A cooperação fundada na divisão do trabalho adquire sua forma clássica na manufatura. A manufatura se origina de dois modos. Nasce quando são concentrados numa oficina, sob o comando do mesmo capitalista, trabalhadores de ofícios diversos e independentes, por cujas mãos tem de passar um produto até seu acabamento final. Uma carruagem, por exemplo, era o produto global dos trabalhos de numerosos artífices independentes, como o carpinteiro de seges, o estofador, o costureiro, o serralheiro, o correeiro, o torneiro, o passamaneiro, o vidraceiro, o pintor, o envernizador, o dourador, etc.
Mas a manufatura pode ter origem oposta. O mesmo capital reúne ao mesmo tempo na mesma oficina muitos trabalhadores que fazem a mesma coisa ou a mesma espécie de trabalho. Isto pode ocorrer, por exemplo, com trabalhadores especializados em papel, ou em tipos de imprensa ou em agulhas. Contudo, circunstância externas logo levam o capitalista a utilizar de maneira diferente a concentração dos trabalhadores no mesmo local. Redistribui-se então o trabalho. Em vez de o mesmo artífice executar as diferentes operações dentro de uma seqüência, são elas destacadas umas das outras, isoladas, justapostas no espaço, cada uma delas confiada a um artífice diferente. Essa repartição acidental de tarefas revela suas vantagens peculiares e ossifica-se progressivamente em divisão sistemática do trabalho.
A manufatura portanto, se origina e se forma a partir do artesanato, de duas maneiras. De um lado, surge da combinação de ofícios independentes diversos que perdem sua independência e se formam tão especializados que passam a constituir apenas operações parciais do processo de produção. De outro, tem sua origem na cooperação de artífices de determinado ofício, decompondo o ofício em suas diferentes operações particulares, isolando-as e individualizando-as para tornar cada uma delas função exclusiva de um trabalhador especial. A manufatura ora introduz a divisão do trabalho num processo de produção ou a aperfeiçoa, ora combina ofícios anteriormente distintos. A divisão manufatureira do trabalho é uma espécie particular de cooperação, e muito de suas vantagens decorrem não dessa forma particular, mas da natureza geral da cooperação.
2. O trabalhador parcial e sua ferramenta
O trabalhador coletivo que constitui o mecanismo vivo da manufatura consiste apenas desses trabalhadores parciais, limitados. Por isso, produz-se em menos tempo ou eleva-se a força produtiva do trabalho, em comparação com os ofícios independentes. Também aperfeiçoa-se o método do trabalho parcial, depois que este se torna função exclusiva de uma pessoa. A produtividade do trabalho depende não só da virtuosidade do trabalhador, mas também da perfeição de suas ferramentas. Ferramentas da mesma espécie como facas, perfuradores, verrumas, martelos, etc, são utilizadas em diferentes processos de trabalho. Mas, logo, que as diversas operações de um processo de trabalho se dissociam e cada operação parcial assume nas mãos do trabalhador parcial a forma mais adequada possível e portanto exclusiva, tornam-se necessárias modificações nos instrumentos anteriormente utilizados para múltiplos fins.
A manufatura se caracteriza pela diferenciação das ferramentas, que imprime aos instrumentos da mesma espécie formas determinadas para cada emprego útil especial, e pela especialização, que só permite a cada uma dessas ferramentas operar plenamente em mãos do trabalhador parcial específico. O trabalhador parcial e seu instrumento constituem os elementos simples da manufatura.
3. As duas formas fundamentais da manufatura: manufatura heterogênea e manufatura orgânica
A manufatura se apresenta sob duas formas fundamentais. Esse duplo caráter decorre da natureza do artigo produzido. Ou o artigo se constitui pelo simples ajustamento mecânico de produtos parciais independentes ou deve sua forma acabada a uma seqüência de operações e manipulações conexas. De produto individual, o relógio transformou-se no produto social de numerosos trabalhadores parciais, cada um com o encargo de um produto parcial, como as rodas em bruto, as molas, o mostrador, a mola espiral, os furos para as pedras e as alavancas com rubis, os ponteiros, etc. Essa relação externa do produto acabado com seus diferentes elementos, observada na relojoaria e em fabricações análogas, torna acidental a congregação dos trabalhadores parciais na mesma oficina. As operações parciais podem mesmo ser executadas como ofícios independentes entre si.
Só excepcionalmente é lucrativa a exploração manufatureira, nesse ramo, pois é a mais aguçada possível a concorrência entre os trabalhadores que querem trabalhar em casa, o fracionamento da produção em numerosos processos heterogêneos pouco permite o emprego de instrumental comum de trabalho e o capitalista evita as despesas de construção com o sistema disperso de fabricação. A segunda espécie de manufatura produz artigos que percorrem fases de produção conexas, uma seqüência de processos gradativos, como, por exemplo, na manufatura de agulhas, em que o arame passa por 72 pessoas.
Manufatura dessa espécie, quando combina ofícios primitivamente dispersos, reduz o espaço que separa as diversas fases de produção do artigo. Ganha-se força produtiva em relação ao artesanato. Por outro lado, a divisão, o princípio característico da manufatura, exige o isolamento das diferentes fases de produção e sua independência recíproca. Para estabelecer e manter a conexão entre as diferentes funções isoladas, é necessário o transporte ininterrupto do artigo de uma mão para outra e de um processo para outro. Isto representa, confrontando-se com a grande indústria mecanizada, uma limitação peculiar, custosa e imanente ao princípio da manufatura. A manufatura, entretanto, não se limita a aproveitar as condições para cooperação como as encontra; ela as cria, até certo ponto, decompondo a atividade artesão. Por outro lado, consegue essa organização social do processo de trabalho apenas aprisionando cada trabalhador a uma única fração de ofício.
Sendo o produto parcial de cada trabalhador parcial apenas um estágio particular na produção do mesmo artigo, cada trabalhador ou cada grupo de trabalhadores recebe de outro sua matéria-prima. O resultado do trabalho de um é o ponto de partida para o trabalho do outro. Um trabalhador dá ocupação diretamente ao outro. É claro que essa dependência direta dos trabalhos e dos trabalhadores entre si obriga cada um a só empregar o tempo necessário a sua função, obtendo-se assim continuidade, uniformidade, regularidade, ordenamento. Na produção de mercadorias em geral, revela-se norma coativa e externa da concorrência o princípio de só aplicar na fabricação de uma mercadoria o tempo de trabalho socialmente necessário pois, cada produtor tem vender a mercadoria ao preço de mercado. Na manufatura, torna-se lei técnica do próprio processo de produção o fornecimento de determinada quantidade de produto num tempo dado.
A divisão manufatureira do trabalho simplifica e diversifica não só os órgãos qualitativamente diversos do trabalhador coletivo social, mas também cria uma relação matemática fixa para o tamanho desses órgãos, isto é, para o número relativo de trabalhadores ou para a magnitude relativa do grupo de trabalhadores em cada função particular. Desenvolve, juntamente com a subdivisão qualitativa do processo de trabalho social, a regra quantitativa a proporcionalidade desse processo.
O grupo isolado consiste de elementos homogêneos e constitui órgão especial do mecanismo global. Em diversas manufaturas entretanto, o próprio grupo é um conjunto heterogêneo de trabalho, sendo o organismo global constituído pela repetição ou pela multiplicação desses organismos produtivos elementares. Exemplo, na fabricação de garrafas de vidro, na mesma boca de um forno trabalha um grupo, chamado na Inglaterra de “hole”, composto de um encarregado de fazer a garrafa, de um soprador, um apanhador, um carregador e um arrumador. Esses cincos trabalhadores constituem órgãos especiais de um organismo de trabalho, que só pode atuar unido, com a cooperação direta de todos os cinco. Faltando um desses cinco membros, esse organismo fica paralisado.
A estrutura de cada grupo se fundamenta diretamente na divisão do trabalho, mas o que liga esses grupos é a cooperação simples, que emprega de maneira mais econômica, por utilizá-lo em comum, um dos meios de produção, no caso, o forno para a fabricação de vidro. Finalmente, a manufatura, do mesmo modo que pode derivar da combinação de ofícios diferentes, pode tornar-se uma combinação de diferentes manufaturas. As maiores vidrarias inglesas, por exemplo, fabricam o próprio cadinho de argila, por depender substancialmente da qualidade deste o sucesso ou fracasso da produção. A manufatura de um meio de produção combina-se aqui com a manufatura do produto. A manufatura do produto pode combinar-se com manufaturas a que serve de matéria-prima ou com cujos produtos se junta posteriormente. Assim, por exemplo, na Inglaterra a manufatura de flint-glass combinar-se com o entalhamento de vidro e com a fundição de latão.
Apesar das vantagens oferecidas por essa combinação de manufaturas, ela nunca adquire, em virtude de sua própria base manufatureira, verdadeira unidade técnica. Esta só surge, quando a manufatura se transforma em indústria mecanizada. O período do artesanato gerou as invenções importantes da bússola, da pólvora, da imprensa, mas em geral, a maquinaria desempenha, no período manufatureiro, aquele papel secundário que Adam Smith lhe atribui, ao compará-la com a divisão do trabalho. O mecanismo específico do período manufatureiro é o trabalhador coletivo, constituído de muitos trabalhadores parciais. O trabalhador coletivo passa a possuir então todas as qualidades produtivas no mesmo grau elevado de virtuosidade e as depende ao mesmo tempo da maneira mais econômica, individualizando todos os seus órgãos em trabalhadores especiais. A estreiteza e as deficiências do trabalhador parcial tornam-se perfeições quando ele é parte integrante do trabalhador coletivo.
As diferentes funções do trabalhador coletivo são simples ou complexas, inferiores ou superiores, e seus órgãos, as forças individuais de trabalho, exigem diferentes graus de formação, possuindo por isso valores diversos. A manufatura desenvolve portanto uma hierarquia nas forças de trabalho. O trabalhador individual pertence a uma função única, limitada e as diferentes tarefas estabelecidas nessa hierarquia são adaptadas as habilidades naturais e adquiridas. A manufatura cria uma classe de trabalhadores sem qualquer destreza especial, os quais o artesanato punha totalmente de lado. Ao lado da graduação hierárquica, surge a classificação dos trabalhadores em hábeis e inábeis. Para os últimos não há custos de aprendizagem, e, para os primeiros, esses custos se reduzem em relação às despesas necessárias para formar um artesão. Em ambos os casos, cai o valor da força de trabalho. A desvalorização relativa da força de trabalho, decorrente da eliminação ou da redução dos custos de aprendizagem, redunda para o capital em acréscimo imediato de mais valia.
4. Divisão do trabalho na manufatura e divisão do trabalho na sociedade.
Considerando apenas o trabalho, podemos chamar a separação da produção social em seus grandes ramos, agricultura, indústria, etc., divisão do trabalho em geral; a diferenciação desses grandes ramos em espécies e variedades, de divisão do trabalho em particular, e a divisão do trabalho numa oficina, de divisão do trabalho individualizada, singularizada. A divisão social do trabalho e a correspondente limitação dos indivíduos a esferas profissionais particulares desenvolvem-se, como a divisão do trabalho na manufatura. Numa família e posteriormente numa tribo surge uma divisão natural de trabalho, em virtude das diferenças de sexo e idade. A troca de produtos se origina nos pontos em que diferentes famílias, tribos, comunidades entram em contato. Comunidades diferentes encontram diferentes meios de produção e diferentes meios de subsistência em seu ambiente natural. É essa diferença natural que provoca a troca recíproca de produtos e em conseqüência a transformação progressiva desses produtos em mercadoria.
A troca não cria a diferença entre os ramos de produção, mas estabelece relações entre os ramos diferentes e os transforma-os em atividades mais ou menos interdependentes dentro do conjunto da produção social. A divisão social do trabalho surge aí através da troca entre os ramos de produção. Mas, quando a divisão fisiológica do trabalho constitui o ponto de partida, os órgãos particulares de um todo unificado se desprendem uns dos outros, se dissociam, sob a influência da troca de mercadorias com outras comunidades e tornam-se interdependentes.
O fundamento de toda a divisão do trabalho desenvolvida e processada através da troca de mercadorias é a separação entre a cidade e o campo. Constitui condição material para a divisão do trabalho de manufatura o emprego ao mesmo tempo de certo número de trabalhadores. A divisão do trabalho na sociedade depende da magnitude e densidade da população. Sendo a produção e a circulação de mercadorias condições fundamentais do modo de produção capitalista, a divisão manufatureira do trabalho pressupõe que a divisão do trabalho na sociedade tenha atingido certo grau de desenvolvimento. A divisão manufatureira do trabalho, desenvolve e multiplica a divisão social do trabalho. Com a diferenciação das ferramentas diferenciam-se cada vez mais os ofícios que fazem essas ferramentas.
Apesar das numerosas analogias e das conexões entre a divisão do trabalho na sociedade e a divisão do trabalho na manufatura, há entre elas uma diferença não só de grau mas de substância . A analogia mais se evidencia incontestável quando uma conexão íntima entrelaça diversos ramos de atividade. O criador de gado, por exemplo, produz peles, o curtidor transforma as peles em couro, o sapateiro, o couro em sapatos. Cada produto é uma etapa para o artigo final. A divisão do trabalho na sociedade se processa através da compra e venda dos produtos dos diferentes ramos de trabalho, a conexão dentro da manufatura, dos trabalhos parciais se realiza através da venda de diferentes forças de trabalho ao mesmo capitalista que as emprega como força de trabalho coletivo. A divisão manufatureira do trabalho pressupõe concentração dos meios de produção nas mãos de um capitalista, a divisão social do trabalho, dispersão dos meios de produção entre produtores de mercadorias, independentes entre si. A divisão manufatureira do trabalho pressupõe a autoridade incondicional do capitalista sobre seres humanos transformados em simples membros de um mecanismo que a ele pertence. A divisão social do trabalho faz confrontar-se produtores independentes de mercadorias, os quais não reconhecem outra autoridade além da concorrência.
Enquanto a divisão social do trabalho, quer se processe ou não através da troca de mercadorias, é inerente às mais diversas formações econômicas da sociedade, a divisão do trabalho na manufatura é uma criação específica do modo de produção capitalista.
5. Caráter capitalista da manufatura
Um grande número de trabalhadores sob o comando de um mesmo capital é o ponto de partida natural tanto da cooperação em geral quanto da manufatura. E a divisão manufatureira do trabalho torna o incremento do número dos trabalhadores empregados uma necessidade técnica. O mínimo de trabalhadores que cada capitalista tem de empregar, é lhe então prescrito pela divisão do trabalho estabelecida.
Crescendo o capital variável aumenta necessariamente o capital constante, ampliando-se as condições comuns de produção, como construções, fornos, etc., tem de aumentar principalmente e quantidade de matérias-primas. A quantidade de matéria-prima consumida num tempo dado por determinada quantidade de trabalho aumenta na mesma proporção em que a produtividade cresce em virtude da divisão do trabalho.
O organismo coletivo que trabalha, na cooperação simples ou na manufatura, é uma forma de existência do capital. A manufatura propriamente dita não só submete ao comando e a disciplina do capital o trabalhador antes independente, mas também cria uma graduação hierárquica entre os próprios trabalhadores. Enquanto a cooperação simples, em geral, não modifica o modo de trabalhar do indivíduo, a manufatura o revoluciona inteiramente e se apodera da força individual de trabalho em suas raízes. Originariamente, o trabalhador vendia sua força de trabalho ao capital por lhe faltarem os meios materiais para produzir uma mercadoria. Agora, sua força individual de trabalho não funciona se não estiver vendida ao capital. O trabalhado da manufatura, incapacitado, naturalmente, por sua condição, de fazer algo independente, só consegue desenvolver sua atividade produtiva como acessório da oficina do capitalista. O que perdem os trabalhadores parciais, concentra-se no capital que se confronta com eles.
Na manufatura, o enriquecimento do trabalhador coletivo e, por isso, do capital, em forças produtivas, realiza-se às custas do empobrecimento do trabalhador em forças produtivas. Para evitar a degeneração completa do povo em geral, oriunda da divisão do trabalho, recomenda Adam Smith o ensino popular pelo Estado, embora em doses prudentementes homeopáticas. A economia política que só aparecer como ciência autônoma no período manufatureiro observa a divisão social do trabalho em geral do ponto de vista exclusivo da divisão manufatureira do trabalho e vê nela apenas o meio de produzir com a mesma quantidade de trabalho mais mercadorias, barateando-as e apressando assim a acumulação do capital. Para eles, da separação dos ramos sociais da produção resulta que as mercadorias são melhor feitas, que as diferentes tendências e talentos dos seres humanos procuram as esferas de ação a que melhor se ajustam. Com a divisão do trabalho melhoram portanto o produto e o produtor.
Bibliografia: MARX, Karl. O Capital, livro 1, vol. 1 capítulo XII
A Revolução Industrial foi a afirmação do capitalismo como modo de produção dominante da burguesia e do proletariado como classes básicas na nova estrutura social e o surgimento de novas ideologias que juntos vão modificar a estrutura da sociedade vigente.
Em outro nível, a Revolução industrial pode ser vista como o ponto alto de um longo processo de transformação no âmbito das forcas produtivas, tendo suas raízes na crise do sistema feudal europeu. Suas fases preparatórias, entre os séculos XIV e XVIII, formam o renascimento comercial, desenvolvimento do artesanato de base corporativista, a Revolução Comercial e o surgimento do sistema manufatureiro baseado no trabalho assalariado doméstico. Da conjunção desses fatores resultou a indústria capitalista mecanizada tal como a conhecemos.
Nesse período ocorreu a substituição artesanal das antigas corporações e manufaturas onde o artesão era proprietário da sua oficina, de suas ferramentas e matérias-primas pelo sistema do trabalho doméstico ( o capitalismo fornecia matéria-prima ao artesão independente e paga uma quantia para transformá-la em produtos acabados). Mais tarde o capitalista comerciante era o proprietário das máquinas e ferramentas. Contratava, e os seus trabalhadores agora vendiam a sua forca de trabalho e seu sustento dependia dos capitalistas comerciantes. Surgiu a partir daí uma nova classe, o proletariado, que possuía pouco ou nenhum capital e nada tinha a vender a não ser sua forca de trabalho.
A aceleração do processo produtivo teve início na Inglaterra, entre 1750 e 1830, a partir de inovações tecnológicas na atividade têxtil. Entre as principais realizações dessa primeira fase da Revolução Industrial a lançadeira volante de John Kay; a máquina de fiar ( a jenny) de James Hargreaves, que substituiu a roça; a máquina de fiar movida a água, de Richard Arkwright; e o tear mecânico de Edmund Cartwright. Outra descoberta decisiva foi a maquina a vapor de movimentos circulatórios, patenteada por James Watt, em 1781, que passou a ser empregada como forca motriz em vários processos industriais.
O pano de fundo dessas inovações era a expansão colonial e mercantil britânica, que forneceu capitais e mateiras primas para a nascente atividade manufatureira. As colônias eram um espaço reservado a produção metropolitana, e constituíam um mercado consumidor em crescente expansão, aspecto decisivo para viabilizar a produção em larga escala, a custos menores que os da produção artesanal.
O acréscimo da produção de artigos de consumo refletiu-se, numa segunda fase, no aumento da produção de novas maquinas, o que acarretou a considerável expansão da siderurgia e o aperfeiçoamento dos processos de fundição. Estes, por sua vez, aceleram o crescimento da atividade extrativa do carvão. Mas foi a aplicação industrial das maquinas a vapor que inaugurou a fase decisiva da Revolução Industrial. A produção mecanizada, ate enato ligada ao uso de energia hidráulica, libertou a industria da necessidade de ficar sempre próxima aos rios. As fabricas migraram, enato, para perto das áreas produtoras de matérias-primas, e o emprego das maquinas a vapor nos meios de transporte, a partir de 1830, interligou os centros industriais aos mercados consumidores e facilitou o acesso rápido e eficiente às fontes de recursos naturais.
O desenvolvimento da industria refletiu-se imediatamente na vida financeira, sobretudo na Inglaterra onde, a partir de 1850, surgiram grandes bancos e estabelecimentos de credito. A circulação monetária ampliou-se, mobilizando os metais preciosos procedentes das minas da Austrália e da Califórnia, e nos centros distribuidores foram instalados os primeiros grandes estabelecimentos comerciais. No plano político, a segunda metade do século XIX viu a aristocracia de base agraria ser substituída, na direção dos negócios do Estado, pela burguesia industrial e financeira. Ausente do processo produtivo, o Estado orientava-se segundo os princípios do Liberalismo político e econômico, cabendo-lhe fundamentalmente a defesa da ordem capitalista e do sistema de livre-concorrência. Enquanto isso, o desenvolvimento da produção mecanizada estendeu-se a outros países da Europa. Na França, a industrialização iniciou-se durante o império napoleônico; na Alemanha, isso ocorreu depois de 1840, após a unificação nacional. Nos Estados Unidos, a Revolução Industrial acelerou-se após a Guerra de Secessão.
Contudo a Revolução representou um processo contraditório. Ao lado da elevação da produtividade e do desenvolvimento da divisão social do trabalho, manifestava-se a miséria de milhares de trabalhadores desempregados, homens, mulheres e crianças obrigados a trabalhar ate 16 horas por dia privados de direitos políticos e sociais. Essa situação do proletariado levou a formação dos primeiros sindicatos, a formação de inúmeros movimentos, revoltas de trabalhadores que marcaram a vida européia do século XIX.
II - Sobre o objetivo de Marx com sua obra "O Capital".
O capital é uma obra que desenvolve todas as teorias marxistas sobre o capitalismo.
Nele Marx pretende oferecer um instrumento de análise e ação política; uma orientação teórica para ação de muitos partidos. Expondo sobre o processo capitalista, seu conceito, suas teorias, crises e soluções a partir de uma analise materialista. Marx assim pretende permitir ao homem obter conhecimentos, obter uma visão das práticas sócio-econômicas que o cerca e leva-o a um a evolução na sua sociedade.
III - A implicação : D -> M -> D’.
Existe uma diferença significativa entre um sistema de simples produção de bens e o que prevalece num sistema capitalista, cada produtor possui seus próprios meios de produção e vende o que produz. Troca seus bens por moeda e a converte em outros bens. Simbolicamente, o processo é descrito por Marx como D-M-D’. No capitalismo, os meios de produção pertencem a um grupo de indivíduos - os capitalistas - mas são ativamente usados na produção por outro grupo, os trabalhadores. O capitalista, que nada produz, começa o processo com a moeda, Compra os bens sob a forma de meios de produção e trabalho, depois de terminado o processo de produção, transforma os bens novamente em moeda. Assim o processo é D-M-D’. D´deve ser necessariamente maior do que D, a fim de que o processo valha a pena. A diferença entre D e D’ é a mais-valia, a renda do capitalista e o alvo do processo de produção.
IV - Sobre a mais-valia e o capitalismo
A mais-valia equivale ao princípio fundamental da economia política de Marx. Consiste no valor do trabalho não pago ao trabalhador, isto é, na exploração exercida pelo capitalistas sobre seus assalariados; a diferença entre o valor da troca das mercadorias e o valor-trabalho incorporado.
Sendo a quantidade de trabalho a única fonte de valor, a existência de mais-valia é porque os salários pagos ao trabalhador são inferiores ao valor real do seu trabalho. A razão disso está no fato da força de trabalho ser considerada, em regime capitalista, uma mercadoria; o valor vendida a quem mais oferece. É dessa fonte que são tirados os possíveis lucros dos capitalistas, renda da terra, dos juros.
A taxa de mais-valia - relação entre a mais-valia e o capital variável (salários) exprime o grau de exploração do operários. Mantendo-se inalterados os salários (reais), a taxa de mais-valia tende a elevar-se quando a jornada e/ou a intensidade do trabalho aumenta (aumentando a mais-valia absoluta), ou com aumento da produtividade nos setores que produzem os artigos de consumo habitual dos trabalhadores (aumentando a mais-valia relativa).
Mais-valia absoluta: resulta do trabalho além do tempo necessário para a manutenção de sua força. Mais-valia relativa: o contrário, o operário nem se quer pode trabalhar o tempo todo necessário para assegurar a sua subsistência.
A teoria do mais-valia está no centro das explicações marxistas do capitalismo, é a chave que permite compreendê-lo e interpretá-lo.
"Precisando a verdadeira origem da mais-valia capitalista, Marx introduziu no domínio da economia o elemento humano que até então fora banido."
O capitalismo para Marx é definido pela exploração dos trabalhadores pelos capitalistas, O valor do salário pago corresponderia a uma parcela mínima do valor do trabalho executado. A diferença, denominada mais-valia, seria apropriada pelos proprietários dos meios de produção sob a forma de lucro.
O capitalismo existia quando, em uma sociedade que produzia mercadorias, uma pequena classe de pessoas - os capitalistas - tinha monopolizado os meios de produção e onde a grande maioria dos produtores diretos - os operários - não podiam produzir independentemente, por não terem eles qualquer meio de produção, Os operários eram livres para fazer uma destas ou vender sua força de trabalho como mercadoria.
O capitalismo era um modo de produção específico, surgido em condições históricas específicas e que tinha uma classe que dominava, em virtude de sua capacidade de expropriar mais-valia dos produtores de mercadorias. O capitalismo era um modo de produção transitório sujeito a crises econômicas cíclicas e que por efeito do agravamento de suas contradições internas deverá ceder lugar ao modo de produção socialista mediante à prática revolucionária.
V - O comportamento e o papel do capital variável e do capital constante.
Capital constante (K) : bens de produção, é a parte do capital total incapaz de criar mais-valia. Especificamente consiste em maquinaria, instrumentos, equipamentos e materiais que são usados na produção, mas somente transferem um valor igual ao do bem final.
O capital variável (V) : força de trabalho, é a parte do capital total usada para sustentar a mão-de-obra. Tende a ser igual a subsistência da mão-de-obra e cria um excedente S, porque V é transformada em poder de trabalho. Em tempos de crise o capital constante substitui cada vez mais o capital variável. Com as altas tecnologias, o homem vem perdendo espaço para os robôs, para as máquinas, o que acarreta o desemprego.
Ora, na economia capitalista moderna, a técnica progressiva da produção tende a expandir o emprego da maquinaria em detrimento da mão-de-obra. Isto significa que a parte do capital constante aumenta em relação à do capital variável ou, em outros termos, verifica-se uma tendência para a redução do lucro. Os capitalistas lutarão contra esta redução do lucro: tendo em vista este objetivo, vão procurar aumentar sua produção, e este aumento generalizado acarreta a superprodução e a crise.
A este primeiro fenômeno está ligada uma segunda causa das crises cujos efeitos agrava: é o fenômeno do subconsumo. Este fenômeno constitui um mal crônico peculiar ao regime capitalista: a própria existência da mais-valia comprova-o, indício que é da impossibilidade de adquirir o operário, mesmo em períodos normais, o produzido com o seu trabalho.
A evolução que se verifica na composição do capital agrava a situação, determinando um subconsumo crescente: a massa do capital constante aumenta cada vez mais em relação ao capital variável, conforme acabamos de indicar. Daí resulta uma redução da procura relativa do trabalho. Constituí-se, por esta forma, a massa dos trabalhadores sem emprego, denominada por Marx o "contigente de reserva", onde encontrarão sempre os capitalistas, em caso de necessidade, a mão-de-obra de substituição. Este contigente de reserva, em virtude da ameaça que a sua presença faz pesar sobre os operários que trabalham, funciona como um fator de redução dos salários, que tendem, assim, a cair ao nível do mínimo vital.
"Durante os períodos de estagnação e de atividade média, o contigente de reserva industrial pesa sobre o contigente ativo, refreando-lhe as pretensões nos períodos de superprodução e de grande prosperidade"
Assim, pois, o desequilíbrio entre a produção e o consumo, devido à insuficiência deste último, existe em tempos normais. E ainda se agrava ao aproximar-se a crise: na luta contra a redução do lucro vão os capitalistas procurar, não só aumentar a produção, mas também reduzir os preços de custos; e para tal reduzem os salários de seus operários, concorrendo, assim, para o aumento do subconsumo. Pôr outro lado, os empreendedores, cujas condições não lhes permitem resistir aos primeiros efeitos da crise, fecham as portas de suas fábricas ou dispensam parte de seus operários. Estas diferentes práticas acarretam, todas elas, uma redução do salário global e com isso um aumento do subconsumo dos operários.
Subconsumo mais superprodução constituem, pois, para Marx, as duas principais causas das crises. Sem dúvida, procuram os capitalistas, ante uma oferta excessivamente grande e uma procura excessivamente fraca de seus produtos, evitar as temíveis consequências dessa situação de fato: buscam principalmente novos mercados, nos países estrangeiros ou em colônias recentemente conquistadas. Todavia, não passa isso de remédio muito restrito e provisório, que apenas retarda o advento do fenômeno, mas não o anula.
VI - Sobre o Exército Industrial de reserva no capitalismo e a sua função.
O exército industrial de reserva representava para Marx o conjunto dos trabalhadores desempregados, a quem ele também denominou como "população relativa excedente". O exército de reserva também poderia ser a mão de obra de jovens não absorvidos pelo mercado de trabalho; os trabalhadores agrícolas com emprego temporário ou que se deslocam para a cidade em decorrência da mecanização da agricultura; os pequenos proprietários e artesãos arruinados.
A função desse exército era de impedir uma maior pressão sobre o preço dos salários pois a concorrência entre os operários mantinham os salários próximos ao nível de subsistência, uma vez que, os membros do contigente reserva da indústria formados por operários desempregados, geralmente vivia abaixo do nível de subsistência. A medida, porém, que a acumulação fosse ocorrendo, um período de expansão provocaria um aumento tão grande da procura de trabalho, que as reservas de operários ficariam completamente esgotadas. Quando isto acontecia, o capitalista verificava que tinha que pagar salários mais altos para conseguir trabalhadores em número suficiente.
"Uma população trabalhadora excedente é um produto necessário da acumulação em bases capitalistas... Forma um contigente reserva de operários disponíveis da indústria, pertencentes ao capital em termos quase tão absolutos quanto se este o tivesse criado a própria custa. Independente dos limites do verdadeiro aumento da população, ele cria, para as necessidades variáveis da auto-expansão do capital, a massa de material humano sempre pronta a ser explorada."
Marx considerava o fenômeno inerente a produção capitalista, pois os capitalistas para vencerem seus concorrentes são obrigados a empregar continuamente novas máquinas no sentido de baratear os custos de produção e aumentar a produtividade do trabalho. O emprego de novas máquinas e equipamentos leva a diminuição da mão de obra, o que provoca o chamado desemprego tecnológico que resolveria o problema temporariamente, mas não sem criar novos problemas e novos dilemas.
Keynes teve uma contribuição decisiva para a teoria do juro. Segundo ele é a quantidade de moeda aliada à preferência pela liquidez que determina a taxa de juros. Esta representava um preço que igualava a procura e a oferta de moeda que tanto poderia ser usada como investimento quanto em consumo ou especulação. A conseqüência prática da teoria Keynesiana do juro foi a possibilidade de se manipular a oferta monetária disponível e, consequentemente alterar a taxa de juro transformada em instrumento de uma política de desenvolvimento econômico ou de combate a inflação.
Deveria ser óbvio que a taxa de juros não pode ser um rendimento da poupança ou da espera como tal. Quando alguém acumula suas economias sob a forma de dinheiro líquido, não ganha juro, embora economize tanto quanto antes. Pelo contrário, a simples definição da taxa de juros diz-nos, literalmente, que ela é a recompensa da renúncia à liquidez por um período determinado, pois a taxa de juros, não é em si outra coisa senão o inverso da relação existente entre uma soma de dinheiro e o que se pode obter desistindo, por um período determinado, do poder de comando da moeda em troca de uma dúvida.
Keynes rejeitava a noção que, se uma economia capitalista partisse de uma situação de pleno emprego, a taxa de juros igualaria, automaticamente, a poupança ao investimento fazendo com que a procura agregada igualasse a oferta agregada. Argumentava que a poupança e o investimento não determinava a baixa de juros.
A política econômica ideal para Keynes seria o de baixar a taxa de juros até o ponto em que, em relação à curva de lucro, alcançasse o mais alto nível de atividade econômica com pleno emprego Deve-se dizer, porém, que a determinação da taxa de juro como instrumento de política econômica tem sido considerada pouco eficaz, já que o peso dos juros no custo da produção não é significativo.
II - Sobre a Teoria Geral e sua função.
Ao publicar a Teoria Geral em 1936, Keynes marca uma revolução na teoria econômica. É o início da chamada macroeconomia e o seu desenvolvimento como instrumento analítico destinado a diagnosticar e evitar as flutuações nos preços, produtos e emprego. A Teoria Geral, além de mudanças de ênfase da microeconomia para a macroeconomia, introduziu grande número de inovações, agrupáveis em seis grupos:
A) A natureza do equilíbrio
B) O horizonte de análise
C) A eficiência do mecanismo de mercado
D) O papel do economista
E) As funções do governo
F) O processo dinâmico de ajuste de quantidades e preços
Em primeiro lugar, contrariando frontalmente a Teoria Clássica, a Teoria Geral rejeitou o automatismo do pleno emprego, mesmo com mercados operando em condições concorrenciais e com flexibilidade de preços e salários. A segunda inovação foi desviar a atenção do longo prazo para as flutuações de curto prazo do emprego e produto, que assolavam seriamente as economias industrializadas, O automatismo do pleno emprego e a estabilidade do equilíbrio eram resultados alcançados a longo prazo na Teoria Clássica. Além de rejeitar a capacidade da "mão invisível" clássica de gerar automaticamente o pleno emprego, mesmo a longo prazo, Keynes prega uma mudança radical no horizonte de análise. A terceira inovação de Keynes foi abalar a fé cega no mecanismo de mercado como garantia do pleno emprego.
O papel dos gastos públicos suplemento ao dispêndio privado corresponde à quarta inovação de Keynes. A insuficiência da demanda que caracterizava as crises de desemprego, resultava para Keynes da escassez de novos investimentos (motivada, por sua vez, pela queda na eficiência marginal do capital). Por isso não bastava que o governo ampliasse a oferta de recursos para investimentos. Seria necessário que houvesse um aumento simultâneo nos gastos em obras públicas.
A quinta inovação importante - até certo ponto ligada ao papel informacional de preços - foi inverter o mecanismo de ajuste, de quantidade e preços, característicos da análise marshalliana. Escrito durante os anos da Grande Depressão, a Teoria Geral abalou irremediavelmente as inovações clássicas do liberalismo econômico, mostrando a ineficiência do princípio do equilíbrio automático na economia capitalista.
Do ponto de vista do próprio desenvolvimento intelectual de Keynes, a Teoria Geral é mais de natureza de maturação e evolução, de conceitos que começaram a surgir nos anos que se seguiram à Primeira Guerra Mundial. Embora tendo recebidos ensinamentos na teoria tradicional, seu exame do relacionamento entre depressão e deflação monetária depois da Primeira Guerra Mundial, levou-o a ponderar a questão da capacidade de um sistema livre operar automaticamente a níveis de pleno emprego. A corrente de pensamento que, por fim, se desenvolveu desta questão posteriormente se tornou a essência da mensagem Keynesiana.
Com a publicação da Teoria Geral, a análise macroeconômica reivindicou uma vez mais e centro do cenário. A pergunta principal que a teoria econômica buscava responder não era a alocação de recursos entre alternativos, mas, se os recursos seriam ou não empregados. Foi esta a questão à qual Keynes se dedicou e que transformou em base para a sua luta com os "clássicos". Keynes focalizou sua atenção no equilíbrio de subemprego, estava tratando de um problema que seus predecessores mal tinham tocado. Esta é a essência do problema Keynesiano e a diferença básica entre este e tudo que o antecedeu, ou seja, uma crítica à teoria neoclássica em que uma economia com salários e preços fixos tende automaticamente a gerar pleno emprego.
Dois marcos são importantes no longo caminho para a Teoria Geral, o primeiro é a sua natureza inconfundivelmente prescritiva e o segundo é a sua concepção da moeda como agente ativo no processo econômico. Finalmente a Teoria Geral pode ser interpretada como uma mensagem contundente aos economistas para que abandonem o papel puramente contemplativo e assumam uma postura mais ativa perante os problemas macroeconômicos. Keynes notabilizou-se pela defesa de uma teoria econômica revolucionária, pela inabalável confiança no seu modelo, e como incansável pregador de um novo programa político.
A Teoria Geral é uma contribuição à análise econômica precisa, porque seus conceitos e aparelhagens analíticas têm uma validade que transcede à perspectiva de estagnação que a criou, as experiências da época do pós-guerra, exerceu e tem exercido mais influência sobre o pensamento dos economistas e dos mentores de política econômica do que qualquer outro texto em toda a sua história do pensamento econômico.
III - A principal diferença, em termos teóricos, entre Marx e Keynes.
O sistema de Marx é inseparável de sua concepção dos relacionamentos sociais subjacentes à troca de bens e, consequentemente, da teoria do valor do trabalho. A crescente exploração da mão-de-obra, juntamente com a taxa decrescente de lucro e de mais-valia, leva a debates cada vez mais severos, que são o prelúdio da destruição do sistema capitalista. Para Keynes, os principais fatores que causavam fenômenos são derivados das propensões básicas humanas. Assim, considerava como base para a intervenção governamental a situação em que a procura agregada é inadequada para criar pleno emprego. Mas não considerava a destruição do capitalismo como desejável ou inevitável. Pelo contrário, julgava que os pontos essenciais do sistema capitalista poderiam ser preservados sem sacrificar o pleno emprego se o governo exercesse os controles apropriados. Precisamente qual a natureza desta intervenção não foi assunto detalhado por Keynes. Mas a filosofia social que compara o capítulo final de a Teoria Geral é que há certas áreas que não devem ser deixadas a iniciativa individual. Assim, o que Keynes propôs é essencialmente uma economia mista em que o investimento é socializado mas no qual o auto-interesse privado continuará a funcionar em todas as áreas em que seja compatível com pleno emprego. Ele considerava este como: "(...) o único meio prático de evitar a destruição das formas econômicas existentes em sua totalidade e como condição para o sucesso da iniciativa individual."
IV - A relação entre poupança e investimento na teoria Keynesiana.
Para desenvolvermos sobre a relação entre poupança e investimentos vamos as definições dadas por Keynes. Poupança significa o excedente do rendimento sobre os gastos de consumo, ou seja, o excedente da renda sobre o consumo. Já investimento consiste na adição ao equipamento de capital que resultou das atividades produtivas do período.
Renda=valor da produção=consumo+investimento
Poupança=renda-consumo
Poupança=investimento
A equivalência entre a quantidade de poupança e a quantidade de investimento decorre do caráter bilateral das transações entre o produtos, de um lado, e o consumidor ou o comprador de equipamento de capital de outro lado. A renda cria-se pelo excedente do valor que o produtor obtém da produção que vendeu sobre o custo de uso, mas a totalidade desta produção deve ter sido vendida, obviamente, a um consumidor ou a outro empresário e o investimento corrente de cada empresário é igual a cada ao excedente sobre o seu próprio custo de uso do equipamento que comprou a outros empresários. Portanto, em conjunto, o excedente da renda sobre o consumo, a que chamamos poupança, não pode diferir da adição a equipamento de capital, a que chamamos de investimento.
Presumindo que as decisões de investir se tornem efetivas, é forçoso que elas restrinjam o consumo ou ampliem a renda. Assim sendo, nenhum ato de investimento, por si mesmo, pode deixar de determinar que o resíduo ou margem, a que chamamos poupança, aumente numa quantidade equivalente.
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