí ele dá entrada de ar naquele hidrômetro que conta como se fosse contagem de água.  Você tá pagando às vezes um valor de consumo de água que é irreal, e ninguém sabe.  Então é essas coisas... que você começa a tirar as pessoas especializadas, treinadas, aptas a fazer o serviço e coloca pessoas... que você sabe, que serviço especializado, o cara tá desempregado qualquer coisa o cara vai fazer. Então são pessoas que não têm um treinamento e nem as empresas que prestam serviço se preocupam com isso.  Pagam mão de obra barata e cobram da empresa caro.” (Sindicalista, SINDAE)
Como principal aspecto negativo, a terceirização, no que concerne o seu âmbito político, tem afetado diretamente os planos da ação coletiva, na medida em que tem sido o meio pelo qual o capital consegue cada vez mais fragilizar as representações e as práticas sindicais, reforçando assim as identidades corporativas em prejuízo das identidades de classe. Enfraquece, consequentemente, os laços de solidariedade entre os trabalhadores que já vivem sob a ameaça do desemprego e provoca, por fim, a desunião.

A luta dos sindicatos contra a terceirização não é nova. Mas nos últimos anos, os acordos coletivos, em várias categorias de trabalhadores, revelam que as cláusulas associadas à terceirização destacam o problema da mão-de-obra temporária e a desregulamentação dos contratos de trabalho.

Em linhas gerais, os principais pontos destacados na análise da terceirização para os sindicatos são os seguintes:

"No caso na Região Metropolitana de Salvador (RMS), as características estruturais do mercado de trabalho e as dificuldades de ação coletiva, do movimento sindical e social organizado, se tornam ainda mais problemáticas, com a desestruturação e a desintegração da força de trabalho provocadas pelo processo de terceirização. Situada na região Nordeste, onde se radicalizam as linhas gerais da estrutura e das formas de trabalho típicas do Brasil, é possível afirmar que a Bahia, ao viver hoje os resultados concretos dessas práticas de gestão, pode ser considerada como referência para as tendências que já se anunciam em outras regiões do país, inclusive na mais desenvolvida, como é o caso de São Paulo." (DRUCK, op. Cit. p. 120)
Portanto, a nova face do capital através do processo da globalização modificou as relações de trabalho criando maneiras distintas de interação não só entre as empresas, mercado e trabalhador, mas ao mesmo tempo em que vem desenvolvendo a extinção de laços antigos conquistados através das leis trabalhistas. As estratégias e políticas sindicais modificaram-se ao longo do tempo e acompanharam de perto este processo de globalização. A comunicação sindical, contudo, desempenha um papel fundamental quando da origem das primeiras manifestações de trabalhadores. Responsável pela organização e informação de todo um grupo, a comunicação sindical é esclarecedora e aglutinadora.  Da mesma forma que o capital se envereda diferentemente nas relações sociais, devem os processos e políticas de comunicação dos sindicatos acompanhar a evolução dos diversos meios e ferramentas para esta comunicação. Tais políticas devem preocupar-se, de antemão, com a real efetivação de seu propósito, ou seja, manter um grau de comunicação necessário para a conquista de seus direitos e até de sua própria sobrevivência enquanto Instituição. A Internet, como uma dessas ferramentas,  representa a tecnologia mais moderna dos tempos atuais nas telecomunicações. A comunicação sindical e o papel da Internet são assuntos para o capítulo três, no entanto, vale aqui recapitular um pouco da história desse meio interligado por redes virtuais de comunicação.
 

1.3 A Internet
 

Obviamente, quando surgiu, a Internet não era o que é hoje - formada por centenas de conexões de redes mundiais. Ela teve um início humilde - mas muito interessante - como apenas uma rede, denominada ARPANET, que é considerada a “Mãe da Internet”. A ARPANET surgiu em 1969 como uma experiência do governo dos Estados Unidos em redes com comutação de pacotes. A ARPA, Agência de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos Estados Unidos (que posteriormente passou a se chamar DARPA), no início permitia que os pesquisadores acessassem centros de computação, para que eles compartilhassem recursos de hardware e software(8), como espaço em disco, bancos de dados e computadores.

Outras redes experimentais que utilizavam ondas de rádio e satélite foram conectadas a ARPANET através de uma tecnologia de interconexão criada pela DARPA. No início da década de 1980 a ARPANET original foi dividida em duas redes, ARPANET e MILNET (uma rede militar), mas a comunicação continuou sendo feita devido às conexões. Em princípio essa interconexão de redes experimentais e comerciais foi denominada DARPA Internet, mas depois a forma reduzida “Internet” passou a ser a denominação mais comum.

Nos primeiros anos, o acesso a ARPANET se limitava à empresas ligadas à defesa militar e à universidades que faziam pesquisas militares. No final dos anos 80, mais redes coordenadas, como CSNET (Computer Science Network) e a BITNET, começaram a oferecer conexões em âmbito mundial para as comunidades acadêmicas e de pesquisa. Essas redes não faziam parte da Internet, mas posteriormente foram criadas conexões especiais para permitir a troca de informações entre diversas comunidades.

“A comunidade Internet está se expandindo não só em números mas em termos de aplicação. A Internet sempre foi e sempre será uma parte importante da comunidade de pesquisa e desenvolvimento.(...) Uma rede que um dia foi exclusivamente utilizada por pesquisadores agora também é freqüentada por universitários, ativistas políticos, fazendeiros, bibliotecários, jornalistas, entre outros.” (LAQUEY, 1994, p.11)
Em resumo, a Internet permite que se tenha acesso ao um número maior de pessoas e a um volume muito maior de informações mais rapidamente do que se é capaz de imaginar. É possível acessar catálogos on-line (na rede) das principais bibliotecas acadêmicas e de pesquisas do mundo, onde pode-se desenvolver todo um campo voltado às diferentes idéias e no qual as pessoas tem acesso na medida de seus interesses.
“Atividades de ramos os mais diversificados, como o mercado de compra e venda, o marketing publicitário, divulgação de produtos e idéias, trocas de informação, consultas (inclusive médicas), estas e outras estão disponíveis e em constante crescimento nesta rede que atinge já mais de 65 milhões de pessoas e consumidores.” (ALMANAQUE ABRIL CD-ROM. São Paulo, 1997 )
É dentro deste parâmetro de desenvolvimento dos espaços de comunicação, principalmente por se tratar de uma comunicação via satélite e com características iminentemente expancionistas, que se questiona a sua importância aos movimentos sociais, tal como os sindicatos. Desde as primeiras ondas e ligações por telégrafos, com os rádios, com as televisões, com os computadores e telefones celulares, é diante desta proliferação mundial deste meio de comunicação que deve-se buscar uma compreensão da maneira pela qual a organização sindical no Brasil, mais especificamente aquelas cujas sedes encontram-se na cidade de Salvador, se comportam em face desse desenvolvimento.

As interações que serão enfatizadas no capítulo três decorrem de um dos fatores, já expostos inicialmente neste capítulo, que contribuiu de perto na origem do processo de globalização e que vem sendo discutido, embora de maneiras distintas, por autores como IANNI (1996), ALCOFORADO (1997) e SANTOS (1997), que são as tecnologias da informação. Apontando conceitos chaves como comunicação sindical, comunicação virtual  e midiática à uma análise reflexiva atual dos sindicatos estudados, busca-se traçar um perfil das estratégias de políticas de comunicação sindical de dois sindicatos baianos, selecionados para estudo, principalmente em sua relação com a Internet, tendo como linha de referência, toda a abordagem contextual de políticas neo-liberais anteriormente discutida.
 
 

CAPÍTULO II
APORTES METODOLOGICOS
 
 

A temática envolve um foco de análise que por se tratar inexoravelmente de um campo de investigação por demais recente mostra-se sobretudo instigante, por envolver áreas do conhecimento ao mesmo tempo tradicionais e modernas, como as políticas do mundo do trabalho e a socialidade(9) no mundo virtual.

A própria escassez de trabalhos acerca do tema remete a pesquisa à necessidade de ampla investigação em torno da construção de um conhecimento mais abrangente sobre o tema que parece, acima de tudo, caracterizar-se de forma multidisciplinar envolvendo áreas como a ciência política, a ciência de comunicação e a sociologia. Dessa forma, embora os elementos que constituem o tema  possuam origens diferenciadas, a pesquisa de caráter interdisciplinar, “se caracteriza por abordar temas que podem ser estudados nos mais diferentes campos das ciências sociais.” ( LAKATOS & MARCONI, apud. PARDINAS, 1977, p. 159).

Seguindo essa linha da interdisciplinariedade, o modo de investigação mais pertinente pareceu-nos o Estudo de Caso que se caracteriza por recorrer à técnicas variadas de coletas de informação, como entrevista e análise documental, de forma que seja possível apreender a totalidade de uma situação. Uma das características muito atribuída ao Estudo de Caso, é a questão de que em muitas vezes, tal método termina por ser levado a um “dataísmo”, ou seja, os dados falam por si. Eliminando dessa forma teorias e hipóteses, generalizando aquele caso estudado aos demais existentes. Este “modo de proceder leva a centralizar o estudo de caso em preocupações pragmáticas, sem examinar sua pertinência e sem perceber as implicações conceituais e os limites que elas impõem à análise.” (BRUYNE, HERMAN e SCHOUTHEETE, 1991, p. 226)

Os estudos de casos devem seguir uma rigidez, levem o pesquisador a obter suas conclusões. Diminui-se as possibilidades de limitação da generalização dos casos estudados:

“Os estudos de caso rigorosos não devem se limitar a uma descrição, por mais documentada que seja, mas apoiar-se em conceitos e hipóteses; devem ser guiados por um esquema teórico que serve de princípio diretor para a coleta dos dados.” (BRUYNE, HERMAN e SCHOUTHEETE, op. Cit. p. 227)
As considerações finais, bem como os demais capítulos que remetem as outras análises sobre o uso da Internet pelos sindicatos, demonstraram que a generalização seria uma atribuição errônea que praticamente inviabilizaria um conhecimento mais profundo sobre o tema proposto. De certa maneira, algumas peculiaridades podem ser notadas em ambas entidades, mas com o desenvolvimento do trabalho que se seguiu, a base de hipóteses bem como teorias sobre aspectos ligados principalmente à comunicação sindical, forjaram um forte alicerce para construção desse trabalho em específico:
“Os estudos de casos baseados numa teoria e referentes a um objeto de conhecimento que dela decorre diretamente tendem a testar a validade empírica de um sistema de hipóteses metodicamente construídas com vistas à prova experimental. O modo de investigação torna-se um campo de controle empírico para testar o valor das proposições teóricas.

A determinação do quadro teórico é claramente mais exigente aqui e requer a definição precisa dos níveis de análise, o recurso a conceitos gerais e a construção de variáveis suscetíveis de observações rigorosas. Este tipo de estudo pressupõe a separação entre o acidental e o essencial no caso analisado e a descoberta de fenômenos mais típicos do que únicos.” (Id. Ibidem. p. 227)

O estudo de caso possibilitou portanto, o conhecimento de outras características que essa nova relação Internet-Sindicatos pode revelar, principalmente na figura de duas entidades que, ocupam áreas diferenciadas do mundo do trabalho. Para que pudéssemos compreender como se dava o processo de ocupação na rede virtual por parte dos sindicatos baianos, duas técnicas de pesquisa foram de fundamental importância: a análise de conteúdo das home pages e entrevistas com os informantes chaves de cada sindicato.

A análise de conteúdo surgiu como método e técnica complementares às entrevistas.  Por si só, tal método tem se caracterizado por uma certa confusão entre seu objeto e sua utilidade.

Para CARMO-NETO (1996, p. 401), “os mais extremistas acreditam que a coisa mais importante da análise de conteúdo é o fato dela num primeiro momento, nada acrescentar de especial e, posteriormente, não ser nem um pouco relevante.”

Contudo o próprio CARMO-NETO (Id. Ibidem. p. 402) afirma que, “o talento ou virtude da análise de conteúdo eram então transferidos do seu objeto para o produtor da análise. (...) A análise de conteúdo busca a essência da substância de um contexto nos detalhes perdidos no meio ou entre os dados disponíveis.”.

Ao relacionar os dois sindicatos referidos ( SINDAE e Sindicato dos Bancários da Bahia ) à maneira como ocupam o espaço virtual na Internet, através das home pages, estamos lidando com um universo de interação e de imagens, sons e palavras de natureza extremamente “flexível”, mas cujo tipo de informação se mantém intrínseco e constante à cada sindicato. Ao incluírem um novo meio de comunicação, no caso, a Internet, as concepções de tipos de informações e como estas são colocadas, organizadas e intercambiadas, dependem de uma lógica funcional da rede que evolui muito rápido, mas que porém, exige em sua natureza uma nova “formatação” que pode incluir desde textos e imagens até sons. Tem-se, no entanto, um novo espaço de articulações que proporciona movimentações distintas e que caracteriza-se, sobretudo, por sua neutralidade. Isto quer dizer que, cada sindicato expõe livremente a sua imagem, seus ideais e suas pretensões neste espaço que lhes é inteiramente independente.

A análise de conteúdo portanto, em relação a maneira como os sindicatos incorporam-se na Internet, é uma técnica de pesquisa para a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação (RICHARDSON, 1985), que eles exercem neste novo espaço, cuja característica principal é a virtualidade. Para tanto, foram analisadas as formas de adequação no espaço virtual (utilização de técnicas e ferramentas oferecidas pelo meio), os níveis de criação ou recriação em uma nova realidade e o grau de interatividade ao estarem dispostos na Internet.

Já a entrevista é um dos procedimentos mais eficientes da pesquisa científica. Trata-se de “(...) um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.” (LAKATOS; MARCONI, op. Cit. p. 84). Por se tratar de uma conversação face a face e de maneira metódica, a entrevista geralmente proporciona àquele que usa dessa técnica, a informação necessária.

Existem vários tipos de entrevistas e as formas de uso variam de acordo com a necessidade do pesquisador. No caso específico desta pesquisa, que enfatiza a adoção da Internet nas políticas de comunicação das entidades sindicais, estabeleceu-se o uso das entrevistas de caráter semi-estruturada. A consistência desse tipo de entrevista está baseada na flexibilidade do entrevistador em determinar a direção que a mesma deva ser seguida, pois “o entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente uma questão. Em geral as perguntas são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversação informal.” ( Id. Ibidem. p. 85 )

Devido à própria escassez de tempo para a pesquisa e o acesso limitado a um dos sindicatos estudados, a entrevista, embora apresente certas limitações, como ocupar o tempo do entrevistado, necessitou de uma seleção elaborada daqueles que foram definidos como “informantes-chaves”. Aqueles que denominamos de informantes-chaves, são as pessoas melhores localizadas dentro de uma cadeia de trabalho e/ou aquelas que estão diretamente relacionadas ao tema investigado. Não se deve esquecer de que as entrevistas, mesmo com informantes-chaves, mostram dúvidas e oscilações no discurso. Isto talvez ocorra porque as entrevistas de caráter um tanto intimistas e feitas descontraidamente, nesse aspecto, podem levar os entrevistados a sentirem-se mais à vontade para expressar suas vontades, desejos e o que eles consideram como limitações em suas práticas cotidianas. Assim sendo, situações de divergência ou até de certeza de alguma coisa que verificou-se incerta podem ocorrer. A partir de uma análise comparativa do dados coletados verbalmente e dos dados estudados através das análises de conteúdo das home pages, construíram-se determinadas conclusões.

Dessa forma, concretizaram-se um total de três entrevistas, sendo que duas foram realizadas com pessoas que tinham a mesma função, ou seja, estavam diretamente ligadas ao setor de comunicação ou imprensa e ao aporte tanto técnico como ideológico das home pages estudadas. Uma terceira entrevista foi necessária no sindicato de Águas e Esgotos da Bahia (SINDAE) que por se tratar de um sindicato cuja formação é recente (1986) e com poucos recursos, não tinha qualquer publicação sobre a sua história e experiências passadas. Para tanto gravou-se uma entrevista com membros e diretores reunidos a fim de que se pudesse agregar o máximo de informações a respeito de dados históricos desta entidade.

As entrevistas, de caráter semi-estruturado, visaram os aspectos concernentes à história da comunicação sindical de cada entidade, os meio atuais de comunicação e a devida importância a cada um deles. Buscaram focalizar a opinião que têm a respeito da Internet e os objetivos de alocarem páginas na rede. Questionou-se igualmente suas expectativas com relação à disponibilização de páginas na Internet, e quais as conclusões ou efeitos obtidos após certo tempo de experiência. Buscou-se também, em certa medida, questionar o papel das políticas de comunicação sindical das entidades estudadas no âmbito das políticas sócio-econômicas governamentais de cunho neo-liberal.

Inicialmente, um terceiro procedimento seria incorporado à investigação, o uso dos formulários. Contudo ao investigar as políticas de comunicação sindical e o uso da Internet tornou inviável a obtenção de amostras confiáveis para o uso dos formulários, visto que além de ser um meio de comunicação recente, as próprias entidades sindicais não possuem qualquer controle de ordem numérica dos filiados no que diz respeito ao uso da rede, como comprovado no depoimento abaixo:

“Não chega a 5%. Porque a nossa maior (...), a nossa base mesmo de trabalhadores é o operador, é o cara que tá cavando buraco na rua. Então a gente tem as pessoas de nível universitário na EMBASA, as pessoas que estão trabalhando no administrativo, essas sem têm acesso à Internet, mas infelizmente são aquelas pessoas que tem pensamentos antagônicos ao que a gente faz, entendeu, não concorda... Então, por isso seria uma parte dessa categoria que não estaria (...), teria o uso da Internet, que  tem acesso ao mecanismo, à informação, mas não estaria utilizando a nossa informação. Então nossa informação é basicamente para o público e não para os nossos trabalhadores. A gente não consegue atingir nossos trabalhadores via Internet. A gente tenta atingir a sociedade.” ( Sindicalista, SINDAE )
Apesar de o Sindicato dos Bancários da Bahia afirmar ter mais de 10% de seu contingente sindical ligado à rede, não nos forneceu números pesquisados e nem comprovados. Esta questão ficou à cargo da visão geral que expunham até porque não há ainda um meio eficaz de identificação daqueles que acessam às páginas em rede. Quando perguntado sobre um balanço numérico das pessoas que acessam a página do Sindicato dos Bancários da Bahia e quem seriam estas pessoas, o diretor de imprensa afirma:
"Nós recebemos alguns e-mails de bancários. Eu não tenho esse número. Eu acredito que fazem uso da Internet porque inclusive o perfil da categoria bancária, é um perfil de jovens (...). É aquele cara que tá no banco enquanto ele não faz um curso de nível superior (...),  e os bancários dos bancos da rede pública, dos bancos federais, eles têm uma vida mais estabilizada, em sua grande maioria já fizeram faculdade, então essa turma aí tem acesso à Internet pelos bancos e porque tem um padrão de vida mais razoável. E dos bancos privados, eles procuram a Internet pra buscar informações pra se preparar pra vida. Então eu acho que no caso da categoria bancária muitos utilizam a Internet." (Diretor de Imprensa, SBBA)
Nota-se desde já que a visão que têm do público que acessa suas páginas em muito influenciou na maneira pela qual disponibilizam e constróem suas home pages na rede. Através dos métodos supracitados, recolheram-se informações bastante úteis para a posterior análise e reflexão sobre uma possível tendência de ter na Internet mais um instrumento de política de comunicação sindical.
 
 

CAPÍTULO III
CONTEXTUALIZANDO OS SINDICATOS: OS MEIOS PARA UMA COMUNICAÇÃO SINDICAL
 
 

Neste capítulo abre-se um espaço para se contextualizar os sindicatos referidos nessa investigação científica. Tal fato deve ser atribuído a importância de ambos para a sociedade baiana e claro, a presença única deles na Internet.

Utilizando-se dos sistemas de busca da rede, tais como CADÊ?, AONDE e ALTAVISTA, apenas duas entidades sindicais baianas foram localizadas na Internet, embora a cidade de Salvador possua um grande número de sindicatos. No caso em questão, os únicos a serem encontrados foram o Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia (SINDAE) e o Sindicato dos Bancários da Bahia (SBBA). A presença dessas instituições foram comprovadas através das home pages alocadas à rede e que hoje incorporam-se como via de comunicação na vida política das mesmas.

Os dois sindicatos possuem em sua base uma grande quantidade de trabalhadores. Se somarmos todos os seus filiados, obtém-se um número de cerca de quinze mil trabalhadores, embora tal número venha sendo diminuído gradualmente. A importância dos mesmos para a sociedade baiana está intimamente relacionada às categorias em que eles representam, abarcando dois serviços essenciais: um ligado à questão do fornecimento de água e de saneamento, e o outro sobre a questão financeira, os bancos. A realidade de cada um e o contexto político em que vivem, como suas lutas e greves, serão ainda melhor explorados neste capítulo.

Ambos apresentam diferenças tanto de concepção do uso da rede, bem como em suas estruturas racionais de trabalho e que refletem em seus objetivos políticos e propostas de comunicação. Mas, algumas vezes possuem opiniões que indicam estarem direcionados a uma mesma forma de encarar questões ligadas à própria comunicação sindical e as circunstâncias políticas enfrentadas por ambos.

Historicamente, o SINDAE apresenta um menor tempo de vida.  Devido ao fato de que ainda nada de sua história tenha sido retratado em artigos, documentos ou trabalhos, poucos documentos existem sobre a história dos anos já vividos desse sindicato. As informações que aqui estão relatadas fazem parte do roteiro de entrevista aplicado especialmente com esse fim. Dos aproximadamente quatorze anos de existência, tem-se como realidade inicial que “o Sindicato foi fundado em 29.04.86. Antecedeu a sua fundação, uma Associação de Trabalhadores, cuja representatividade e legitimidade vinha sendo alvo de questionamento por grande parte dos trabalhadores, surgindo assim, um grupo chamado ‘Comissão de Participação’.(10)

 Uma reconstituição maior dos fatos históricos que marcaram o seu surgimento revela uma luta entre a associação originária, a empresa estatal a que estavam ligados e o grupo que visava a formalização sindical :

“Sou da história do SINDAE pois sou desde da primeira gestão... Foi fundado em 1986... O SINDAE é um sindicato relativamente novo... É... Que representa, nós representamos os trabalhadores da Empresa Baiana de Saneamento que é a EMBASA, da Central de (...) do Pólo Petroquímico, CETREL na qual eu sou funcionário, da CERBA, Companhia de Engenharia Rural da Bahia e dos Serviços Autônomos de Água e Esgoto, nos municípios menores (...) São uma autarquia que faz, que era administrada pela Fundação Nacional de Saúde e hoje é uma fatia da prefeitura (...) e também nós temos representações desses trabalhadores. Nossa história vem... A história  do SINDAE, vem de 1986 até hoje (...)É... O SINDAE... Primeiro ele foi uma associação de funcionários da EMBASA. Só da EMBASA. E aí houve uma luta histórica desse processo da CUT e de alguns sindicatos pra transformar aquela associação em um sindicato. Primeiro teve uma luta de quem tava na frente da associação, era um pessoal, que como se chama mais ou menos, sindicato dos pelegos... E aí a 1ª luta era tomar da mão desse pessoal, tomou, (...) por causa da carta sindical do Ministério do Trabalho e tal. E disso veio a 1ª eleição que nasceu isso aí, o SINDAE original. É, a associação era da EMBASA, mas a comissão de participação pra tomar da mão do pessoal era da CERBA, CETREL, pra formar um Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto do Estado da Bahia. Nossa primeira localização que era no Barbalho, quando se transformou em sindicato fomos para frente da rua Teixeira dos Barris n.º 10, na ladeira do shopping Piedade (...). Depois a gente comprou essa casa velha aqui (...)”. (Diretor de Formação, SINDAE)
Embora a formação real do sindicato tenha atravessado momentos políticos conturbados, o mesmo hoje apresenta uma organização bem estruturada sobre os mais diversos aspectos. Basicamente, em relação a sua base sindical, o SINDAE possui atualmente cerca de quase seis mil trabalhadores, como pode ser observado no quadro abaixo:
Tabela 1 – Empresas filiadas ao Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia / 1999
Empresas
Total na Base
Associados no total
Associados em (%)
EMBASA – Emp.Baiana de Águas e Saneamento S/A
5.154
4.614
89
CERB –Companhia de Engenharia Rural da Bahia
620
538
86
CETREL -Empresa de Proteção Ambiental S.A.
190
97
51
SAAE's –Serviços Autônomos de Água e Esgoto
780
533
68
Total Geral
6.744
5.982
Fonte: Home Page do SINDAE (http://www.ongba.org.br/sindae)
Sobre a sua composição administrativa, este apresentava até os dias da pesquisa de campo, 18 funcionários, assim distribuídos:

Tabela 2 – Quadro de Funcionários do Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia / 1999

Quantidade
Cargo
03 
01 
01 
01
01
01
02
01
01
03
01
02 
03
Assessores Jurídicos
Assessora Médica do Trabalho
Assessor de Imprensa
Assistente Técnico Administrativo
Assistente Administrativo
Assistente Financeiro
Auxiliar Administrativo
Auxiliar de Serviços Gerais
Programador de Computador
Vigias
Office-boy
Telefonistas
Estagiários de Direito
21 
Total
Fonte: Home Page do SINDAE (http://www.ongba.org.br/sindae)
Com relação ainda a sua base política administrativa, este possui nove diretores executivos, nove diretores suplentes, três membros do conselho fiscal efetivo, três membros do conselho fiscal suplente e trinta e oito diretores de base, divididos através de funções específicas apontadas nos quadros abaixo:

Tabela 3 – Diretores do Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia / 1999

Nome
Cargo na Diretoria
Abelardo de Oliveira Filho
Coordenador Geral
Pedro Romildo Pereira dos Santos
Secretário Geral
Antônio Emilson Almeida de Carvalho
Diretor de Administração e Finanças
José Lopez Gonçalves
Diretor de Imprensa, Divulgação e Mobilização
Elísio Nascimento Teixeira
Diretor de Formação Sindical, Cultura, Política e Estudos Sócios Econômicos
Ailton Sousa Peixoto
Diretor de Políticas Sociais e Institucionais
Raimundo Coutinho Sobrinho
Diretor de Políticas e Relações Sindicais
Crispim Carvalho da Hora
Diretor da RMS
Edmilson de Jesus Santos
Diretor do Interior
 Fonte: Home Page do SINDAE
(http://www.ongba.org.br/sindae)
Tabela 4 – Diretores e Conselho Fiscal do Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia / 1999
Diretoria Suplente
Conselho Fiscal
Adilson de Souza Gallo
José Pires de Carvalho Neto
José Hermínio dos Santos
José Gomes da Silva
Lúcia Vírginia Gomes de Oliveira
Dylson Luiz Ribeiro de Sá Oliveira
Lucilene Alves Curvelo
 
Maria Auxiliadora Cadidé de Souza
 
Mário Alves Amorim
 
Paulo Jackson Vilas Boas
 
Fonte: Home Page do SINDAE
(http://www.ongba.org.br/sindae)
O SINDAE tem estado ultimamente engajado numa luta que afeta grande parte dos trabalhadores dos sindicatos em todo o mundo, com a possibilidade de privatização de uma das empresas, no caso a EMBASA, que forma o maior contigente do total dos trabalhadores filiados à ele. A privatização como um dos recursos das políticas neo-liberais, já anteriormente citada através de BALANCO (1999) e ALCOFORADO (1997) no capítulo inicial dessa pesquisa, é um dos principais problemas dos dias atuais, que tem por conseqüência, um grande número de trabalhadores desempregados e contribui de maneira sistêmica para o enfraquecimento das bases e das ações sindicais:
“Então essa dificuldade hoje dos movimentos sindicais fazerem grandes mobilizações, são exatamente essas modificações da substituição da mão de obra, até a coisa da informática (...) mais, esse modelo da economia, com a privatização, com as privatizações, sempre respondendo ao que os estrangeiros querem, ele complicou muito, (...) de maneira que hoje pra você ter uma grande mobilização do movimento sindical, tá muito difícil, por que? Porque todos os trabalhadores hoje têm medo, por exemplo, generalizado do desemprego, um dos grandes que hoje a gente enfrenta no Brasil, em Salvador é o desemprego.” (Diretor de Formação, SINDAE)
A perda da força da ação sindical por parte do SINDAE, aparece como conseqüência direta, comprovada numericamente, das políticas liberais segundo o diretor do sindicato:
“Por trás de tudo, da ameaça da privatização, da redução de quadros pra você ter uma idéia, a gente tinha oito mil e poucos trabalhadores na EMBASA, hoje nós temos quatro mil, quatro mil e poucos, quatro mil e cem trabalhadores, em curto espaço...” (Diretor de Formação, SINDAE)
Uma vez demonstrado, a organização existente no sindicato, observou-se também da infra-estrutura capaz de contribuir para o fortalecimento de suas políticas de comunicação, a fim de que possa divulgar suas idéias para a sociedade baiana com maior rapidez e reverter o quadro do alto número de demissões dos trabalhadores filiados, entre outras conquistas. Durante a pesquisa de campo, constatamos ainda que o SINDAE possuía uma gráfica, biblioteca e auditório para cento e vinte pessoas, além disso fazia uso de outros meios de comunicação como a televisão, o rádio, o boletim e a própria Internet. Ou seja, isso o colocava de uma maneira privilegiada ao se observar que a entidade “transitava” por todos os meios possíveis de comunicação assim como fora observado no Sindicato dos Bancários da Bahia.

Para um histórico do Sindicato dos Bancários, contamos não só com a entrevista, mas com a obra de Euclides Fagundes Neves(11) , sobre o Sindicato dos Bancários da Bahia. Este institucionalizou-se em 1933, aproximadamente 100 anos depois da primeira atividade bancária no antiga província da Bahia que ocorreu com a instalação da caixa filial do Banco da Bahia e do Banco Comercial da província da Bahia. Eram pouco mais de 100 bancários e oito estabelecimentos até 1870. Em 1922, a Bahia contava com quatro bancos nacionais e quatro estrangeiros, além das quatro agências do Banco do Brasil.

O ano de 1930 marca o início de um modelo sindical brasileiro regrado pela era Vargas mediante ações corporativas. Com a Constituição de 1934, alinhada com os interesses da burguesia rural e industrial, com a classe média e os militares, liquidou-se de vez a autonomia sindical. Os estatutos de qualquer entidade sindical, para que fossem reconhecidos oficialmente, deveriam seguir as exigências da lei de sindicalização de 1931 expedida pelo Ministério do Trabalho e que ainda assim permanece até os dias atuais, sob a jurisdição da Justiça do Trabalho.  Somente em 1937 obteve a sua carteira sindical e já contava com sérias reivindicações como a redução da jornada de trabalho para seis horas, um salário mínimo profissional e a estabilidade no emprego.

O papel desse sindicato ao longo dos tempos em muito fora questionado. Com a lei do enquadramento sindical, eliminaram-se o pluralismo sindical e o registro de muitos sindicatos já oficializados. O Sindicato dos Bancários adaptou-se ao momento aceitando as novas regras, porém desorganizou-se a nível nacional. O movimento populista de Getúlio Vargas neutraliza as ações sindicais e apoiava as ‘vantagens’ da sindicalização como a assistência médica e dentária. Submetidos à tutela do aparelho estatal, obtinham trocas corporativas e só assim viabilizavam-se ações conjuntas. As centrais sindicais e a entrada dos sindicatos nos locais de trabalho foram proibidos. A resolução dos conflitos tornou-se responsabilidade de uma instância externa, a Justiça do Trabalho.

Entre os anos de 45 a 60, ficou marcado um período de reorganização da entidade. Apoiaram candidatos de esquerda e colaboraram com manifestos trabalhistas e reivindicatórios. Em 64, o regime militar tratou de punir os sindicatos através de intervenções e prisões de líderes, como Raimundo Reis, do sindicato dos bancários da Bahia.  Após o golpe, a oposição bancária retoma seu fôlego e mesmo sob a constante ameaça, muitos sindicalistas utilizavam-se de boletins mimeografados, denominados de Bancários em Ação, e que eram jogados para o alto dentro das agências para que em seguida pudessem correr da polícia.

O ano de 1976 marca o ressurgimento da Oposição Sindical Bancária com estudos de alternativas de atuação. O SBBA convoca eleição em 1978, mas a chapa de oposição perde. Consegue por fim, ganhar nas eleições de 1981 com uma oposição já mais alinhada com outros segmentos ligados ao PCB e ao PT. As principais atividades políticas da OSB foram as campanhas de sindicalização no sentido de ampliar a sua representatividade e campanhas salariais.

A luta sindical travada pelo SBBA não parece ter mudado tanto desde a década de 80 como assim nos mostra em entrevista o Diretor de Imprensa:

“Na verdade parece que o tempo parou... porque se a gente for fazer uma retrospectiva de 89 até agora, as coisas pioraram um pouco, mas continuam da mesma forma. O que a gente mais coloca na ordem do dia é a defesa dos direitos dos trabalhadores que vem sendo ameaçada desde a época em que foi proclamada a constituição de 88.”  (SBBA)
Outro problema e que se agrava em larga escala é o processo de automação bancária. A máquina, na figura dos caixas eletrônicos e dos computadores em rede além de substituir o bancário enfraquece uma das principais armas sindicais, a greve. Se há alguns anos atrás a greve conseguia paralisar o funcionamento dos bancos, hoje não consegue parar além de alguns serviços. Quem sai contudo mais prejudicado são as pessoas que não se adaptaram às máquinas e aquelas que não tem acesso às suas contas bancárias via telefone, fax ou Internet. Com relação a automação bancária a conseqüente perda de postos de trabalho, ele nos responde:
“Pra vocês terem uma idéia, no início dos anos 90, a base do Sindicato dos Bancários da Bahia, que era formado por Salvador e mais vinte cidades do interior da Bahia, 20, 25 cidades (...) o número de bancários que nós tínhamos em nossa base era em torno de 25.000 bancários. Hoje nós estamos com 10.500 bancários. Isso é fruto do processo da automação bancária.  Inclusive, uma das bandeiras do movimento sindical hoje, é a redução da jornada de trabalho para 5 horas diárias. Porque? Porque se você reduz a jornada de trabalho você abre novos postos de trabalho.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
A preocupação com a ameaça de desemprego e a busca por alternativas são também assuntos do dia para essa entidade. Recentemente o sindicato formulou um projeto para sanar esses problemas, mas fora vetado pelo Prefeito da capital baiana.  Assim nos relatou o sindicalista:
“Uma de nossas iniciativas no sentido de garantir também o emprego dos bancários é o apoio que nós estamos dando, inclusive foi uma idéia nossa de que o vereador Daniel Almeida, ele levasse até a Câmara o projeto que foi vetado pelo prefeito Imbassaí, muito embora tenha sido aprovado pela Câmara dos Vereadores. O projeto obrigava os bancos a atender o cliente em no máximo 15 minutos e se passasse os 15 minutos o bancos teriam que pagar uma multa. Porque isso? Porque com essa, com esse projeto de lei, caso se tornasse lei se o Imbassaí não tivesse vetado, nós íamos ter dois ganhos: um ganho do ponto de vista dos clientes porque iam ser atendidos de forma mais rápida, e o cliente não pode ficar o dia todo numa fila bancária. Tem clientes que passam 1 hora ou 2 numa fila bancária. Então ele não pode ficar tanto tempo assim e é bem melhor para a população, para a clientela; e por outro lado, seria melhor também para os bancários porque isso faria com que os bancos abrissem novos caixas e abrir novos caixas seria contratar mais mão-de-obra.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
Mesmo enfrentando problemas políticos como o que foi citado acima, o Sindicato dos Bancários da Bahia atualmente encontra-se mais organizado, oferecendo através do seu patrimônio ( como o SINDAE só que em maior escala ) sede própria com auditório, sala de pesquisa com acervos de estudos sobre os mais diversos temas e um organograma mais complexo a fim de que os diferentes departamentos como o de imprensa, jurídico, entre outros possam trabalhar de maneira mais organizada para atender aos filiados do sindicato, que são em maior número do que o SINDAE. Abaixo, durante a gestão cujo período está delineado entre 1999 e 2002, a seguinte estrutura foi detectada durante os trabalhos de campos:

Tabela 5 – Presidência do Sindicato dos Bancários da Bahia / 1999

Presidente
José Álvaro Fonseca Gomes
Vice-Presidente
Eduardo Celso Bastos Navarro de Andrade
Fonte: Home Page do SBBA
( http://www.svn.com.br/sbba)
Tabela 6 – Secretariado do Sindicato dos Bancários da Bahia / 1999
Secretário Geral
Emanoel Souza de Jesus
2º Secretário
Napoleão Vilas Boas
Secretário para o Interior
Agnaldo Pereira da Silva
Fonte: Home Page do SBBA
( http://www.svn.com.br/sbba)
 
Tabela 7 – Diretores do Sindicato dos Bancários da Bahia / 1999
Diretor para Administração de Pessoal
José Januário Damasceno
Diretor para Patrimônio e Informática
Rosângela Miranda de Souza
Diretor de Assuntos Jurídicos
Ailton Carvalho dos Santos
Diretor de Imprensa e Comunicação
Miguel Ângelo Alves Cerqueira
Diretor de Assuntos de Saúde do Trabalhador
Jovelino Sales Souza
Diretor para Formação Sindical
Roberto Souza Freitas
Diretor de Cultura
Jerônimo da Silva Júnior
Diretor de Esporte
Dorival Santana
Diretor para Administração da Colônia de Férias
Elias Lopes dos Santos
Diretor de Política Sindical
Everaldo Augusto da Silva
Diretor Repr. Junto à Federação
Roswilson de Freitas Sampaio
Diretora para Assuntos da Mulher
Patrícia Rocha Ramos
Diretor para Assuntos da Comunidade
Israel Vieira de Abreu
Diretor Representante dos Aposentados
Deoclides Cardoso de Oliveira Junior
Diretor para Assuntos SócioEconômicos
Geraldo Eugênio Alves Galindo
Diretor para Assuntos de Etnia e Raça
Luiz Carlos Pereira de Assis
Diretor Representante dos Financiários
Adelmo de Assis Andrade
Fonte: Home Page do SBBA
( http://www.svn.com.br/sbba)
Tabela 8 – Demais Diretores Executivos do Sindicato dos Bancários da Bahia / 1999
Diretores Executivos
Agnaldo Matos Batista
Ronaldo Rios da Silva
Getúlio Vargas de Menezes
Humberto Santos Almeida
Alda Valéria Garcia da Silva
Robson Bomfim Oliveira
Anderson Santana de Luna
Evaldo Souza Vieira
Kátia Lorena Ribeiro Miranda
Silvio Daltro dos Santos
Martha Regina Silva Rodrigues
Márcia Dias Santos
Maria das Graças Gomes dos Santos
Juarez Nunes Miranda
Ricardo Augusto Gonçalves Oliveira
Geraldo Almeida Cayres
Cristóvão Oliveira Silva
Antônio Luiz Araújo Ferreira
Reginaldo Santos Castro
Danúsia Maria Sousa da Silva
Celi Cristiane Machado Carmo
Daniel Ferreira de Paula
Almir Nascimento Leal
José Cerqueira Costa
Fonte: Home Page do SBBA
( http://www.svn.com.br/sbba)
Tabela 9 – Diretores Regionais do Sindicato dos Bancários da Bahia / 1999
Região Norte
Alberto Braitt Figueiredo 
Lídia Fernandes de Oliveira 
Região Oeste
Geová da Silva Gomes 
Sílvia Costa Ferreira
Região Sudeste
Bianor Cardoso Fagundes Filho 
Agnaldo Souza de Santana
Região do Recôncavo
Ailton de Jesus Araújo 
João de Deus Muniz Barreto
Região Nordeste
José Antônio Souza de Oliveira 
Josias Lopes de Oliveira
Região da Chapada
Reinaldo Gomes Martins
Ronaldo Luiz Santos Ornelas
Fonte: Home Page do SBBA
( http://www.svn.com.br/sbba)
Tabela 10 – Setor Administrativo do Sindicatos dos Bancários da Bahia / 1999
Tesoureiro
Adilson Gonçalves de Araújo
Segunda Tesoureira
Nole Fraga Evangelista
Conselho Fiscal
Paulo Roberto Nolasco Farias
Henrique Baltazar da S. Filho
Paulo Cézar Barros Cotrin
José de Jesus
Luis Cláudio de Mello Margarão
Suplentes do Conselho Fiscal
Maria das Graças Possenti Santana
Élder Fontes Perez
Júlio Carlos Santana dos Santos
Fábio Tomé Lima Barreto
Cleber Silva dos Santos
Fonte: Home Page do SBBA
( http://www.svn.com.br/sbba)
Uma vez exposto a história de cada uma das entidades pesquisadas, vale ressaltar agora as questões referentes à comunicação sindical. É certo que cada sindicato dispõe de uma maior ou menor variedade de recursos assim como diferentes estratégias de política de comunicação sindical. O acesso aos diversos meios de comunicação também constitui uma singularidade à parte que, não obstante ofereçam obstáculos, em muito estão ligados à própria estrutura política brasileira.
 

3.1 A Comunicação Sindical – conceito e meios de comunicação
 

Já foi anteriormente recapitulado um pouco da história e surgimento dos sindicatos de maneira mais geral, através principalmente da Revolução Industrial, no século XIX e no caso brasileiro, de sua legalização mediante o seu atrelamento ao estado. A atuação efetiva, contudo, dos sindicatos como organização social que busca conquistas para os trabalhadores, está intrinsecamente ligada ao processo de comunicação, como afirma MOMESSO (1995, p. 40):

“Não se constrói uma entidade sindical sem esse processo. Ele tem características bastante específicas. Origina-se do próprio relacionamento dos trabalhadores em seus locais de trabalho – fábricas, escritórios, bancos, hospitais, repartições públicas... – onde desenvolvem a forma mais simples e primária de sua ação coletiva. Integra o trabalhador à prática sindical, através da aproximação com outros trabalhadores (...).”
Ou seja, desde do seu primeiro momento, a comunicação sindical, mostra características claras, segundo SANTIAGO (1997, p. 41), em que seu objetivo é palpável, concreto. "(...) A comunicação sindical não tem um único e exclusivo papel. Tem vários. Ela é esclarecedora, formadora e, ao mesmo tempo, aglutinadora.”

Dessa maneira, os elementos para uma comunicação sindical constituem um complexo sistema de interação entre os trabalhadores e os sindicatos em que o ideal seja a criação de um laço efetivo entre as diferentes partes de forma a cumprir objetivos específicos. Segundo ainda MOMESSO (op. Cit. p. 41) esta comunicação proporciona, “a inter-relação dos indivíduos entre si, enquanto integrantes das entidade sindicais, a inter-relação dos indivíduos com as instâncias organizadas das suas entidades e vice-versa, a inter-relação das entidades sindicais entre si, da instituição sindical com outras instituições e com a sociedade.”

Alia-se ao processo de comunicação sindical, as mais variadas ferramentas existentes de propagação de idéias, como os jornais, o rádio, a televisão, a Internet, entre outras. Inúmeras modificações sucederam-se para o surgimento de outras vias de comunicação que pudessem ser utilizadas pelos sindicatos posteriormente, já que “a ação sindical se dava, fundamentalmente, através de formas comunicativas diretas, interpessoais, de atos públicos, peças teatrais, cursos de alfabetização e encontros que, freqüentemente, incluíam uma parte festiva como atrativo (...).” (MOMESSO, op. Cit. p. 44)
 

Ainda hoje se verificam as mais diversas representações no âmbito da comunicação sindical, desde dramatizações teatrais até passeatas com a presença de bonecos e figuras que ilustram o cenário político que enfrentam.  Porém, a história da comunicação sindical e de outros movimentos e organizações populares mostra o seu envolvimento e esforço no sentido de disputar espaços nos grandes meios e de assimilar, em seus próprios meios de comunicação e para o seu benefício prático, as tecnologias que foram surgindo ao longo dos tempos.

O desenvolvimento de modernos meios de comunicação de massa ocorreu em consonância com o grande crescimento capitalista, na parceria do poder econômico com o militar, servindo às disputas entre as grandes potências e à dominação dos povos e sendo instrumentos eficientes para o controle social com o seu grande potencial para divulgação ou sonegação de informações (MOMESSO, 1995). Autores como MOMESSO (1995), BOURDIEU (1997) e NETO (1999) demonstram como a associação entre a linguagem e a técnica, e com a cibernética, causou uma grande virada  na luta de classes na medida em que os meios de comunicação suplantaram todas as demais instituições, tornando-se não somente um poderoso campo social(12) , mas com um potencial de controle e difusão de conhecimento apresentado sob a modalidade de informação. O campo das mídias apresenta formas de percepção do social e da realidade e possui instituições específicas (rádios, jornais, emissoras de televisão, empresas de relações públicas, assessorias de imprensa, produtores de eventos culturais), fez aparecer papéis sociais (jornalistas e comunicadores), desenvolveu um conjunto de valores, uma axiologia para dar visibilidade ao social e, por fim, usa linguagens especiais e desenvolveu interesses próprios enquanto campo que se articula com outros campos formadores de nossa conjuntura sócio-organizacional (NETO, 1999).

O impacto das novas tecnologias de informação na cultura e na comunicação contemporâneas tem levado muitos estudiosos, como pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, a criarem o conceito de indústria da informação, caracterizando a informação como matéria prima fundamental, “atribuindo à chamada sociedade informativa o status de uma nova etapa que ultrapassa a sociedade industrial e conforma novas estruturas sociais, suplantando, segundo eles, a etapa do capitalismo industrial” (MOMESSO, op. Cit. p. 25).  O surgimento de uma indústria da informação traz a tona o pressuposto de que numa sociedade pós-industrial, “el factor de producción fundamental, el que ocupará mayor proporción de plobación activa, el que participará más en el producto nacional, es la indústria de la información (...) desde la publicidad hasta el procesamiento de datos por computación, pasando por la educación.” (MATTELART, Armand. In: MOMESSO, op. Cit. p. 26)

Estes pensadores americanos acreditam que a indústria da informação será a indústria locomotiva do capitalismo moderno, elemento central de articulação das atividades humanas. Segundo essa concepção, o conceito de informação é, portanto, de produto vendável, de mercadoria. Os veículos de massa detém os meios tecnológicos e econômicos e tornam-se parte deste processo capitalista de produção, com os mesmos objetivos e práticas dos outros setores da economia. A grande diferença está no potencial que têm para provocar mudanças, influenciar opiniões, organizar ou desorganizar sociedades, mobilizar ou desmobilizar , informar ou não, tudo isso, no entanto, visando o lucro.

O Brasil presenciou uma onda de modernização técnica no âmbito das tecnologias de massa a partir da década de 60, intensificando-se nos anos 70 principalmente durante o período chamado milagre brasileiro. Na parceria do poder econômico com o militar, os instrumentos de comunicação de massa serviram às disputas entre potências e dominação de povos. No Brasil, os instrumentos para tal, ou seja, em sua aplicação do controle social,  não diferem do grau de importância que têm para divulgação ou sonegação de informações, ou na imposição do pensamento e das concepções de vida da classe dominante. Já afirmava SANTOS (1996) que o que carateriza a “era das telecomunicações” nada mais é que a combinação entre a tecnologia digital, a política neo-liberal e os mercados globais. Desta forma, estaria implícito toda uma tendência de dominação que ao longo da história vem marcada pelas trocas entre grupos, porém de maneira desigual, onde um grupo acabava por impor a certos grupos as técnicas  de outros grupos, “mudando-lhes os antigos equilíbrios e acrescentando elementos externos às histórias até então autônomas”. (SANTOS, 1996, p. 152)  O uso que se faz da informação e os meios de comunicá-la englobam novas técnicas que conduzem não só a uma nova percepção do tempo, mas a uma nova coordenação e rigor. SANTOS (1996), desta forma, faz uma citação de M. TRABER apontando para aquilo que muitos autores contemporâneos têm chamado a atenção, o fato de que hoje, muito mais do que há três decênios, a informação, inegalitária e concentradora, é a base do poder em uma sociedade cada vez mais globalizada.

A década de 70 marca também a intensificação da comunicação sindical, pois além do crescimento quantitativo da classe trabalhadora nos anos da ditadura, a ampliação dos quadros de sócios, a expansão das atividades sindicais, as mobilizações, as greves e a formação de centrais sindicais, passaram a estimular a criação de novos mecanismos de comunicação e a discussão de políticas para a área. A imprensa sindical não mais se sustentava com o trabalho de um diretor ou sócio-jornalista. Era exigido o trabalho de um profissional e assessorias de imprensa começaram a nascer e se organizar para darem conta do volume de informações. Gráficas próprias, serviços terceirizados e até empresas ligadas à comunicação sindical começaram a surgir. A própria criação da CUT demandou uma comunicação mais efetiva intersindical, enfatizando a necessidade de implantação de departamentos de imprensa nos mais diversos sindicatos.

“Além dos jornais que se dinamizam, adquiriram periodicidade, ampliaram a tiragem, outras publicações como revistas e uma infinidade de boletins e panfletos foram engrossando ainda mais o volume dos veículos impressos pelos sindicatos; outras modalidades de comunicação, como rádio, TV, foram sendo incluídas ou ampliadas, resultando num fato inegável o crescimento e transformações ocorridos na comunicação sindical nas últimas décadas.” (MOMESSO, op. Cit. p. 59)
O avanço, contudo, da imprensa sindical, não ocorreu sem conflitos e, como percebido através da pesquisa, há muitas contradições quando interrogados sobre o mundo da comunicação dos sindicatos em que atuam. Ambos sindicatos, o SBBA e o SINDAE participam desse crescimento e implementação dos meios de comunicação. Não só dispõem de profissionais atuando na área, como usufruem de gráficas próprias, departamentos especializados e inclusive de home pages na Internet, que é considerada um dos mais recentes avanços do mundo das comunicações, da midiática. Numa sociedade onde o que vale em sua dinâmica produtiva e de reivindicação é a informação, a sua velocidade de disseminação, a sua atualização e o ‘público’ que se almeja atingir, os meios para tal empreendimento tornam-se alvos de disputas entre os diversos grupos de interesse, pois a sua ocupação e posse significam ter uma amplo potencial de poder em mãos.
 

3.2 A Televisão e o Rádio
 

A televisão enquanto meio de comunicação de massa faz surgir uma série de questões quando este parece incorporar o papel de principal veículo de formação de ‘categorias de percepção’ do mundo moderno. O papel da televisão no Brasil de maneira geral, se confunde com a própria história dos grupos políticos atuantes hoje:

“A implantação da moderna comunicação de massa, integrando TV (...) apoiou-se na importação de tecnologias modernas, de custos elevados, aprofundando a dependência nacional. Foi realizada basicamente através da empresa privada. No entanto, toda a infra-estrutra montada pelo Estado, antecipando-se às empresas, e o fato de a exploração dos canais ser feita sob a forma de concessão temporária e renovável, dependente exclusivamente de decisão governamental, permitiram manipulação da distribuição de concessões, colocando o concessionário na situação de dependência do poder político, configurando um modelo burocrático, clientelista, autoritário e centralizador de comunicação que perdura até os dias atuais.” ( MOMESSO, op. Cit. p. 22)
Devido a sua capacidade de atingir a população em curto espaço de tempo e em qualquer lugar do território, a televisão se tornou o principal instrumento de informação. Caracteriza o seu início a sua perfeita adaptação aos serviços e interesses capitalistas, já que dá origem a um novo mito de que aquilo que fora veiculado na televisão dificilmente é refutado.  Como campo social de massa, a maneira como a televisão é usada e manipulada traz incisivas questões quanto à sua importância em servir aos interesses exclusivamente do capital sem, contudo, se preocupar em criar em torno de si questões a serem abordadas pela sociedade em seu conjunto mais amplo:
“Nas relações indivíduo-TV, da forma como se dão, são dissocializantes, desorganizam o povo (entidades, festas ou eventos populares, atividades coletivas de lazer...) com o agravante de ser um dos elementos desestruturadores da cultura popular, especialmente em decorrência das grandes migrações internas que se intensificaram no Brasil nas últimas décadas desenraizando parcelas da população pobre de seus meios de origem. As mensagens fracionadas, descontextualizadas, apresentadas sem uma lógica que as torne compreensíveis contribuem, significativamente, para aprofundar ainda mais alienação.” (Id. Ibidem. p. 127)
Ainda assim, para os sindicatos, este é o meio mais relevante na comunicação, visto que consegue atingir a um público infinitamente superior simultaneamente, em qualquer parte do país. Isso fez com que as entidades, principalmente as que estão aqui referidas, criassem uma consciência da necessidade de incorporar a este veículo de comunicação à luta sindical. Contudo, o acesso a este meio é restrito por algumas razões. Embora a cidade de Salvador possua cinco retransmissoras das principais redes de televisão brasileira, o acesso a todas elas não ocorre de maneira igualitária, principalmente por questões ideológicas e consequentemente por questões de elevados custos:
“Com exceção da TV Bahia que vocês não vêem nada, assim, do movimento sindical na TV Bahia. Então existe uma refuta mesmo na TV Bahia tanto pra noticiar quanto pra veicular idas e vindas do movimento sindical, principalmente do Sindicato dos Bancários da Bahia que é o sindicato mais perseguido no movimento sindical bancário.” (Diretor de Imprensa, SBBA)

“Pra você ter idéia, a gente coloca no canal 5, na Bandeirantes, na Itapoan, no SBT, Bandeirantes, e outros... Aratu... Porque na TV Bahia nós não temos condição, na chamada globo. Por que? Porque um minuto de 45 sessões (...). Na TV Bahia, 1 minuto de sessão, ou seja, 15 segundos de sessão significa todo o resto das sessões das outras três juntas. Uma sessão dela, significa todas as outras passando juntas... Então... Mas a gente só bota, o fato.” (Diretor de Formação, SINDAE)

Já o rádio, se mostra um meio de comunicação eficiente, pelo fato de apresentar um custo menor do que a televisão, e possibilitar o acesso à informação, para as camadas mais pobres, principalmente as pessoas não-alfabetizadas. Durante o trabalho de campo, não foi mostrado um papel tão eficiente do rádio como meio de comunicação, no contexto urbano. O SINDAE contudo revelou atribuições positivas para o rádio nas zonas rurais do estado da Bahia, em que certamente o número deste é bem maior do que a televisão. Mas assim como a televisão, o rádio também sofreu interferências políticas para sua “elitização” na difusão de notícias:
“Contudo, na gestão do presidente João Batista Figueiredo, haviam sido distribuídas 299 concessões de rádios AM, 295 de FM a empresários e pessoas ligadas ao governo e 40 canais de TV monopolizados por nove famílias. Em setembro de 1988, o Presidente José Sarney sancionou concessão de 1002 emissoras a políticos e empresários para garantir a extensão de seu mandato para 5 anos, porém nenhum sindicato – ou instituição vinculada a entidades sindicais, já que a lei não permite concessão a sindicatos – foi contemplado. A burguesia já é bastante consciente da importância do rádio para os trabalhadores” ( MOMESSO, op. Cit. p. 121)

 
3.3 Os Jornais
 

Os jornais de grande circulação foram identificados como uma forte presença e importância na luta diária dos sindicatos. Contudo, assim como as demais medias (televisão e rádio), a imprensa escrita de grande porte no estado é um outro obstáculo a ser superado. A importância do jornal apresenta características semelhantes aos meios de comunicação  anteriormente citados, mas sua limitação ocorre devido ao custo que para o trabalhador, em muitos casos,  não possui dinheiro suficiente para a aquisição diária de um jornal.

Em algumas ocasiões, determinadas notícias só conseguem ser disponibilizadas nos jornais através das chamadas matérias pagas. Este tipo de necessidade assim como outras que existem no mundo da comunicação criou uma profissionalização da comunicação sindical (MOMESSO, 1995) em que nos dois sindicatos estudados, a presença de jornalistas e de departamentos de imprensa tornaram-se indispensáveis. Junta-se a isto, as estratégias que as entidades sindicais procuram como forma de ter acesso ao jornal ou demais meios de comunicação, sem que precisem desembolsar qualquer quantia de dinheiro:

“Por exemplo, a gente faz uma paralisação na Bolandeira, duas estações (...) que abastece quase Salvador toda. A gente faz uma paralisação lá dos trabalhadores, então aparece o jornal A Tarde, Tribuna, TV Bahia, TV Aratu, e faz a entrevista lá mesmo no local (...). Então, a gente provoca de vez em quando um fato político que saia na imprensa, falada ou escrita, sem desembolsar nenhuma grana.” (Diretor de Formação, SINDAE)
Essas estratégias com relação aos jornais apresentam-se como uma possibilidade de acesso aos medias na falta de recursos pelos sindicatos baianos, mas que não descaracterizam a natureza dos grandes jornais ou mesmo da televisão ou do rádio, já que “na hora da radicalização, ela dá a versão do patronato, desvirtua, sonega informações, confunde porque, com raras exceções, são empresas capitalistas interessadas em ampliar o próprio capital e o das outras empresas anunciadoras.” (MOMESSO, op. Cit. p. 133)

A informação consequentemente assume um papel mercadológico sob a forma de matérias, para os jornais ou televisão. Passa a ser interessante quando apresenta as vantagens de uma mercadoria, ao mesmo tempo em que ajuda a vender jornais e revistas, visa ampliar a audiência dos canais, etc. No caso do jornal, simbolizamos esse tipo de comportamento como o jornalismo de umbigo, ou seja, aquele que vê apenas aquilo que lhe interessa.
 

3.4 Boletins
 

Os boletins são praticamente a história dos sindicatos. Depois da voz, do contato interpessoal, é a forma de se comunicar mais popular e eficiente existente dentro e fora das entidades sindicais. Para algumas instituições de pequeno porte, o boletim é a principal e talvez a única ferramenta de comunicação disponível.

Embora seja destacado nesta pesquisa um meio que é totalmente diferente dos meios até então analisados neste capítulo, os boletins são pensados, elaborados e seguem quase que um ritual “artesanal” desde a sua concepção até a sua distribuição.  Nos sindicatos dos Bancários da Bahia e no SINDAE, os boletins apresentam diferenças como na sua periodicidade e nos temas abordados.

Sobre o boletim do SINDAE (Gota D’Água)(13)  , um dos seus diretores explica toda a estrutura que cerca este meio de comunicação e a sua história como via de difusão de notícias para os trabalhadores filiados:

“ O boletim historicamente é semanal, ele sai toda semana. E a gente faz isso, nós temos gráfica aqui, nós temos uma gráfica montada aqui em cima nós temos o auditório... Além de cada diretor aqui, no interior são 15 grandes pólos, cada pólo desse administra cerca de 16, 40 cidades, a gente faz questão de que o boletim seja impresso por nós mesmos e entregar a cada trabalhador e por exemplo, hoje no parque do Cabula que tem 200 trabalhadores, eu levo 200 boletins, um pouco mais (...). Na Bolandeira, a gente entrega cerca de 400 boletins (...). Os nossos boletins vão para os sindicatos dos país inteiro e os deles também vem pra gente semanalmente  recebendo as informações deles, apesar de e-mail, hoje da Internet... Hoje a gente ainda usa o correio, pra enviar pra parte Estadual... Então como é que a gente chega até os trabalhadores da EMBASA no estado inteiro? A gente manda aqueles pacotinhos, por exemplo, Itabuna, tem um diretor lá em Itabuna de base. Então ele recebe pelo sedex, pacote, boletins, convites e outras coisas e distribui pela cidade dele ali, para os trabalhadores da CERBA, da EMBASA, que estão por lá.” (Diretor de Formação, SINDAE)
O grande volume de troca de boletins se justifica na medida em que ainda é um dos instrumentos mais populares entre os filiados. Embora a periodicidade do boletim do SINDAE seja semanal, em algumas ocasiões, as notícias mais relevantes que atinjam diretamente o sindicato podem modificar o tempo de publicação, pois “um fato, uma paralisação, cria uma situação de que você tem que responder no mesmo dia o boletim.” (Diretor de Formação, SINDAE)

O boletim do Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia, diferentemente do boletim do SBBA, apresenta uma gama de informações mais geral através de assuntos mais externos, ou seja, as informações veiculadas no boletim podem ser apreendidas pelos trabalhadores filiados, mas também e principalmente pela sociedade de maneira geral. Esta característica se reflete de maneira similar na própria home page do sindicato, pois as informações contidas nos boletins são apenas transportadas do meio físico para a rede Internet. No caso do SINDAE, apesar dos esforços do departamento de imprensa e informática, não conseguem atualizar os boletins na rede Internet. O SBBA também veicula seu boletim, que é diário, na Internet. Conta, por outro lado, com uma equipe responsável por alocá-lo diariamente na rede virtual, sendo assim está sempre atualizado(14) .

Sobre o boletim (O Bancário) do Sindicato dos Bancários da Bahia(15) , por esta entidade apresentar uma estrutura de imprensa mais organizada do que o do SINDAE, isso possibilitou uma singularidade pouco vista nos sindicatos baianos ou mesmo nos sindicatos brasileiros: apresenta uma periodicidade diária, e em grande quantidade. Sua concepção dispõe de um setor de imprensa bem planejado:

“Nós temos como o nosso principal instrumento aqui da imprensa do sindicato dos bancários é o nosso jornal diário. Ele tem uma tiragem de 10.000 exemplares e que sai diariamente mesmo, aliás, é o único sindicato de bancários no Brasil todo que tem um jornal diário. Nós fazemos um esforço, assim, redobrado pra manter esse jornal diário, justamente por entender a importância que é a comunicação. Temos uma equipe voltada a produzir esse jornal, são pessoas que trabalham à noite. Nós temos um jornalista, um diagramador que trabalham à noite.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
Diferente do boletim do Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia, a marca registrada desta ferramenta é o seu direcionamento mais específico para a categoria os bancários. Embora as questões que hoje são tratadas por vários sindicatos sobre a crise econômica e social que atingem a toda sociedade brasileira estejam colocadas nos boletins, muito do conteúdo apresentado está explicitamente voltado para os bancários. Com a periodicidade diária, é provável o agravante de que o boletim não possua uma consistência maior nas questões extra-sindicais. Da mesma maneira, o conteúdo desses boletins que são produzidos diariamente, podem ser acompanhados através da Internet, verificando que o seu processo de atualização na home page do sindicato faz-se de forma mais dinâmica do que o do SINDAE:
“A nível do boletim basicamente, é o que muda em nossa em nossa página é isso. Não tem nem tempo. E não vai, às vezes você... O boletim sai dois, três, quatro, cinco aqui, que a gente tá em processo de seleção... Mas lá tá no antigo porque não tem condições.” (Sindicalista, SINDAE)

 
3.5 Outros Meios para Comunicação
 

Além da televisão, jornal, boletim e principalmente da Internet que foi o meio escolhido como análise, abre-se um espaço aqui para a inserção de mais três formas de comunicação, que fora citado em uso apenas pelo SBBA: o carro de som, o telefone interativo e a revista.

O carro de som para MOMESSO (op. Cit. p. 72), “especialmente nas grandes concentrações, adquire papel especial, porque ao mesmo tempo em que amplia o acesso ao discurso do sindicalista para muitas pessoas – às vezes, para milhares de trabalhadores ao mesmo tempo – permite manter o caráter da comunicação interpessoal, direta, dialógica e rápida.

O uso inadequado contudo, pode em circunstâncias em que a categoria esteja dispersa ou distante da militância, tornar-se um veículo de comunicação inútil, bem como provocar reações contrárias como rejeição devido ao barulho. E este tem sido um dos fortes argumentos na cidade de Salvador, para que as autoridades municipais venham repelindo esse tipo de forma de comunicação, dificultando ainda mais as formas de expressão dos sindicatos baianos:

“Nós utilizamos também carro de som. Hoje em dia tá muito mais difícil você utilizar o carro de som porque você tem que ter uma autorização da Prefeitura pra sair com o carro do som e tem que falar, inclusive justificar a saída com o carro de som. Então você tem que assinar lá uma autorização pra sair anunciando tal e tal e coisa... Então, isso dificulta muito, né. Inclusive, é uma situação que de certa forma até, eu diria assim, um cerco às entidades sociais, dos movimentos sociais da Bahia, que são elas que usam esse instrumento que é de custo baixo e é uma forma que nós temos de levar nossas informações até os bancários, aos trabalhadores, à população em geral.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
O Sindicato dos Bancários também se destaca por um serviço único através do telefone, ao qual foi denominado de ‘telefone interativo’. O seu funcionamento ocorre da seguinte maneira:
“Nós temos um serviço aqui que eu acho, assim, na minha opinião, é o instrumento que é mais aprimorado nesse momento que é o telefone interativo. É uma linha direta que você liga, você paga pouco o normal como os outros telefones e você ouve as mensagens, assim, a reprodução, assim, sinteticamente das notícias do nosso jornal diário. Esse telefone interativo, inclusive, a gente faz uma campanha de propaganda e tal pra ele diversificar, massificar na categoria bancária, porque ele é um instrumento de fácil acesso. A gente sabe que hoje em dia as pessoas têm um pouco de preguiça de ler, você vê a televisão, por isso que ela é o principal instrumento de comunicação em função da facilidade de passar as informações, da passar as notícias. E esse interativo, ele funciona como se fosse uma rádio. Você liga, ele tem as informações do dia, e ele é atualizado diariamente.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
Finalizando, o SBBA ainda possui uma revista de nome “Em Cheque”. A revista  está em processo de amadurecimento, visto que seu planejamento se baseia em um período semestral, existindo portanto poucas edições, mas com uma proposta interessante, pois visa tratar de questões não apenas relacionadas aos problemas sociais e econômicos que tanto permeiam os discursos dos sindicalistas, mas as ideologias que fomentam esse discurso, pois “existe um debate muito intenso no movimento sindical sobre estrutura do movimento sindical, posições ideológicas, visões do movimento sindical, então ela aborda um pouco isso, esse debate de idéias do movimento sindical.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
 

3.6 A Internet
 

A inserção à rede Internet pelos sindicatos representa uma diferenciação a parte em relação aos demais meios de comunicação. No que tange ao SBBA e o SINDAE, a inserção à rede por parte de cada sindicato se deu de maneira diferenciada. O que mais chama a atenção, contudo, é o fato de que continua a persistir uma característica muito criticada por SANTIAGO (1997) e de clara observação no que tange às outras ferramentas de comunicação, principalmente nos jornais sindicais, o corporativismo:

“É preciso que seja eliminado da comunicação sindical um de seus maiores cânceres: o corporativismo. A maioria dos jornais sindicais não trata do que acontece nos outros sindicatos. (...) E não fazem nenhuma ligação com o movimento internacional dos trabalhadores. ( SANTIAGO, op. Cit. p. 99 )
O corporativismo torna-se um entrave maior à mobilização inter-sindical, ao limitar a possibilidade de maiores informações sobre a situação de outras entidades e das políticas utilizadas por elas. De certa maneira, a comunicação sindical, principalmente aquela que envolve sindicatos de categorias diferentes, tem se mostrado pouco dinâmica, pois sua eficácia encontra-se em uma posição centralizadora, baseada através da supervisão geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores) que acumula, além de outras funções, a de ser o fio condutor e central de divulgação das informações para os diferentes sindicatos:
“Como nós temos uma estrutura sindical onde nós temos uma central sindical, essa central é mais assim, o ponto X onde as informações chegam, se cruzam... Então o nosso contato com a CUT que trabalha muito com a Internet hoje... a gente tá sempre em contato com a CUT e via CUT a gente pega isso de volta.  Então aqui na Bahia, por exemplo, a gente pega todo dia o click (clip) da CUT que sai diariamente com informações sobre os mais diversos sindicatos, então tanto os bancários quanto os metalúrgicos, o SINDIQUIMICA, passam informações pra CUT e ela faz um clipisinho e manda de volta para os sindicatos.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
A centralização das informações através da CUT se refletem portanto em todos os meios de comunicação bem como nas home pages dos sindicatos estudados. Detectou-se que em nenhuma delas havia referências concretas através de matérias e/ou reportagens, limitando-se apenas a links que ligam uma página a outra. A própria inserção na rede, segundo depoimentos obtidos, mostrou ter havido resistência na medida em que propôs-se uma tentativa de formar uma “comunidade virtual”, uma espécie de portal, como um dos entrevistados mesmo definiu, em que objetivava o encontro de todas as entidades baianas que se faziam presentes na Internet e que dispunham de lutas políticas, sociais, como os sindicatos, ONG’s, entre outras:
“Como a gente não tem tantos recursos nem tem pessoal pra fazer isso, não tem esse rebuscamento que as outras entidades têm, contrata empresas... Isso é tudo feito aqui a custo zero. A gente montou o provedor (...). Essa página tá no provedor montado por nós, então, tem a iniciativa de entidades não governamentais, se juntaram, montaram um provedor de acesso à Internet pra se livrar dos custos dos provedores comerciais, disponibilizando informações que de repente num provedor comercial poderiam ser vetadas, entendeu? Questões do tipo: denunciar contra o governo. Se você chega num provedor comercial, que é a Bahianet, a Bahianews, que é a do Correio da Bahia que é do poder hoje instaurado que é da ACM, se você vai lá e coloca uma página que você tá metendo pau no governo, neguinho tira aquilo do ar. Então hoje a gente tem essa autonomia. A gente conseguiu(...), são 17 entidades, montamos esse provedor, que é o provedor ZUMBI, não sei se vocês viram por aí(...). Então é uma iniciativa que da gente e é o único sindicato na Bahia que faz parte dessa associação.” (Sindicalista, SINDAE)
A iniciativa do SINDAE é um atrativo extremamente interessante e uma das formas de poder aumentar a força política e de divulgação das informações, já que assim como mencionado acima, através das análises de MOMESSO (1995) e de outras entrevistas realizadas, existe uma série de restrições quanto ao uso da mídia quando se trata de questões que se dirigem contra o Estado e os governantes. A formação deste provedor denominado de ZUMBI (http://www.ongba.org.br)(16) , além de constituir uma fonte de todo o tipo de informação sobre a realidade baiana, a estrutura e a relação custo-benefício, para o SINDAE e para as demais instituições são bastante satisfatórios.  Além da questão do corporativismo, a iniciativa do SINDAE demonstra um amadurecimento daquilo que poderíamos chamar de ‘união de esforços’ uns para com os outros, enfatizando de antemão o esforço coletivo de entidades que lutam contra o poder do capital e em prol do desenvolvimento social.  Ainda sobre o provedor:
“A UFBA foi quem viabilizou o nosso projeto de colocar essas páginas na Internet, então o nosso provedor já é montado dentro do backbone da UFBA. A nossa máquina é um computador que têm essas páginas, da nossa entidade e das outras, tão lá dentro do CPD da UFBA e utilizando a estrutura. A gente não paga nada põe essa estrutura de acesso à Internet porque a UFBA disponibilizou esse espaço para a gente. A gente só tem o custo de que, de manter a máquina funcionando e de manter uma pessoa lá pra tá cuidando de isso.  Fora isso que é a parte mais cara do acesso à Internet que é você ter essa ligação dessa máquina com a Internet, e a UFBA disponibiliza isso pra gente, te dado esse apoio. Então essa página tá hoje no ar graças à UFBA e ao trabalho das outras entidades também. Quarenta reais mensal. O cara tá lá, o espaço tá disponível, e ninguém interfere, ninguém diz o que é que tem que fazer. Esse espaço é só pra manter o computador e uma pessoa pra cuidar disso(...), então é rateado a despesa entre as entidades.” (Sindicalista, SINDAE)
Ainda sobre a constituição desse provedor, houve uma tentativa de inserir o Sindicato dos Bancários da Bahia a esse portal, que segundo o entrevistado, recusou-se, mostrando uma resistência ao uso da rede e da sua própria utilidade dentro da realidade dos sindicatos. Verifica-se hoje que o SBBA dispõe de página na Internet alocada em provedor de ordem privada, dando a entender a sua condição financeira para tal atribuição. O SINDAE, além de recorrer à ‘união de forças’, traz toda uma estratégia de ocupação da rede além de contornar um dos seus maiores problemas enquanto representante de uma categoria de rendimentos mais baixos. O portal de entrada através da ZUMBI promove várias instituições, com os mais variados assuntos sobre questões concernentes à amplos segmentos societários. O SINDAE aparece muito mais com a problemática da água, proporcionando ao navegador da Internet, informações do sindicato e suas campanhas em prol da água.  O SBBA, por outro lado, traz sua página em servidor privado, mas antes revelou ter suas dúvidas sobre a real eficácia do meio.

Tal prognóstico sobre a Rede, principalmente no início do seu surgimento e de abertura para o público de forma geral, ainda despertava algumas dúvidas sobre sua real eficácia. Contudo, assim como o uso dos outros meios de comunicação que foram crescendo sistematicamente com o passar dos anos, o aumento de usuários da Internet representa um novo universo de pessoas que podem ser atingidos pelas idéias sindicais. Sendo assim, houve uma reflexão sobre a Internet como nova via de informação:

“Olha, porque na verdade, nós procuramos acompanhar a evolução dos meios de comunicação. Nós estamos em 99, há cinco anos atrás a Internet era uma coisa assim muito pouco usada pela população, né? Uma coisa de pouco acesso. Mas a partir de 95 houve uma explosão assim da rede, então o sindicato por entender que era uma alternativa de comunicação com os trabalhadores, com os bancários, as pessoas de uma forma geral, então o sindicato resolveu investir nisso, por entender que é um veículo de comunicação que chegou pra ficar. E nós vamos inclusive procurar melhorar, estamos procurando inclusive melhorar a nossa home page.  Ela é de 96, março ou agosto de 96, não lembro bem.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
Não se busca, após o conhecimento sobre a forma de comunicação entre sindicatos de classes diferentes, uma desconsideração à organização centralizada por parte da CUT e a troca de informações, visto que, se os sindicatos referidos nesta monografia, que se encontram localizados na mesma cidade e podem ser considerados pioneiros ( por serem as únicas entidades sindicais a disponibilizarem home pages ), não intercambiam qualquer forma de informação, como ficariam os demais sindicatos espalhados pelo país? Talvez, com relação aos sindicatos que não possuem muitas ferramentas para propagar suas idéias, ou mesmo aqueles que ainda não se encontram conectados à rede virtual, essa centralização seja extremamente benéfica proporcionando àqueles sindicatos mais “isolados política e economicamente”  acesso a todas as informações que correm pelo Brasil. Entretanto, a Internet favorece uma comunicação mais dinâmica, nem um pouco centralizadora. Os recursos existentes na rede possibilitam a disseminação das informações em um curto espaço de tempo. A própria rede em nada é centralizadora, sua regulamentação não é gerida por um país ou governo. A Internet como já foi visto no Capítulo I, é formada por uma centena de redes menores que se interligam a qualquer parte do mundo. A possibilidade de centralização da informação por parte da rede é algo incoerente e que limita o papel do uso desta ferramenta.

 
CAPITULO IV
O REAL E O VIRTUAL: A ANÁLISE
 
 

A dualidade real - virtual, marca uma profunda discussão a respeito da relação homem – máquina e parte dessa discussão preocupa-se com o papel da técnica no mundo social. O debate acirra-se na medida em que novos elementos surgem complexificando ainda mais os conflitos em torno da racionalização técnica das instituições e o imaginário coletivo em relação à organização da sociedade contemporânea.

A relação do homem com a técnica pode ser destacada em três fases como fora desenvolvido por DUARTE in MOMESSO (op. Cit. p. 24). A primeira constitui o período em que o homem constrói os objetos técnicos e com eles se equipam para melhor enfrentar a natureza ao seu redor, a segunda fase é a da maquinaria, onde algo trabalha independente do homem, e a terceira fase poderia ser chamada de cibernética:

“Atualmente estamos na era da cibernética ou da invasão de sistemas técnicos. (...) O relacionamento do ser humano já não se dá com instrumentos ou máquinas, mas com sistemas complexos que fogem a seu controle e que o homem parasita de injunções técnicas proporcionadas pela conjunção da informática, telecomunicações, satélites. (...) A matéria prima é o próprio conhecimento que é processado e gera novas informações. O resultado do trabalho executado através destas tecnologias não são objetos palpáveis mas articulações de signos (...).” (MOMESSO, op. Cit. p. 25 )
Inicialmente com máquinas de caráter simplório, mas não menos revolucionárias para suas épocas, a Revolução Industrial iniciou um processo de evolução tecnológica que até os dias atuais tem se mostrado ilimitado, pois “neste sentido elas são irreversíveis, na medida em que, em um primeiro momento, são um produto da história e, em um segundo momento, elas são produtoras da história, já que diretamente participam desse processo.” ( SANTOS, op. Cit. p. 145 )

As máquinas ocupam hoje um papel fundamental dentro da realidade de uma sociedade capitalista. Inúmeras discussões são desenvolvidas em torno do cenário do uso das máquinas, das vantagens e desvantagens existentes. A visão moderna em torno das máquinas traz como fonte de críticas o excesso de racionalização do cotidiano do homem acusando o poder de controle da técnica sobre o mundo social.  No entanto, toda e qualquer técnica deriva das inesgotáveis fontes de criatividade do homem e de suas necessidades. Dessa forma ele veio a desenvolver cada vez mais ferramentas que possibilitem explorar o mundo que o circunda, bem como facilitar suas atividades diárias. A técnica pois, além de um autêntico processo civilizatório, integrante sócio-cultural "é o conjunto das habilidades cujo auxílio permite aos homens o aproveitamento da natureza para fins humanos; como tal, é uma autêntica característica do homem e só do homem, nascendo com ele graças ao seu espírito inventivo." (L.W. VITA in: ORTEGA Y GASSET, 1963, p. 16)

Com relação à técnica, que vem do termo grego, oriundo da raiz sânscrita Tvaksh (fazer, aparelhar), esta designava para os helenos toda atividade forjadora, como habilidade de manipulação e produção de objetos materiais, habilidade de factura, implicando capacidade específica de execução, industriosidade, antes que verdadeira e lídima atividade criadora.

 Caracterizando-se a técnica como autêntico processo civilizatório, confere ela ao homem um crescente domínio sobre a natureza ao organizar o saber técnico. Para Malinowski, a técnica moderna surgiu como um imperativo das necessidades, das quais o homem não podia fugir. Porém, tal como a mentalidade, a ordem e a organização, a técnica corresponde diferentemente em determinadas estruturas sociais. Assim, enquanto a empresa medieval visava apenas o sustento dos que nela trabalhavam - tendo sua extensão reduzida devido à ordem econômica normativa - e a divisão técnica do trabalho permanecia rudimentar, já a fábrica moderna, que visa o lucro, é expancionista, racional, individualista quanto à mentalidade, livre e diferenciada quanto à organização, e científica e revolucionária quanto à técnica. VITA afirma, desta forma, em prólogo da obra Meditação da Técnica de ORTEGA y GASSET (1963) que estava precisamente na organização racional do trabalho o impulso que deslocou a técnica do artesão para a técnica do técnico, ou seja, através da racionalização que tornou mais produtivo o trabalho, que reduziu este a um mínimo em sua contribuição específica na produção de utilidades. Contudo, como nos mostra mais uma vez Luis Washington VITA, voltam-se alguns autores contra esta racionalização:

Berdiaev, por exemplo, quando escreve: "A técnica representa enorme papel na racionalização. É a técnica que empresta a força que racionaliza a vida da sociedade. Ora, a técnica é, ela também, uma força irracional; ela é desprovida de alma e indiferente ao homem. Por exemplo, a tecnicização e racionalização da indústria criam um fenômeno inumano e irracional: o desemprêgo." (Id. Ibidem. p. 17)

A técnica é acusada como anti-social, antiespiritual e como antinatural. Alguns autores afirmam estarmos vivendo a crise da modernidade, onde definem a máquina como o pior inimigo do homem e apontam-na como causa direta ou indireta da sua decadência espiritual. Acusam o mundo onde domina a máquina de ser um mundo sem alma, nivelador, mortificador, enfim, um mundo no qual a quantidade tomou o lugar da qualidade definitivamente e no qual o culto dos valores do espírito foi substituído pelo culto dos valores instrumentais e utilitários. Em resumo, o autor nos mostra a luta antitécnica:

"(...) Começou primeiro entre os porta-vozes dos socialistas utópicos do século XIX, com eles cerrando fileiras os marxistas que viam nas máquinas as grandes 'furadoras' de greves.  Fourier, por sua vez, critica com violência os excessos do industrialismo. Finalmente, Proudhon, ao estudar a divisão do trabalho, notara que 'mais se divide a mão-de-obra, mas aumenta o poder do trabalho, porém ao mesmo tempo, mais trabalho se reduz progressivamente a um mecanismo embrutecedor da inteligência', pois ao seu ver 'as máquinas nos prometiam um aumento de riqueza; e o que recebemos foi um aumento da miséria. Elas nos prometiam a liberdade; eu irei provar que elas nos trouxeram a escravidão'."   (Id. Ibidem, p. 19)
No plano espiritual, L.W. VITA cita BERDIAEV quando este crê que a civilização mecano-técnica é fatal a alma, onde "o coração suporta mal o contato gelado do metal".  Ainda mais assustadora é a posição de SPENGLER quando afirma que "a criatura está se erguendo contra o homem" (Id. Ibidem. p. 30). A máquina deixa de servir ao homem para ir gradativamente forçando o homem a se adaptar a ela. A verdade é que a cada dia a civilização parece depender mais e mais da técnica ao mesmo tempo em que temos a sensação de que a técnica sepulta a nossa civilização.

A técnica, em outras palavras, é o esforço para poupar esforço. Com a técnica o homem além de distanciar-se mais da natureza, cria possibilidades completamente novas produzindo objetos que não existem na natureza do homem. Assim o navegar, o voar, o falar com um semelhante mediante o telégrafo, a radio-comunicação ou a comunicação via satélite. A questão é, pois, não é adjacente, senão que pertence à própria essência da técnica, e esta não se entende se nos contentamos com confirmar que poupa esforço e não nos perguntamos em que se emprega o esforço disponível. Não caberia adentrar tal discussão nesta monografia, contudo, por muitas razões, com efeito, a técnica chegou hoje a uma colocação no sistema de fatores integrantes da vida humana que jamais tivera. ORTEGA y GASSET (1963) ao capítulo onze de sua obra relata que, "Os supostos técnicos da vida superam gravemente os naturais, de sorte tal que materialmente o homem não pode viver sem a técnica a que chegou" (op. Cit. p.87).  Ele prossegue mostrando que um dos traços que leva o homem a descobrir o caráter genuíno de sua técnica foi o trânsito do mero instrumental à máquina, isto é, ao mecanismo que atua por si mesmo, sendo assim não mais um utensílio que auxilia ao homem, mas ao contrário, onde o homem se reduz a auxiliar da máquina.

No entanto é importante salientar que a técnica não veio de outro lugar se não das próprias idéias humanas, de seus projetos sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de poder e de toda gama dos jogos dos homens em sociedade. A máquina na figura do computador revela hoje um mundo de alternativas e possibilidades, porém muito difícil ainda de contornar seus principais efeitos na esfera sócio-ambiental.

Com o computador, surge então uma nova possibilidade de transporte de idéias, de signos, comandos, de informação. E esta nova forma de “transporte” da informação, se reflete em todos os setores de uma sociedade, segundo IANNI (1996, p. 97):

“Tudo se globaliza e virtualiza, como se as coisas, as gentes e as idéias se transfigurassem pela magia da eletrônica. A onda modernizante não pára nunca, espalhando-se pelos mais remotos e recônditos cantos e recantos dos modos de vida e trabalho, das relações sociais, das objetividades, subjetividades, imaginários e afetividades.”
A técnica, enquanto dom criativo do homem, afeta todas as instâncias de construção sócio-cultural da vida em sociedade. O desenvolvimento técnico, incorporado pelas vias de evolução da informática e da telecomunicação deu luz à telemática.  A este processo se denominou de tecnologias da informação. As tecnologias da informação, impulsionam, condicionam as novas relações sociais. Tais tecnologias advém não da noite para o dia, mas de um processo que culminou naquilo em que ALCOFORADO (1997) chama de Revolução Tecnológica:
“A revolução tecnológica se faz sentir praticamente em todo mundo com a introdução da informática, da microeletrônica, dos novos materiais e da biotecnologia aos processos produtivos. O avanço tecnológico alcançado nos últimos 30 anos tem sido fantástico em todos os setores da atividade humana, seja na agricultura, na indústria, no comércio e nos serviços.” (ALCOFORADO, op. Cit. p. 50)
Na última década do século XX, tal crescimento da tecnologia se concentra na figura do computador. Este se tornou a base de muitos dos processos da teleinformática, da telemática e das gestões empresariais, ao mesmo tempo em que ampliou a comunicação entre as pessoas, diminuindo as distâncias, e aproximando cada vez mais a sociedade para um processo global de interação social e econômica:
“No século passado e durante muito tempo, a única máquina com status conceitual nas ciências sociais era a máquina-instrumento, lugar agora cedido ao computador. Ele o deve às suas qualidades na tomada de decisão e nos processos de coordenação e concentração, permitindo a coerência da ação e a possibilidade de previsão. Manipulador da informação, o computador amplia o poder de comunicar (antes realizado pelo automóvel, o rádio, a televisão e a mídia impressa) e permitindo rapidez e, mesmo, imediatez na transmissão de recebimento das mensagens e ordens.” ( SANTOS, op. Cit. p. 148 )
Aliado ao computador, desenvolve-se segundo ALCOFORADO (op. Cit. p. 50) “a tecnologia do superhighway ou super-rodovia da informação ou superinfovia que, possibilitando a união da informática com as telecomunicações, vai proporcionar as condições para que sons, imagens e dados transitem  à velocidade da luz numa única linha.”

Ou como cita IANNI (op. Cit. p. 100), em que tais transformações assumem um papel mágico, fazendo com que “o caos transfigura-se em um sistema de signos, símbolos, linguagens, metáforas, emblemas, alegorias; simultaneamente, este sistema transfigura-se em um texto complexo, um hipertexto; um hipertexto que pode ser lido, traduzido, parafraseado, transliteralizado.”.

Vive-se na realidade da informação. Informação esta que, mediante as tecnologias das redes que dinamiza os acontecimentos, possibilita o crescimento da globalização criando novos caminhos de relação não só entre sociedades, mas abrindo, ao mesmo tempo, novas formas de comunicação e contato para os movimentos sindicais. É importante salientar que não se deve agregar à Internet um valor ufanista acreditando ser este o meio de comunicação atual e futuro mais democrático em comparação aos meios já anteriormente discutidos, pois, além de não podermos profetizar os rumos que se farão através da sua utilização, o seu funcionamento depende de uma certa responsabilidade social.

A Internet trouxe uma grande mudança de interação entre o ser humano, a máquina e a informação. Embora com níveis ainda em crescimento de números de usuários, muito ainda se discute sobre o enorme contigente excluído e sem acesso às linhas de conexão. Ainda assim, estudiosos creditam cada vez mais a possibilidade de que muito do que hoje é realizado fora das nossas residências, como compras, leituras, pesquisas, passem a ser algo corriqueiro através do computador ligado a essa imensa rede de informações que interliga os mais variados grupos e comunidades sociais do nosso mundo.

Tendo em vista esse desenvolvimento das tecnologias de rede, muitos dos grandes fabricantes de programas e computadores de todo o mundo baseiam suas novas ferramentas tecnológicas na Internet. Esta, sem qualquer sombra de dúvida, é uma das mais modernas possibilidades de comunicação idealizadas pelo ser humano em prol de privilegiar a informação.

Concentrando-se atenção nas organizações sindicais indicadas, não se pode deixar de atribuir ao movimento sindical, em sua totalidade, as possibilidades geradas pelo uso da Internet e que tanto podem afetar as ações reivindicatórias e/ou políticas destas associações. É inegável a crescente participação da rede virtual na vida das pessoas e das organizações, sejam estas produtivas ou não.

A rede virtual de computadores, ainda que esteja construindo sua lógica de funcionamento, já dispõe de características próprias compondo um espaço de comunicação  propício à coexistência e atuação de vários campos sociais, dentre eles o campo político. Os sindicatos já transitam neste ambiente midiático(17) do ciberespaço(18), onde podem experimentar um novo tipo de interatividade. Este espaço está gradativamente alcançando um grande público, sendo assim faz-se imprescindível analisar suas peculiaridades que o torna diferente dos demais meios de comunicação.

O próprio título dessa pesquisa é fruto de uma hipótese polêmica que contradiz a própria essência da comunicação sindical como nos mostrou MOMESSO (1995), ao afirmar que ela depende do contato inter-pessoal, um contato material, real. Quando se analisa a Internet é fácil ultrapassarmos as barreiras das limitações do real, pois sua lógica de funcionamento coloca como ponto central a questão do espaço-tempo. O usuário uma vez conectado a rede, torna-se invariavelmente um “viajante” cujo destino é traçado através do teclado de um computador, fazendo com que tais comandos o coloque em contato direto com outras culturas, outras pessoas, não importa o local, o fuso horário.

A palavra virtual em muito está associado a questão do computador e LÉVI (1996, p. 15) demonstra como o seu uso no cotidiano é facilmente explorado:

“(...) No uso corrente, a palavra virtual é empregada com frequência para significar a pura e simples ausência de existência, a “realidade” supondo uma efetuação material, uma presença tangível. O real seria da ordem do “tenho”, enquanto o virtual seria da ordem do “terás”, ou da ilusão, o que permite geralmente o uso de uma ironia fácil para evocar as diversas formas de virtualização.”
Contudo segundo o próprio autor, essa associação e o uso do significado da virtualidade encontra-se equivocada. A palavra virtual vem do latim medieval, ou virtualis, que deriva de virtus, força e/ou potência. Ou seja, o virtual seria a característica potencial e não o ato em si:
“O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado no entanto à concretização efetiva ou formal. A árvore está virtualmente presente na semente. Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe ao real mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes.” (id. Ibidem, p. 15)
Ou seja, a virtualização pode ser definida como um caminho contrário da atualização, a elevação da potência da entidade considerada, da entidade virtual. LÉVY (Id. Ibidem. p. 18) cita o caso de uma empresa como um dos maiores exemplo da virtualização de uma entidade:
“A organização clássica reúne seus empregados no mesmo prédio ou num conjunto de departamentos. Cada empregado ocupa um posto de trabalho precisamente situado e seu livro de ponto, especifica os horários de trabalho. Uma empresa virtual, em troca, serve-se principalmente do teletrabalho; tende a substituir a presença física de seus empregados nos mesmos locais pela participação numa rede de comunicação eletrônica e pelo uso dos recursos e programas que favoreçam a cooperação. Assim, a virtualização da empresa consiste sobretudo em fazer das coordenadas espaço-temporais do trabalho um problema sempre repensado e não uma solução estável. O centro de gravidade da organização não é mais um conjunto de departamentos, de postos de trabalho e de livros de ponto, mas um processo de coordenação que redistribui sempre diferentemente as coordenadas espaço-temporais da coletividade de trabalho e de cada um de seus membros em função de diversas exigências.”
Dessa forma, o uso que se faz da virtualidade não pode mais ser algo centralizador, mas sim, flexível. Tais características fazem da virtualização mediante suas próprias lógicas, novas formas de interação que diferem da realidade, do contato corpóreo, pois esse fenômeno “reinventa uma cultura nômade, não por uma volta ao paleolítico nem às antigas civilizações de pastores, mas fazendo surgir um meio de interações sociais onde as relações se reconfiguram com um mínimo de inércia.” (Id. Ibidem. p. 21)

O virtual portanto amplia a possibilidade daquilo que é feito no cotidiano, o conversar, o interagir, são atos por exemplo, que sofrem uma potencialização irrestrita que as torna diferente no mundo das tecnologias da informação, principalmente na Internet. Porém até que ponto a virtualização não surge como uma forma de extinção dos laços que forma uma entidade como os sindicatos e que têm na sua natureza o contato inter-pessoal como grande triunfo? O mesmo LÉVY (Id. Ibidem. p. 23) toca nessa questão ao indagar e afirmar que:

“A multiplicação dos meios de comunicação e o crescimento dos gastos com a comunicação acabarão por substituir a mobilidade física? Provavelmente não, pois até agora os dois crescimentos sempre foram paralelos. As pessoas que mais telefonam são também as que mais encontram outras pessoas em carne e osso. Repetimos: aumento da comunicação e generalização do transporte rápido participam do mesmo movimento de virtualização da sociedade, da mesma tensão em sair de uma ‘presença’. ”
Através dessa monografia e na criação do tema “Sindicalismo Virtual”  pode-se considerar inicialmente como hipótese, não uma desagregação do movimento sindical, mas uma potencialização do seu caráter aglutinador, de uma comunicação objetiva, rápida, dinâmica para atingir objetivos específicos dos mais variados. Ou seja, a possibilidade de que o real, o ato da militância sindical, possa se tornar virtual, se tornar amplo, ser potencializado, atingindo não apenas aos trabalhadores do SINDAE ou do SBBA, mas toda uma sociedade, através de uma outra via de comunicação.

A Internet possibilita não só o crescimento de contatos entre as pessoas, como por exemplo através do chat(19), uma das formas mais populares de interação da rede, mas amplia a possibilidade de divisão de informações de uma maneira pouco vista em muitos dos meios de comunicações existentes:

“Como um dos principais efeitos da transformação em curso, aparece um novo dispositivo de comunicação no seio de coletividades desterritorializadas muito vastas que chamaremos “comunicação todos-todos”. É possível experienciar isso na Internet, nos chats (BBS), nas conferências ou fóruns eletrônicos, nos sistemas para o trabalho ou a aprendizagem cooperativos, nos groupwares, nos mundos virtuais e nas árvores de conhecimentos. Com efeito, o ciberespaço em via de constituição autoriza uma comunicação não mediática em grande escala que, a nosso ver, representa um avanço decisivo rumo a formas novas e mais evoluídas de inteligência coletiva.” (Id. Ibidem. p. 113)
O texto, como uma das formas mais antigas de informação, possui não apenas a função de informar. No ciberespaço, a informação virtualizada, ultrapassa uma função real, que pode atingir inúmeras pessoas em qualquer parte do globo. Através de links, aquele texto pode ter sua acessibilidade multiplicada por mil, pois em questão de segundos a informação desse chamado “hipertexto” é distribuída livremente mediante o e-mail:
“No ciberespaço, como qualquer ponto é diretamente acessível a partir de qualquer outro, será cada vez maior a tendência a substituir as cópias de documentos por ligações hipertextuais; no limite, basta que o texto exista fisicamente uma única vez na memória de um computador conectado à rede para que ele  faça parte, graças a um conjunto de vínculos, de milhares ou mesmo milhões de percursos ou de estruturas semânticas  diferentes.” (Id. Ibidem. p. 48)
É na figura do “hipertexto” que o real e o virtual se mostram. O hipertexto além de modificar a questão da leitura, o seu aspecto material da relação com o papel, é um dos principais senão o principal, “tronco” que forma a imensa rede:
“A partir das home pages e dos hiperdocumentos on line, pode-se seguir os fios de diversos universos subjetivos. (...) Os vínculos podem remeter a endereços que abrigam não um texto definido, mas dados atualizados em tempo real: resultados estatísticos, situações políticas, imagens do mundo transmitidas por satélite...” ( Id. Ibidem, p. 48)
No caso desta monografia, o ponto de partida essencial para a possibilidade (ou potencialização) da militância sindical se deu justamente através das home pages. É quase incalculável a quantidade de hipertextos que são produzidos e inseridos a cada dia na rede, e que por conseqüência ampliam cada vez mais a importância da Internet. Todo tipo de informação, pode ser alocada neste mundo virtual, bem como a sua modificação por parte do seu criador é facilitada.
 

4.1 As Home Pages
 

Como parte da monografia, as análises das home pages das entidades estudadas constitui um dos passos importantes para considerações à respeito do tema que une a figura dos sindicatos baianos e a rede Internet. As home pages como já foi dito, são um alicerce extremamente eficaz para as análises, visto que elas se tornam os pontos-chaves na compreensão de fatores como a adequação de tais entidades à lógica da Internet.

Sobre o site do Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia, a página é extremamente simples. Recentemente sofreu uma certa alteração devido a sua dificuldade de oferecer ao visitante uma navegação mais dinâmica. As opções de acesso as diferentes seções na página encontravam-se distantes da vista do internauta. Um outro ponto a ser considerado, é que a visita às home pages na Internet, dependem e estão ligadas intrinsecamente ao processo dinâmico da atualização da página. Quanto menor o período de atualização da home page, inclua-se aí informações adicionais, uma maior probabilidade de visitas se dará à mesma. Um quadro contrário fora constatado na página do SINDAE:

“A nível do boletim basicamente, é o que muda em nossa página é isso. Não tem nem tempo. E não vai, às vezes você (...) o boletim sai dois, três, quatro, cinco aqui, que a gente tá em processo de seleção (...) mas lá tá no antigo (referindo-se à Home Page) porque não tem condições.” (Sindicalista, SINDAE)
Basicamente, a home page do SINDAE se constitui da seguinte maneira:
Quem somos – Aqui pode-se conhecer um pouco da história do sindicato desde da sua origem, até os desafios atuais em que eles se propõem superar.

Composição Política – Neste item é retratado o quadro das pessoas que organizam o SINDAE, bem como o seu funcionamento, através de uma estrutura.

Base Sindical – São mostrados em números mediante tabelas, a quantidade dos trabalhadores ligados a empresas de saneamento que estão vinculados ao SINDAE

Estrutura Administrativa – É mostrado o quadro de funcionários que trabalham no SINDAE, sendo este composto por 18 pessoas recrutadas através de um concurso.

Nosso Patrimônio – É mostrado endereço e foto da sede, bem como uma descrição da infra-estrutura da mesma.

Boletim Gota D’Água: Este boletim procura debater os principais problemas enfrentados pelo SINDAE, bem como servir de forma jornalística para os fatos políticos dos sindicatos trazendo à tona algumas discussões. Alguns números do boletim podem ser lidos na íntegra na rede, embora exista também uma tiragem em papel de cerca de 8000 exemplares.

Fórum Controle Social do Bahia Azul – Discussões em torno do projeto Bahia Azul que vem sendo realizado em Salvador.

Terra, Planeta Água – Texto explicativo sobre o futuro da água

Ajuda aos Sem Terra  - Campanha em prol do Movimento dos Sem Terra de Salvador, bem como um Link para a página do Movimento dos Sem Terra no Brasil.

Programa ÁGUA VIVA – Boletim em prol do uso racional da água, bem como artigos sobre o futuro da mesma no mundo.

Projeto de lei n. 266/96 (concessão de saneamento) – Artigo que debate a lei em vigor sobre a concessão de saneamento

Dossiê Programa Bahia Azul – Documento construído pelo SINDAE sobre as obras do Bahia Azul, trazendo a tona suas vantagens e desvantagens para a população.

Saúde do Trabalhador – Guia sobre a saúde do trabalhador na Bahia, bem como artigos que integram essa problemática.

Privatizar a Água é Crime – Artigo sobre a privatização das empresas de água da Bahia.

Um dos aspectos positivos do site é o uso de ferramentas que possibilitam um maior grau de discussão, como as listas de discussão, enriquecendo dessa forma o contato entre o visitante e o sindicato. Aliado a isso, como pode ser visto no conteúdo do site, o SINDAE procura expor de maneira eficiente e clara muitas das questões políticas que englobam a sua área de atuação e esforçam-se para que cheguem até outros setores da sociedade.  Através de uma política social representada pelo que chamam de um ‘Sindicato Cidadão’, o SINDAE mostra através de seu site uma preocupação em trabalhar com questões que envolvam toda a sociedade. Isto está refletido, primeiramente, na página principal, em que denominam de ‘Portal de Entrada’ e que vem com a marca de uma ONG chamada ZUMBI. Neste portal, além do SINDAE estão presentes outras entidades e instituições sociais e que tratam de assuntos relevantes à problemática do desenvolvimento social. O SINDAE enquanto uma entidade a mais nesse portal, mostra sua preocupação às questões ligadas à água e tem como objetivo informar não somente a sua categoria mas a toda a sociedade, mesmo que sua própria avaliação demonstre ser esta prática pouco reconhecida.

Assim como a do SINDAE, a home page do Sindicato dos Bancários da Bahia também apresenta um layout simplificado. Embora com opções e um dinamismo muito maior com relação as informações.

Como ponto negativo, o site dos bancários apresenta uma dificuldade para navegação, visto que as opções não se encontram de forma facilitada para o visitante. Reitera-se a necessidade de uma revisão para fins de melhorias, pois quanto maior a dificuldade da navegação em um site, consequentemente a tendência de que o internauta não mais retorne a ele é quase imediata. Outro aspecto negativo que pode ser destacado, relaciona-se ao e-mail ou correio eletrônico. Embora o sindicato tenha procurado usar de um artificio para que o mesmo e-mail (sbba@svn.com.br) pudesse ser utilizado por todos os funcionários, este se mostrou ineficiente. Até o presente momento da pesquisa de campo, o correio do sindicato não funcionava corretamente, fazendo retornar todas as mensagens que eram enviadas à entidade, limitando ainda mais o uso da rede e impossibilitando dessa forma, um contato através do correio eletrônico.

A home page do SBBA em linhas gerais se constitui da seguinte forma:

Nota-se através das seções que compõem a página, que o site do SBBA está muito mais dirigido para os trabalhadores filiados do que para a sociedade de uma forma geral. A comunicação sindical do SBBA se dirige de maneira mais interna do que externa. Tal comportamento pode ser atribuído pelo fato de que a categoria conta, como as entrevistas revelaram, com um maior número de pessoas que usam da Internet, do que o SINDAE. E como este último não consegue atingir a base de trabalhadores que o forma, sua comunicação via Internet, se dirige para um público mais amplo, a sociedade como um todo.

Diferentemente da página do SINDAE, a home page do Sindicato dos Bancários da Bahia possui um contador de acessos, o que permite um julgamento da demanda de quantas pessoas procuram a entidade por meio desta via. Até o fechamento desta monografia, cerca de quatorze mil pessoas haviam visitado a página. Segundo o diretor entrevistado, um julgamento já foi auferido ao desempenho do site:

“Na minha opinião, pra três anos é um número relativamente baixo, mas nós temos consciência também do seguinte, que uma página ela só é visitada se você (...) primeiro, se você está sempre num processo de atualização dela, de mudanças de seu layout, colocando novidades, e o fato é que desde 96 nossa página não muda, não muda, então já está um pouco defasada.  Então, isso também talvez tenha contribuído pra ela ter na minha opinião ter sido pouco visitada.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
Contudo, fica difícil identificar que tipos de visitantes o site recebeu. Como já foi afirmado anteriormente, o site possui uma direção mais interna, procurando atingir a classe bancária, o que poderia supor que grande parte desses visitantes, seriam dos próprios trabalhadores filiados. A comunicação então com o uso da rede torna-se unilateral e com uma visão limitada do universo a ser atingido. Isto termina por agravar uma realidade sobre a falta de interesse político pelas questões tratadas pelos sindicatos, com relação aos usuários da rede, segundo um dos entrevistados durante a pesquisa:
“...uma pessoa que mora num edifício, num condomínio que tenha água, saneamento, que tem esses confortos, não vai procurar saber porque tá privatizando a EMBASA, porque não tem saneamento(...) porque ela tem acesso, então, infelizmente essas pessoas que tem acesso ao meio de comunicação Internet, não se interessam por essas questões.” (Sindicalista, SINDAE)
Dessa forma, as páginas para que estejam aderindo à própria funcionalidade da Internet, precisam estar em constante atualização de suas informações e principalmente em um processo de divulgação. A Internet engloba informações de todos os tipos, e o volume desse “mundo” de informações vem crescendo de forma significativa, ano após ano. Algumas estratégias poderiam ser utilizadas para divulgar as páginas dessas entidades, contudo vale ressaltar que boa parte dessas estratégias ferem, a princípio, o direito das pessoas que usam da rede. É o caso do spam, que consiste em enviar para dezenas ou mesmo centenas de pessoas, uma mensagem, criando assim uma forma de corrente que deve ser seguidamente passada a frente. O grande problema é que muitas dessas mensagens terminam por incluir em seus destinatários, pessoas que tem sua privacidade atingida ao ter seu o seu e-mail facilmente divulgado. O correio eletrônico do internauta portanto, passa a receber uma série de mensagens indesejadas. Tal estratégia entretanto não encontra adeptos como forma de divulgação dos sites dos sindicatos:

Uma outra estratégia seria a divulgação de notícias através dos chats. Como uma espécie de outdoor eletrônico, em que as notícias poderiam ser atualizadas permanentementes e à vista de todos os que se encontram em uma sala “virtual” de conversação. Entretanto é uma outra estratégia que os sindicalistas não apoiam, pois assim como o spam, a inserção de notícias em ambientes da rede em que as pessoas não procuram uma discussão política, também poderia auferir resultados extremamente negativos:

“Mas pode (...) tenha certeza de que se isso fosse possível e isso fosse aceitável pela comunidade da Internet, isso já teria sido feito pelas empresas. Então essa tentativa de você tá disponibilizando notícias no IRC, por exemplo, é totalmente contra aos princípios das pessoas que freqüentam isso. As pessoas abominam esse tipo de coisa.  Então , há uma reação dos internautas com relação a isso. Então, eu não sei se você acompanhou isso, desse processo de Internet, mas quando a Internet (...) era militar, passou a ser acadêmica e depois passou pra sociedade, teve guerra, campanhas pra que não fosse comercial como é hoje. Hoje ela é comercial e muitas das pessoas que acompanharam o processo foram contra justamente por esse tipo de coisa. Você tá perdendo a privacidade de estar no lugar e tem fazendo publicidade sem você querer ver. Isso é uma questão que tá sendo discutida até hoje.” (Sindicalista, SINDAE)
Com base no depoimento do sindicalista, a estratégia mais plausível então, é a disponibilização da informação na rede. O uso do recurso de aglutinar em um só local ou portal, como foi discutido anteriormente, as entidades que de maneira ou outra estão diretamente ligadas as questões sociais, políticas e econômicas da Bahia, pode não aumentar e abarcar um número maior de pessoas, mas as informações contudo tornam-se uma só, criando para o visitante uma maneira facilitada de ter a sua disposição, todo o conteúdo necessário que envolva a realidade de entidades como o SINDAE e o SBBA.

Tais características portanto não podem ser totalmente maléficas aos movimentos sindicais. A rede permite ao usuário, diferentemente de muitos outras formas de comunicação, que as palavras cheguem aos demais indivíduos na sua forma original e em menos tempo do que jornais, ou mesmo a própria televisão, que são na maioria das vezes os meios mais utilizados pelos sindicatos:

“Como se sabe, os meios de comunicação clássicos (relacionamento um-todos) instauram uma separação nítida entre centros emissores e receptores passivos isolados uns dos outros. As mensagens difundidas pelo centro realizam uma forma grosseira de unificação cognitiva do coletivo ao instaurarem um contexto comum. Todavia esse contexto é imposto, transcendente, não resulta da atividade dos participantes no dispositivo, não pode ser negociado transversalmente entre os receptores. O telefone (relacionamento um-um) autoriza uma comunicação recíproca, mas não permite visão global do que se passa no conjunto da rede nem a construção de um contexto comum. No ciberespaço, em troca, cada um diferenciado, não fixo, disposto pelos participantes, explorável. Aqui, não é principalmente por seu nome, sua posição geográfica ou social que as pessoas se encontram, mas segundo centro de interesses, numa paisagem comum do sentido ou do saber” (LÉVY, op. Cit. p. 113)
Contudo, as entrevistas tocaram em um ponto comum sobre a prevalência do real, ou seja, as políticas de comunicação dos sindicatos SINDAE e SBBA atribuem um papel ineficiente e até mesmo negativo à Internet, ao ser colocada como uma nova via de comunicação dessas entidades, para fins de mobilização, para o chamado “corpo a corpo” da militância sindical:
“Porque a partir do momento que vieram as novas tecnologias, veio a Internet, as pessoas tão deixando muito de se falar também... Falar mesmo, eu te ouvir e você me escutar (...) e os movimentos sociais, principalmente o movimento sindical tem articulação com as pessoas (...), se você vier conversar comigo, pra gente saber o que vai fazer.”. (Diretor de Formação, SINDAE)
Ou, como nos afirma veementemente o entrevistado do SBBA:
“Quando isso acontecer, os sindicatos acabam! Sabe porque isso? Porque o movimento sindical vive muito do contato direto com o trabalhador e isso é fundamental até como forma dele se oxigenar e tudo. Ele tem que ter o contato com o trabalhador. Se ele não tiver esse contato, ele perde até o sentido dele, então você transforma o sindicalismo num sindicalismo populista, ou num sindicalismo virtual mesmo né ? Praticamente inexistente. Então a gente tem que ter muito cuidado, porque a gente deve utilizar esse novo instrumento de informação que é a Internet, mas a gente não pode nunca substituir o contato direto com os trabalhadores. Isso deve ser mais uma ferramenta, a Internet deve ser mais uma ferramenta pra nos ajudar a fazer esse intercâmbio, passar essas informações aos trabalhadores. Mas, o contato com os trabalhadores é o ponto base da atividade sindical. Sem esse contato com os trabalhadores, os sindicatos perdem muito, e muito, o sentido de sua existência.” (Diretor de Imprensa, SBBA)

 
A Internet em comparação aos demais meios de comunicação externos (televisão, rádio, jornal) apresenta um custo muito menos significativo. O acesso a ela se dá por um computador, um modem ( aparelho que permite o tráfego de dados através da linha telefônica ) e uma linha telefônica. Embora seu acesso seja muito mais fácil do que os demais, a Internet ainda esbarra numa questão capital para o seu crescimento. Embora o seu crescimento ano a ano seja considerado um sucesso, a disposição de se integrar à rede ainda encontra-se distante para muitos. Até mesmo aqueles que são considerado internautas, entram em contato com a Internet graças ao acesso que hoje é difundido em muitas instituições (escolas, universidade, bibliotecas, firmas, etc...) sejam elas públicas ou privadas.

Quando os “sujeitos” dessa pesquisa foram delineados, obtemos dois sindicatos cuja base de trabalhadores tem origem tanto de empresas públicas e privadas. Contudo, o uso da Internet por tais trabalhadores é extremamente diferenciado. Os bancos por lidarem com grandes somas de dinheiro, aplicações, banco de dados, necessita nos dias atuais de uma sólida organização informatizada, o que transforma o ambiente de trabalho de um bancário, ideal para o uso da rede. Por um lado, a base maior de trabalhadores que forma o SINDAE em nada se assemelha à classe bancária, quando o assunto trata de tecnologia de informação e da Internet:

“ A nossa base mesmo de trabalhadores é o operador, é o cara que tá cavando buraco na rua. Então nossa informação é basicamente para o público e não para os nossos trabalhadores. A gente não consegue atingir nossos trabalhadores via Internet. A gente tenta atingir a sociedade.” (Sindicalista, SINDAE)
O uso da Internet pelos bancários torna a rede como um instrumento eficaz na realidade sindical bancária, quando falamos de comunicação. A troca de informações é uma constante:
“Uma coisa fantástica é o serviço de e-mail, né? Pra vocês terem uma idéia, os bancos eles todos têm um serviço de e-mail para os funcionários. Os bancos na sua maioria. Então você tem pra cada funcionário hoje tanto em agência como em departamento, não aqueles funcionários que estão ali na boca do caixa, mas os bancários que trabalham em departamento, que é a grande maioria, os que estão na retaguarda lá dentro, todos eles têm um terminal na sua frente, e todos eles que trabalham com um terminal, à rigor, os bancos dão um endereço eletrônico, né? Então eles passam muito e-mail, há um tráfego muito grande de informações entre eles, e mandam para os sindicatos também e tudo.” (Diretor de Imprensa, SBBA)
Ao analisar essa dualidade do real e do virtual, depara-se entretanto com uma incoerência, um choque de concepções do que seria o uso da rede pelas entidades estudadas, ou mesmo das próprias concepções do ambiente da comunicação sindical proposta por elas. Isto se encontra explícito na home page de um dos sindicatos, ao proporem para os que visitam o site, sejam eles filiados ou não, “viajarem num mundo sindical virtual”. Mas o que seria então um mundo sindical virtual? Seria apenas um mundo de informações da entidade? As concepções tornam-se contraditórias, pois como já foi visto, o mundo sindical não consiste exclusivamente de informações, mas de atos, de mobilizações concretas envolvendo seres humanos objetivando conquistas políticas, sociais e econômicas. É a chamada apropriação indevida do uso da concepção do virtual no cotidiano, como foi dito por LÉVY (1996) no início deste capítulo. Desta forma, como já foi anteriormente colocado por um diretor do sindicato, da descrença na Internet como meio de mobilização dos trabalhadores (até mesmo como ponto de partida para o seu fim), ao uso restrito de suas possibilidades, a existência do mundo sindical virtual como é descrita na home page é, consequentemente, ainda inexistente. A possibilidade de um Sindicalismo Virtual provoca inúmeras discussões e que tentamos iniciar. O mundo de ações que envolve o sindicalismo fora tratado por nós, nesta monografia, sob a égide da comunicação sindical, e assim como a entendemos nesta etapa da pesquisa, o sindicalismo virtual ainda não parece ser um meio adequado para a sua real efetivação.

 
CONSIDERAÇOES FINAIS
 
 

Após sete meses de pesquisa, algumas importantes conclusões foram obtidas, acerca do papel da Internet, dentro das entidades sindicais baianas estudadas. Outras conclusões mostraram um pouco das estratégias das ações sindicais nos diferentes meios de comunicação, assim como seus efeitos, principalmente o da Internet, nas políticas de comunicação sindical na Bahia.

A pesquisa revelou ao mesmo tempo, peculiaridades na organização das estruturas dos sindicatos baianos aqui referidos, principalmente no quesito da comunicação e seus diversos meios. Os sindicatos atuais em nada se parecem com as pequenas associações do início do século, quando começaram a surgir sob forte influência do processo de industrialização e urbanização do país. Os sindicatos tornaram-se gradativamente elementos de resistência e denúncia importantes na conjuntura política e social do país e na Bahia. Atualmente, contudo, essas Instituições vêm enfrentando mudanças e ameaças externas de políticas que incentivam a fragmentação, precarização e diminuição dos postos de trabalhos, que consequentemente, afetam a estrutura de base dos trabalhadores que os compõem. A força e a real eficácia dos movimentos sindicais em realizar grandes mobilizações e reivindicações está no assunto do dia dessas organizações.  Buscou-se, desta forma, uma maior compreensão da maneira pela qual os sindicatos investigados ocupam e utilizam da rede virtual, como nova ferramenta da comunicação nas suas estratégias e políticas de conquistas.

A profissionalização e atual estruturação dessas Instituições e de seus departamentos internos, na figura dos sindicatos abordados, revelou que além de sedes próprias, a infra-estrutura que dispõem aponta para uma certa autonomia capaz de gerir boas possibilidades de organização interna. Verificou-se a disponibilidade de auditórios, de departamentos especializados, gráficas próprias, e equipamentos de computação atualizados. Simultaneamente, no que tange aos aspectos da comunicação sindical, estes ainda se apresentam, principalmente quando referidos à Internet e a sua ocupação, um certo grau de amadorismo e preconceitos, bem como uma real incerteza quanto ao uso e funcionalidade desse novo meio.

Muitas questões permanecem ainda abertas após o fim dessa pesquisa, que tentou responder apenas à algumas hipóteses preliminares. Outras tantas questões surgiram ao longo do trabalho e que suscitaram dúvidas nas mais diversas áreas do saber científico. Estas talvez tenham sido a grande recompensa, o fruto de nossas investigações: abrir o tema proposto ao interesse de outros pesquisadores fornecendo desde já um apanhado de considerações prévias.

Perguntou-se desde o início, até que ponto a Internet é tem seu valor reconhecido dentro dessas entidades mediante o grau de utilidade alcançado, ao fazerem parte do mundo virtual. Verifica-se que sob o ponto de vista tecnológico muitos dos meios de comunicação surgidos ao longo desse século progrediram rapidamente e tendem a se expandir cada vez mais sob a égide de uma sociedade global. A rede mundial de computadores, ainda se encontra em fase de plena expansão. Tornou-se aberta ao público do Brasil e da Bahia há pouco mais de cinco anos, porém já se tem números incríveis do quanto as tarefas antes atribuídas ao cotidiano físico dos indivíduos, vem sendo transferidas para o mundo virtual da Internet. Pode-se citar algumas dessas atividades como: as movimentações financeiras, compras de livros, discos, remédios, consultas médicas, pesquisas em bibliotecas e até mesmo relacionamentos chamados de ‘sexo virtual’.

A comunicação através da Internet tem como principal caraterística a sua capacidade de potencialização das informações jogadas em rede. A atualização dessas informações devem ser constantes, assim caracterizadas por toda uma re-concepção do tempo e do espaço provenientes do mundo virtual via Internet. Daí o seu grau de utilidade e funcionalidade. Em se tratando de uma sociedade cada vez mais informatizada, onde prevalece a imediatez das informações, o papel da Internet vem intensificando-se cada vez mais como meio e ferramenta das comunicações atuais. Sua crescente facilidade de acesso iniciou-se, principalmente, pela veloz tendência de pessoas utilizarem os computadores no seu dia a dia e dos processos da informática nas organizações, tão presentes e tão ‘indispensáveis’ nos tempos modernos.

Os dois sindicatos estudados se integraram naturalmente à rede, já que hoje os sistemas informatizados fazem parte da vida dessas entidades, seja para agilizarem as tarefas de elaboração de boletins, cartas e informes, ou o próprio uso da rede para fins específicos, embora tenham sido detectadas diferentes formas e meios de utilização destes sistemas. O uso da Internet mostrou-se, no entanto, diferenciado tanto para o Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto, como no Sindicato dos Bancários. A Internet como via de comunicação, é muito mais difundida no SBBA. Como já foi afirmado, a inserção da informática nas agências bancárias propiciou aos trabalhadores uma familiaridade com a rede principalmente na figura de uma de suas funcionalidades, o e-mail. Diferentemente a este quadro, o SINDAE em nada aproveita as potencialidades na rede quando em relação aos seus trabalhadores. O sindicato, como  foi revelado nas entrevistas, possui como base principal, uma grande leva de trabalhadores cuja remuneração é muito baixa. Outro fator que exclui o acesso da maioria desses trabalhadores à rede é  o local e ambiente de trabalho, que em nada se compara às agências bancárias e seus inúmeros terminais de computadores. Mesmo que isto não signifique estarem ligados à rede Internet, ou que sejam adeptos a esta, o acesso em muito encontra-se potencializado.

A prevalência de atos e ações reais, sobretudo o contato físico, em que visam uma comunicação mais efetiva, aliados a um julgamento mais negativo à rede Internet, que estaria colocando em xeque a própria existência do movimento sindical, são fatores que demonstram o quão longínquos se encontram as visões dos sindicatos baianos sobre as perspectivas da rede. O Sindicato dos Bancários da Bahia, apesar de ter difundido esse novo meio de comunicação, sendo mais popular e conhecido entre seus quadros de trabalhadores, traz ainda consigo um enorme receio em fazer dela um de seus instrumentos principais.  O Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia não encontram real funcionalidade nessa novo meio, sendo assim, preferem atribuir à Internet um valor de potencial instrumento para o futuro, pois que o movimento sindical atual não demanda o seu uso. É válido ressaltar ainda, que devido às condições econômicas da maioria dos trabalhadores empregados brasileiros, a sua inserção à rede parece extremamente incerta, embora o custo de acesso venha decrescendo como conseqüência da sua popularidade.  A aquisição de um computador com seus periféricos e uma linha telefônica, contudo, são consideradas verdadeiras “fortunas” para um país cujo salário mínimo encontra-se abaixo dos cento e quarenta reais mensais.

Uma outra questão colocada por um dos sindicatos refere-se ao real grau de politização do usuário da rede. É um ponto chave que infelizmente não pode ser abordado nesta monografia, mas que pode originar novas discussões em outros trabalhos. De fato, que tipo de informação o indivíduo que faz uso da Internet, procura ? Ao que parece uma série de questões políticas e sociais, como as que são colocadas pelos sindicatos baianos presentes na Internet, pouco interessam aos que fazem uso dela. Como base para tal argumento poderíamos usar dois fatos: o primeiro, a própria falta do recebimento de mensagens por parte de pessoas não filiadas aos sindicatos e mesmo de seus filiados; e segundo, usando um dos sistemas de busca (CADÊ?), que possibilitou encontrar os sindicatos baianos representados mediante home pages, ao usarmos das palavras: sindicato, política, sexo e música, obtém-se como resultados de busca respectivamente, 397, 754, 2952 e 5061 ocorrências. Ou seja, uma desigualdade enorme sobre as questões referentes aos sindicatos, o que comprovaria o depoimento anteriormente registrado por um dos sindicalistas baianos.

A Internet, caracterizada como espaço de livre apropriação, onde o seu usuário estabelece os pontos de interesse que deseja fazer uso, dispõe também de estratégias para que um usuário se interesse ou não às questões de relevância para os sindicatos.  Não se tratou dessa problemática aqui, porém enfatizou-se apenas o seu principal argumento lógico, onde à cada internauta, ‘interessa o que lhe for interessante’, desta forma cabendo à quem dispõe de home pages fazer da sua página uma boa pedida àqueles potenciais visitantes.

De qualquer forma, cabe às entidades aqui referidas refletirem mais profundamente à respeito da Internet e suas potencialidades perante um mundo que cada vez mais reúne as telecomunicações à informática e às políticas neo-liberais.  A Internet não se constitui mais como meio de comunicação pertinente a um futuro próximo, ou “de interesse de nossos filhos”, como afirmara um sindicalista.  Torna-se, antes de tudo, uma realidade presente, atual e que engloba cada vez mais, sob a luz de re-interpretações do tempo e do espaço,  questões do tipo realidade virtual, televivência e o próprio sindicalismo virtual.  Ainda que no plano teórico, as mobilizações, divulgações e resultados por parte das entidades sindicais, na medida em que façam parte da rede informacional, via Internet, tornam-se mais dinâmicas, possibilitando combater o poder do capital, dispondo de poder técnico e ideológico interligados mundialmente.  Tal possibilidade de um sindicalismo virtual nos remete a questionamentos atuais sobre o papel desses movimentos sociais que, antes de tudo, não devem encerrar as portas frente o dinamismo técnico propulsionado pelo capital. Pode, antes de tudo, integrar-se de forma a combatê-lo de igual para igual.
 
 



 
 
NOTAS
 

1. SINDAE - http://www.ongba.org.br/org/sindae/ e do Sindicato dos Bancários da Bahia - http://www.svn.com.br/sbba/. (Ver Anexo IV)

2. Congresso Nacional dos Sociólogos. “Globalização e Neoliberalismo”. Seminário proferido pelo professor Paulo Balanco em Salvador, 12/05/1999. Paulo Balanco é professor titular da UFBA.

3. NAFTA = North American Free Trade Agreement ou Acordo de Livre Comércio Norte Americano

4. APEC = Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico.

5. GATT = General Agreement on Tarifs and Trade ou Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, foi substituído pela OMC.

6. O conceito de just in time, se baseia no fim dos estoques. Só é produzido aquilo que for realmente necessário.

7. O desenvolvimento sustentável, consiste em políticas que “visam atender as necessidades atuais da população da Terra sem comprometer seus recursos naturais, legando-os para as gerações futuras. Para a consecução desse objetivo, torna-se um imperativo: reduzir as emissões globais de carbono, aperfeiçoar a eficiência energética; combater a poluição da terra, do ar, da água,; ajustar o crescimento da população aos recursos no planeta e reduzir as desigualdades sociais contemplando a adoção de medidas que contribuam para o atendimento das necessidades básicas da população mundial em termos de alimentos, habitação, serviços de saúde e emprego.” ( Id. Ibidem. p. 23 )

8. Hardware é tudo aquilo que forma a parte material de um computador. Ou seja, os equipamentos como mouse, monitor, teclados, scanner, etc. Enquanto os Softwares são os programas do computador que funcionam com o intuito de fornecer a ordem para que as informações sejam processadas no mesmo.

9. LEMOS, André in: Ciber Socialidade Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea - http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/cibersoc.html

10.  http://www.ongba.org.br/sindae

11. NEVES, Euclides Fagundes. Banco, bancários e movimento sindical. Salvador: Editora Anita Garibaldi, 1998.

12. Para melhor referenciarmos o conceito campo social, citamos NETO (1999) : “Um outro modo de compreender a comunicação é como um “campo cultural”, na perspectiva desenvolvida pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, segundo o qual uma das características da modernidade, expressão do processo de secularização, é a autonomização dos campos sociais.  Enquanto o campo da política se autonomiza concomitantemente à modernidade e ao Estado Nação, o campo da comunicação vai se autonomizar dos outros campos sociais, inclusive o da política, tardiamente, a partir do século XIX.

13. Ver Anexo III

14. Ver capítulo IV

15. Ver Anexo III

16. Ver Anexo IV

17. " Por comunicação midiática, compreende-se aquela que diferentemente da comunicação interpessoal, inclui mediação de um aparato sócio-tecnológico que, inserido em determinado ambiente social, produziu uma "gramática" ( um conjunto de regras para linguagem ) a que nem todos têm acesso. " (NETO, 1999)

18.  "O que compreendemos hoje por interatividade, nada mais é do que uma nova forma de interação técnica, de cunho "eletrônico-digital", diferente da interação "analógica" que caracterizou os media tradicional. " (LEMOS, 1999)

19. Ver Anexo I


 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
 

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EPSTEIN, Isaac. Teoria da Informação. 2ª edição. São Paulo. Editora Ática, 1988

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GATES, Bill. A estrada do futuro. Tradução Beth Vieira; supervisão técnica Ricardo Rangel. São Paulo: Companhia das Letras. 1995.

GIANOTTI, Vito. O que é estrutura sindical. 2ª edição. São Paulo. Coleção Primeiros passos, 1991

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________, Vito. A liberdade sindical no Brasil. 2ª edição. São Paulo: Coleção leituras afins., ed. Brasiliense, 1987.

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos – O Breve Século XX, 1914-1991. Trad. Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

IANNI, Octavio. Teorias da globalização. 2ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 1996.

LAQUEY, Tracy. O manual da Internet - um guia introdutório para acesso às redes globais. Rio de Janeiro: Campos, 1994.

LEMOS, André L. M. Anjos Interativos e Retribalização do Mundo sobre Interatividade e Interfaces Digitais. Salvador, 1999. http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/interac.html .

LÉVY, Pierre. O que é virtual. São Paulo: Editora 34, 1996.

NETO, Joviniano. Mídia: objeto e fonte de poder. Caderno do CEAS - março / abril de 1999 n. 180, p. 29.

NEVES, Euclides Fagundes. Banco, bancários e movimento sindical. Salvador: Editora Anita Garibaldi, 1998.

ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. 2ª edição. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994.

RICHARDSON, Roberto Jarry et all. Pesquisa Social. Métodos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 1985, pág. 176.

SANTIAGO, Cláudia;  GIANNOTTI, Vito.  Comunicação Sindical: falando para milhões. Petrópolis, Rio De Janeiro: Editora Vozes, 1997.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Editora Hucitec, 1996.

SELIGMAN-SILVA, Edith.  Parte 2 – As Transformações do Trabalho.  In  Desgaste Mental no Trabalho Dominado.  Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1944.

SIQUEIRA, Ethevaldo. A sociedade inteligente: a revolução do computador, das comunicações e dos robôs. São Paulo: Editora Bandeirante, 1987.

TELLES, Jover. O movimento sindical no Brasil. 2ª edição. São Paulo: Ed. Ciências Humanas, 1981.
 
 



 
 

ANEXOS








 
 

ANEXO I
 

GLOSSÁRIO
 

CHAT: Serviço oferecido na comunicação que permite a participação simultânea, através de um texto ou mesmo voz, de diversos usuários me uma conversa ou debate.

E-MAIL: Sigla em inglês de Eletronic Mail, ou em português, Correio Eletrônico. Serviço digital de correspondência.

ENDEREÇO ELETRÔNICO: Serve para especificar a localização das páginas e arquivos em diretórios de servidores da Web, também é conhecido como URL (Uniform Resource Locator ).

HOMEPAGES: É um documento composto basicamente de textos e códigos especiais chamados de tags que possibilitam a exibição do documento na World Wide Web. Além da informação textual, esse documento pode conter imagens, som, animações e até mesmo vídeo. A página pode conter links ou ligações para outras páginas em qualquer local da Web. Uma home page também é conhecida como Página Web.

LINKS ou HIPERLINKS: São ligações especiais que vincula as home pages na Web.

ON – LINE: Expressão que significa em tempo real

WWW: Sigla para World Wide Web, que em português poderia significar ‘rede mundial’.

HIPERTEXTO: Hipertexto é a outra denominação para os arquivos que possuem gráficos e mensagens e que juntos formam a rede Internet

SITE: Significa local, e está designando também a home page através de um endereço eletrônico.

SPAM: O spam significa o recebimento de uma / ou várias  mensagens via correio eletrônico sem a autorização do usuário.
 
 

ANEXO II
 
 

HOME PAGES DE ASSOCIAÇÕES E SINDICATOS PRESENTES NA INTERNET
 

CNTSSCUT - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social - http://www.cntsscut.org.br/

CUT-SC - Central Única dos Trabalhadores - Santa Catarina - http://www.cut-sc.org.br/

ADUFPA - Associação dos Docentes da Universidade Federal do Pará - http://www.amazon.com.br/~adufpa

ADUFPEL - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas - http://minerva.ufpel.tche.br/~adufpel

ANDES - Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - http://www.andes.com.br/

CONTEE - Confederação Nacional Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino - http://www.svn.com.br/contee

FASUBRA Sindical - Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras - http://www.fasubra.com.br/

Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul - http://www.ibase.org.br/~feebrs

FENADADOS - Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Processamento de Dados - http://www.fenadados.org/

FENTECT - Federação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Similares - http://www.fentect.org.br/

FITERT - Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão - SP - http://www.sindicato.com.br/fitert/

FNU - Federação Nacional dos Urbanitários - http://www.sindicato.com.br/fnu

Sindicato dos Bancários e Financiarios de São Paulo, Osasco e região - http://www.spbancarios.com.br/

Sindicato dos Bancários de Brasília - http://www.persocom.com.br/seebdf

Sindicato dos Bancários de Campinas - http://www.sindicato.com.br/bcp

Sindicato dos Bancários de Patos de Minas e Alto Paranaiba - http://netpatos.com.br/~seebpmmg

Sindicato dos Economistas do Estado do Rio de Janeiro - http://www.economistas.com.br/

Sindicato dos Jornalistas do Estado de Santa Catarina - http://www.ponta.com.br/ponta/news/sindjorn.html

Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo - http://www.wm.com.br/sindjor

Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro - http://www.visualnet.com.br/sindipetro/

Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo - http://www.sintaema.com.br/

Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro - http://www.sintufrj.org.br/

Sindicato Nacional dos Aeronautas - http://www.sindicato.com.br/sna/index.html

Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo - SP- http://www.br2001.com.br/malufxbrasil/

SINDPD - RJ - Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados do Rio de Janeiro - http://www.fenadados.org/sindicatos/sindpdrj/index.htm

SINDUTE-MG - Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação - MG - http://www.sindutemg.org.br/

SINTAF - Sindicato dos Servidores Públicos Civis do Grupo Tributação, Arrecadação e Fiscalização do Ceará - http://www.electus.com.br/sintaf

SINTPQ - SP - Sindicato dos Trabalhadores em Ciência e Tecnologia em São Paulo - http://www.webcit.com.br/~sintpq

SINTTEL - DF - Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicação do Distrito Federal - http://www.brnet.com.br/sinttel

SINTTEL - MG - Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Estado de Minas Gerais - http://www.sinttelmg.org.br/

SINTTEL - RJ - Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicação do Estado do Rio de Janeiro - http://www.cos.ufrj.br/INFO/INTEL

Sindicato dos Bancários de Pernambuco - http://www.sindbancariospe.com.br/

Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo de Uberlândia - http://netpage.em.com.br/sintraf

Sindicato dos Bancários de BH e Região - http://www.seebbh.org.br/

SINPRO-RIO - Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro - http://www.sinpro-rio.org.br/

Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região - http://www.mgate.com.br/seebvc

SINPRO-MG - Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais - http://www.sinpromg.org.br/

APUFSC - Associação dos Professores da Universidade Federal de Santa Catarina - http://www.ufsc.br/apufsc/index.html

FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais - http://www.fenaj.org.br/

CPERS/Sindicato - Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul/Sindicato dos Trabalhadores em Educação - http://www.cpers.org.br

CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - http://www.brnet.com.br/cnte/

APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo
Escola Sindical 7 de Outubro - http://www.apeoesp.org.br/

ADUFRGS - Associação dos Docentes da UFRGS  - http://www.adufrgs.org.br/

ADUFRJ - Docentes da UFRJ - http://www.ibase.org.br/~adufrj

ADUNB - Docentes da UNB - DF - http://www.yawl.com.br/usr/adunb

ASSUFRGS - Assoc. dos Servidores da UFRGS - http://www.via-rs.com.br/assufrgs

Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro - CUT-RJ - http://www.alternex.com.br/~cutrj

Central Única dos Trabalhadores (Nacional) - CUT - http://www.cut.org.br/

Confederação Nacional dos Bancários - CNB-CUT - http://www.cnbcut.com.br/

Confederação Nacional dos Metalúrgicos - CNM - http://www.sindicato.com.br/cnm

Confederação Nacional dos Trab. Em Transportes - http://www.cnt.org.br/

Confederação Nacional dos Trab. Na Indústria - CNTI - http://www.tba.com.br/cnti/rail.htm

Federação dos Sindicatos de Engenheiros - FISENG - http://www.ibase.org.br/~fisenge

Federação Nacional dos Arquitetos - http://www.alternex.com.br/~fna

Federação Nacional dos Engenheiros - http://www.brnet.com.br/fne/principa.htm

Intersindical do Porto de Santos (SP) - http://www.portodesantos.com/sindicatos

Sindicato da Policia Civil do Rio Grande do Sul –
http://www.geocities.com/CapitolHill/9945/UGEIRM.HTM

Sindicato dos Advogados de São Paulo - http://www.engbr.com/sasp/

Sindicato dos Agentes Fiscais de São Paulo - http://www.node1.com.br/sinafresp

Sindicato dos Artistas e Técnicos do Rio de Janeiro - http://www.cinemabrazil.com/sated/

Sindicato dos Bancários de Campinas (SP) - http://www.sindicato.com.br/bcp

Sindicato dos Bancários de Florianópolis (SC) - http://www.matrix.com.br/seeb/

Sindicato dos Bancários de Garanhuns (PE) - http://www.bluenet.com.br/seeb/

Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo - RJ - http://www.terravista.pt/mussulo/1257/

Sindicato dos Bancários de Patos de Minas (MG) - http://net1.netpatos.com.br/~seebpmmg

Sindicato dos Bancários de Ponte Nova (MG) - http://www.newagetel.com.br/empresas/sbpnr/

Sindicato dos Comerciários de São Paulo - http://ultra.hipernet.com.br/comerciarios/

Sindicato dos Contabilistas de São Paulo - http://www.looknet.com.br/sindcon/index.htm

Sindicato dos Economistas SJC de São Paulo - http://www.intervale.com.br/sindecon-vale/index.htm

Sindicato dos Eletricitários de São Paulo - http://www.looknet.com.br/eletricitarios-sp

Sindicato dos Eletricitários do Sul Minas  - http://www.geocities.com/CapitolHill/9154

Sindicato dos Empr. no Comercio do Rio Grande do Sul - http://www.sindec.server.com.br

Sindicato dos Engenheiros de São Paulo - http://lite.fae.unicamp.br/~sergio/sindic

Sindicato dos Engenheiros do Mato Grosso do Sul - http://www.terravista.pt/Ancora/1285/

Sindicato dos Engenheiros do Paraná - http://bbs2.sul.com.br/sengepr/INDEX.HTM

Sindicato dos Farmacêuticos do Paraná - http://www.tele-corp.com/sindifarpr/

Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais - http://www.gcsnet.com.br/sindic.html

Sindicato dos Jornalistas do Interior do Rio de Janeiro - http://www.geocities.com/SoHo/Gallery/6525/index.htm

Sindicato dos Jornalistas do Paraná  - http://www.softall.com.br/sindjornal-pr/

Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco (SP) - http://www.ibase.org.br/~sindmetal

Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo - http://www.sindmetsp.org.br/

Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo - http://www.sindicato.com.br/cnm/sindimetal

Sindicato Nacional dos Agentes de Inspeção Trabalho - http://www.solar.com.br/~sinait

Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central - http://www.sinal.com.br/

Sindicato Nacional dos Instrumentadores Cirúrgicos - http://www.sul.com.br/~o.muller/sinic

Sindicato Nacional dos Tradutores - http://www.alternex.com.br/~sintrabrasil/

Sindicato Nacional dos Técnicos do Tesouro Nacional - http://www.cdsid.com.br/sindtten

Sindicato dos Odontologistas da Bahia - http://www.stn.com.br/soeba/soeba.htm

Sindicatos dos Petroleiros do Estado de São Paulo - http://www.ibase.org.br/~sindmetal

Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (RJ) - http://200.255.73.66/sindipetro

Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal - http://www.cdsid.com.br.sinpol/

Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (MG) - http://www.artnet.com.br/~sinprofjf/

Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul - http://www.sinpro-rs.org.br/

Sindicato dos Químicos e Eng. Químicos do Rio de Janeiro - http://www.papel-arte.com/sqeq-rj/

Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Espírito Santo - http://www.sindjud.com.br/

Sindicato dos Serv. Municipais de São Paulo (site 2) - http://www.br2001.com.br/malufpinoquio

Sindicato dos Serv. Púb. Fed. em Ciência e Tecnologia SJC (SP) - http://www.dea.inpe.br/diniz/sindct

Sindicato dos Serv. Públicos de Fiscalização do Ceará - http://www.electus.com.br/sintaf

Sindicato dos Técnicos dos Tesouro Nacional - http://www.cdsid.com.br/sindtten

Sindicato dos Telefônicos do Mato Grosso - http://www.homeshopping.com.br/~sintelmt

Sindicato dos Trab. Desenhistas do Paraná - http://www.bsi.com.br/sindespar/

Sindicato dos Trab. em Água e Saneamento do Ceará - http://www.geocities.com/SouthBeach/6405

Sindicato dos Trab. em Educação de 3º Grau do Maranhão - http://www.elo.com.br/com/sintema/sintema.htm

Sindicato Trab. na Ind. Cinematográfica do Rio de Janeiro - http://www.cinemabrazil.com/stic/

Sindicato dos Trab. em Telecomunicação de Minas Gerais - http://www.sinttelmg.org.br/

Sindicato dos Trab. em Justiça do Rio de Janeiro - http://www.sind-justica.org.br/

Sindicato dos Urbanitários do Rio de Janeiro - http://www.databras.com.br/stiurj
 
 

ANEXO III

A ser disponibilizado
 

ANEXO IV
 

HOME PAGE DO SERVIDOR ZUMBI - http://www.ongba.org.br
 



HOME PAGE DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DA BAHIA - http://www.svn.com.br/sbba
 



HOME PAGE DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DE ÁGUA E ESGOTO DA BAHIA - http://www.ongba.org.br/sindae
 



ANEXO V

O anexo V é o artigo que fora escrito para o Seminário Estudantil de Produção Acadêmica da Unifacs. O artigo pode ser conferido na seção TEXTOS em ARTIGOS ESCRITOS POR ESTUDANTES.
 

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