Porém, para um estruturalista a ciência tem um fim diferente. O estruturalismo radical propõe uma crítica ao status quo e sugere ao homem uma práxis política; contudo difere do humanismo radical pois, enfatiza muito pouco o papel e natureza do homem como ser individual. Pois enfatiza principalmente, o conflito de mudanças e acontecimentos sociais. As bases fundamentais da teoria Estruturalista de uma forma geral foram assentadas sobre os estudos desenvolvidos por Karl Marx, que por sua vez foram alvo de várias interpretações. Principalmente, porque Marx estava condicionado a modificar sua forma de analisar a realidade, que inicialmente estava pautada no idealismo hegeliano. Passando assim, para uma análise da estrutura da realidade, baseada num pensamento materialista, ou seja, centrada em pontos que para ele foram fundamentais para seus estudos posteriores, como o modo de produção, sua estrutura econômica e o processo histórico. Partindo desse método de estruturalista de análise, formou-se em Marx uma nova linguagem de estudos materialistas, como a "infra-estrutura" e "superestrutura". Ele utilizou a noção desses termos, para referir-se a base econômica da sociedade, na qual a produção desempenha o papel central.
Dessa forma, um aspecto importante dos estudos estruturalistas de Marx, advém do conceito de contradição existente na infra-estrutura, pelo fato de que para ele, centralizava-se um aspecto fundamental que era as desigualdades no modo de produção estudado, principalmente o capitalista. Consequentemente, essas contradições para Marx, criaram um clima de incerteza e possível destruição do modo de produção usado. Ainda assim, conceitos como alienação permanecem nos estudos de Marx, por estarem relacionados as suas características de análises baseadas na economia, em que ele retratava que um sistema para manter o status quo propagava uma visão deturpada da realidade. Mas, o que caracteriza o paradigma estruturalista em Marx é que ele modificou sua visão de um idealismo radical para um interpretação positivista da economia burguesa. Em síntese pode-se dizer, que Marx foi um determinista econômico.
A segunda linha de desenvolvimento do paradigma estruturalista, baseou-se em Lênin. Ele considerou que a principal obra de Marx "O capital", não poderia ser entendida sem uma leitura prévia de Hegel. Esta linha de raciocínio fora elaborada em meados da Revolução Russa e consistia em não separar os estudos de Marx com a dialética hegeliana. Numa terceira linha de desenvolvimento, destaca-se a figura de Weber. A terceira linha de desenvolvimento foca aquilo que foi denominado como ‘weberianismo radical’. Weber era um sociólogo da ordem econômica interessado nas conseqüências sociais do capitalismo. Sendo assim, o weberianismo foca sobre burocracia, autoridade e poder como pontos de concentração para análise teórica.
A ESTRUTURA DO PARADIGMA
O paradigma radical é assim um corpo complexo de teoria social resultado de uma pluralidade de tradições filosóficas, políticas e sociológicas. Dentro desta estrutura se destaca três abordagens bastante discutidas: a Teoria Social Russa, o Marxismo Mediterrâneo Contemporâneo e a Teoria do Conflito.
Teoria Social Russa
Marxismo ortodoxo, Bukharin se opõe ao anarquismo de Kropotkin, em todas as suas formas, porque os seguidores de Kropotkin eram contra ao elitismo político e a centralização administrativa nascente no bolchevismo. Para Bukharin o marxismo era apresentado como sociologia ao invés de economia política. Ele defende que a sociologia é um método para história. O materialismo histórico - teoria gera da sociedade e leis de sua evolução. O materialismo se opunha a metafísica hegeliana e a ciência e a tecnologia, aceita a tese - equilíbrio; antítese - desequilíbrio e a síntese - reequilibro. A discussão até o momento considerava a "teoria dos sistemas" da perspectiva marxista, vendo a sociedade num estado de equilíbrio instável por causa do seu desequilíbrio com seu ambiente. O equilíbrio com o ambiente é buscado através do desenvolvimento tecnológico, pelo qual a relação entre sociedade e natureza é regulada. A noção de equilíbrio sugere harmonia e cooperação com os modo principais de organização social.
Burkharin era comprometido com a destruição revolucionária do capitalismo, através do conflito violento, mas se convence que no final a harmonia social prevalecerá. Bukharin adota o positivismo das ciências naturais como o seu modelo.
COMUNISMO ANÁRQUICO
Kropotkin viu como subtendendo que a competição e o conflito eram endêmicas a todos espécies animais, incluindo o homem. Ao invés disso, ele apontou a generalizada existência do "auxílio mútuo" nas sociedades humanas não caracterizada pelo modo capitalista de produção. O auxílio mútuo era o elemento chefe da evolução progressiva.
Sua crença no "auxílio mútuo" foi inspirada por suas experiências na Sibéria, onde grupos tribais viviam de acordo com os princípios anarquistas. Essa experiências fizeram com que Kropotkin percebesse que a atitude natural do homem era de cooperação e de solidariedade, e que o princípio da hierarquia era um desenvolvimento patológico recente da história do homem.
O comunismo anárquico colocou-se para Kropotkin em posição direta ao sistema salarial capitalista, a supressão do qual dependia uma revolução de massa. Uma vez isso acontecido, uma nova sociedade se estabelecia baseada em comunidades que seriam autogovernadas descentralizadas. Ele não percebeu essa visão como uma utopia mas como a única possível redução para os problemas do capitalismo.
MARXISMO MEDITERRÂNEO CONTEMPORÂNEO
Nesta faixa de teorização, reconhecem-se duas escolas: A sociologia de Althusser e a de Colletti. Eles mesclaram aquilo que ficou conhecido como o objetivo do marxismo vulgar e o subjetivismo da teoria crítica, adotando assim uma posição intermediária.
Althusser procurou criar um sistema de interpretação, enquanto Colletti se limitou a destruir os dos outros. Por isso, as análises de Althusser são mais valiosas para um desenvolvimento interpretativo O termo "Marxismo Mediterrâneo Contemporâneo" advém da postura teórica de ambos, que estão fora da tradição idealista européia. Porém, não totalmente indiferente ao idealismo alemão.
A SOCIOLOGIA ALTHUSSERIANA
Ele queria desenvolver um materialismo mais avançado do que o de Hegel. O trabalho de Althusser pode ser interpretado como uma reação ao Marxismo hegelianizado de Lucáks, Gramsci e Escola de Frankfurt. Para ele, os homens não produzem história. Esta é produzida de configurações particulares de estrutura que surgem em pontos dados no tempo. No seu estruturalismo, as partes refletem a totalidade. Ele reconhece 4 práticas: econômica, ideológica, política e teórica. Sendo que cada prática tem sua independência.
Ele entende o mundo como algo real e externo ao homem. As estruturas representam as formações sociais. Ele mantém uma posição determinista quanto ao humanismo. Seus pressupostos são de natureza empirista e positivista. A posição de Althusser produz uma conjuntura não interessante sobre os quatro elementos analíticos. Ontologicamente ele é realista, epistemologicamente ele é positivista, metodologicamente ele é determinista e sua posição global no paradigma estruturalista radical é aquela de um objetivista modesto. Ele procurou um acordo entre o Marxismo ortodoxo russo e o marxismo hegelianizado do ocidente.
A SOCIOLOGIA DE COLLETI
O trabalho de Colleti, que ele chama de sociologia, consiste principalmente de ataques detalhados sobre as variantes do marxismo hegelianizado, principalmente a Escola de Frankfurt e sobre o marxismo ortodoxo representado por Engels e Plekhanov. Em razão disso ele reconhece que o trabalho de Marx reflete duas faces, a de filósofo e a de cientista. O que une essas duas faces é a noção de oposição vista como tendo dois significados diferentes. O primeiro, é o significado de real em oposição ao das "coisas", mas não tem relação dialética. "Oposição" na "ciência" do marxismo se iguala a noção de "contradição", por outro lado, "alienação" representa "oposição" nas concepções filosóficas do marxismo.
Assim nas palavras de Colleti, a teoria da alienação e a teoria da contradição são assim vistas como uma única teoria, diferente elementos que tendem a ser ignorados pelas versões que se rivalizam com o pensamento marxista. Portanto para Colleti, há dois elementos paralelos em Marx e não duas fases distintas da atividade intelectual.
Ontologicamente, Colleti, supõe a existência real do mundo externo. Como ele coloca o progresso portanto, consiste na restauração e no estabelecimento destes processos reais escapados e transcendidos pela metafísica. A existência objetiva dele, é ao menos, a premissa indispensável para qualquer espécie de intervenção científica. Colleti vê a natureza do mundo social de uma maneira fundamentalmente realista. Quanto ao método Colleti tende a ser anti-historicista, com respeito a natureza humana, Colleti assume um determinismo moderado.
Pode-se concluir que Colleti coloca-se dentro do paradigma radical com uma oposição extremamente objetiva.
TEORIA DO CONFLITO
Esta corrente teórica utiliza como fundamento alguns conceitos do paradigma weberiano. Os aspectos abordados são: "classe", "status" e "partido".
Os entendimentos de Weber que o capitalismo não atingiu o apogeu e que as concepções de ‘status’ e ‘partido’, vem englobar a pluralidade de formas de estratificação social em todo o desenvolvimento histórico foram amplamente utilizados pela teoria do conflito.
Pensadores weberianos a exemplo de Dahrendorf e Rex, que formam os principais representantes da teoria do conflito, elaboraram críticas muito acirradas ao capitalismo mas sem qualquer comprometimento associado a seu transcendência por outra forma de organização social.
1. DOIS EXEMPLOS DE CONCEPÇÃO DE UMA PROBLEMÁTICA
1.1 O SUICÍDIO
Com esse tema estudado por Durkheim, nota-se que antes o suicídio era visto como uma conseqüência de uma desestruturação psicológica, porém Durkheim o estudou baseado num enfraquecimento da coesão social. Sendo assim, nota-se os três momentos definidos anteriormente nos estudos de Durkheim. Este exemplo do suicídio tem a vantagem de revelar claramente que a concepção de uma problemática equivale a elaborar uma nova forma de encarar um problema e a propor uma resposta original à pergunta de partida.
1.2 O ENSINO
Este segundo exemplo foi aqui usado por a forma de o abordar ter evoluído consideravelmente ao longo dessas últimas décadas. A partir de uma tomada de consciência, muitos investigadores estudaram a que se chamou a função de reprodução ideológica do ensino, ou seja, de que maneira ele contribui para assegurar uma certa ordem social. De outro ponto de vista, o ensino faz-se através de um conjunto de organizações cujo financiamento está condicionado por normas, papéis, estatutos e uma hierarquia. Assim sendo, os insucessos escolares estariam ligados à inevitável função de seleção e de reorientação dos indivíduos no xadrez social. Os sucessos escolares estariam intimamente ligados aos privilégios econômicos e culturais reservados a uma pequena parte da população.
Outros autores insistem no caráter dinâmico do ensino, que não é apenas uma enorme máquina de reprodução das desigualdades sociais. Paralelamente, os jovens também dispõem de uma margem de liberdade que utilizam à sua maneira, enquadrada por um projeto muito pessoal, como o período dos estudos. Assim, o jovem não pode ser considerado como o sujeito passivo de uma formação concebida e inteiramente dominada pelos adultos. Manifesta-se cada vez mais como um agente ativos, com o seu próprio sistema de valores. O insucesso escolar, articula-se sobre uma outra problemática, a do ator social e da sua estratégia.
2. OS TRÊS MOMENTOS DE UMA PROBLEMÁTICA
2.1 O PRIMEIRO MOMENTO: FAZER O BALANÇO
Em um primeiro momento trata-se de fazer o balanço das várias abordagens do problema. Toda a investigação assenta num enquadramento teórico. Para determinar a problemática subjacente dos autores nem sempre bastarão as notas de leitura; será por vezes necessário voltar ao próprio texto.
2.2 O SEGUNDO MOMENTO: DEFINIR UMA PROBLEMÁTICA
Aqui, trata-se de definir a sua problemática, seja concebendo uma nova, seja inscrevendo o seu trabalho num dos quadros teóricos descobertos nas leituras precedentes. Trata-se como no exemplo dos insucessos escolares, inscrever o seu projeto num quadro teórico preestabelecido. Neste caso, o trabalho a realizar neste segundo momento é explorar inteligentemente os instrumentos teóricos existentes. Ou seja, o de saber em que quadro teórico convém inscrever o seu trabalho.
É à luz da problemática escolhida que a pergunta de partida ganhará um sentido particular e preciso da sua forma definitiva, bem como a orientação específica na qual se procurará uma resposta para ela. O essencial não é tomar partido por uma outra concepção teórica, mas sim mostrar o que implica a escolha de uma problemática.
2.3 O TERCEIRO MOMENTO: EXPLICITAR A PROBLEMÁTICA
Explicitar a problemática, segundo o autor, é precisamente descrever o quadro teórico em que se inscreve o percurso pessoal do investigador; é precisar os conceitos fundamentais, as ligações existentes entre eles. Como se nota, a problemática é o quadro teórico pessoal a partir do qual se precisa a pergunta de partida e se compõe a sua resposta. Mas digamos, desde já, que a problemática só chega ao seu final com a contração do modelo de análise.